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Tudo sobre arritmia: médico mostra como identificar e tratar o problema

banner-de-dentro-dos-postsNabil Ghorayeb explica situações e tipos de irregularidades na pulsação e ressalta importância de acompanhamento médico para evitá-las em atletas e pessoas comuns

Com a campanha nacional “Seu coração na batida certa”, o mês de novembro se completa na área da saúde, e conforme fazemos sempre vamos dar alguns esclarecimentos para o leitor do Eu Atleta, pois o que não faltam são dúvidas.

A arritmia é um termo da cardiologia para qualquer irregularidade na pulsação (batimentos cardíacos), que é diferente do termo disritmia usado na neurologia. Podemos afirmar que as falhas percebidas na pulsação, na maioria das vezes, são as chamadas extrassístoles (as falhas nos batimentos), sentidas como um nó na garganta ou um vazio na boca do estômago, e que são estímulos elétricos do coração para sua contração. Porém, sem nenhuma eficiência para impulsionar o sangue.

Outra situação é a diminuição da pulsação abaixo de 60 por minuto, conhecida como bradicardia fisiológica, que é uma marca os atletas bem treinados, de alto desempenho, mas que também pode ser doença, talvez um desgaste patológico da “fonte elétrica” do coração, o chamado nó sinusal (nosso marca passo natural). Por isso é importante a consulta cardiológica, que usa o eletrocardiograma e o Holter (gravação do eletrocardiograma por 24 horas) para decifrar o que acontece, uma adaptação do atleta bem treinado ou uma cardiopatia.

A aceleração dos batimentos acima de 100 por minuto, que chamamos de taquicardia, pode ser normal durante um exercício físico ou uma reação aguda de um susto ou uma febre ou então uma descompensação cardíaca. Vários estudos nossos e de outros pesquisadores no exterior têm diferentes valores das estatísticas, porque depende de quem estamos examinando. Entre atletas, 75% dos ativos em plena forma tem a bradicardia fisiológica. Além disso, 15% deles apresentam as extrassístoles, e consideramos todos sadios sem cardiopatias.

A campanha é direcionada a você, que tem algum tipo de arritmia ou sensações de palpitações ou acelerações mesmo quando está parado para que procure uma avaliação cardiológica competente e conheça com exatidão a origem e o tipo dessa arritmia. Hoje com o enorme avanço da cardiologia clínica e de intervenção, são poucos os casos que necessitam de tratamentos dispendiosos e difíceis. Tanto no SUS (Sistema único de saúde), como nos atendimentos por convênios e particulares temos bons profissionais por todo o Brasil.

Quanto as causas das arritmias, na maioria das vezes, temos as cardiopatias sem dúvida, mas a desidratação aguda, a hipertermia, efeitos colaterais de alguns medicamentos prescritos, a ingestão de substâncias estimulantes, energéticas e os esteroides anabolizantes, provocando as taquicardias que podem ser letais.

A arritmia cardíaca pode ser provocada por desidratação aguda durante uma corrida, seja por hipertermia (elevação extrema da temperatura corporal) ou mesmo pela perda de sódio e potássio do corpo, pelo erro de beber apenas água ao invés da reposição pelo isotônico nos dias muito quentes com grande perda de peso (mais de 1,5kg) ou uma longa duração de um exercício físico.

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Uma arritmia pode chegar a ser fatal quando ela vira fibrilação ventricular súbita, sinônimo de parada cardíaca. Ela é uma total desregulação dos batimentos cardíacos por várias causas (coração, pulmão, câncer, diabete, etc), fazendo com que suas contrações sejam totalmente ineficientes para bombear o sangue do coração. Por isso, o uso do choque elétrico de um desfibrilador pode reverter essa situação de parada, para o batimento certo (normal), salvando a vida.

Os tratamentos atuais são muito eficientes para as mais diversas arritmias. Vale dizer que o melhor medicamento para um atleta é o que corrige a arritmia, não lhe tira o poder de explosão física, não cause doping e retire o risco de uma parada cardíaca. Hoje temos os dispositivos implantáveis debaixo da pele e dos músculos do tórax, em cima das costelas, que são usados com segurança e eficácia, como os marca-passos e os desfibriladores automáticos internos (CDI), que salvam vidas e podem permitir, na maioria dos casos, uma vida ativa e em alguns, esportiva.
Por Nabil Ghorayeb
São Paulo

Fonte: NABIL GHORAYEB

Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUCSP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP , Chefe da Seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, Médico Sênior do Grupo Fleury Medicina e Saúde, Coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715 , Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. www.cardioesporte.com.br

Transcrito:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/11/tudo-sobre-arritmia-medico-mostra-como-identificar-e-tratar-o-problema.html#assunto-saude

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