NotíciasNutrição

Tempere a relação, a comida e ainda tenha mais saúde

O dia dos namorados está se aproximando e com ele a busca de métodos para apimentar a relação, o que inclui alimentos afrodisíacos para aumentar a libido. Os temperos, como pimenta, gengibre, canela e outros, são conhecidos por apresentarem propriedades excitantes.

Alguns estudos mostram que realmente podem ter algum efeito no apetite sexual, mas as pesquisas são limitadas e também não podemos achar que esses alimentos terão um efeito milagroso sobre algo tão complexo quanto o desejo.

De qualquer forma, por que não usar esses ingredientes para temperar um jantar para a pessoa amada? Quem sabe tempere a relação. Quanto ao sabor da comida, com certeza ficará ainda melhor. E tem mais um efeito que talvez você não conheça: os temperos também podem contribuir com a saúde.

É o que mostra um estudo publicado no Journal of Nutrition. De acordo com os autores, temperar com até 6 gramas de uma mistura de temperos naturais pode ter efeitos na redução da inflamação crônica que pode acontecer quando comemos uma refeição rica em gorduras saturadas e carboidratos.

O que é inflamação crônica?

Quando a inflamação é crônica, prolonga-se, geralmente com sintomas imperceptíveis; pode a longo prazo ter consequências para a saúde e estar associada a diversas doenças crônicas, como câncer, doenças cardiovasculares, hipertensão e também sobrepeso e obesidade. É diferente da inflamação aguda que é um mecanismo natural de defesa do organismo que visa a recuperação da saúde do corpo.

Diversos estudos apontam que a inflamação pode aumentar logo após o consumo de uma refeição rica em gorduras saturadas ou açúcares. Nesse caso, chamamos de inflamação pós-pandrial. Não está claro se esses episódios podem causar inflamação crônica, mas suspeita-se que sim, especialmente em pessoas com excesso de peso.

Pesquisas anteriores vincularam uma variedade de temperos naturais, como gengibre e cúrcuma, a propriedades anti-inflamatórias. Esse efeito anti-inflamatório foi estudado in vitro (em laboratórios com ambiente controlado) e também in vivo (em modelos animais e humanos)

Mas poucos estudos controlados e randomizadas foram realizadas com humanos. Nesse tipo de estudo existe o controle de certas variáveis e os participantes são escolhidos aleatoriamente, aumentando a confiabilidade da pesquisa. Além disso, raras pesquisas investigaram o efeito anti-inflamatório de temperos no contexto do consumo diário de refeições. Por isso devemos sempre ter muita cautela no uso de artigos, mesmo científicos, para concluir uso e dosagem desses temperos. Muito do que está sendo passado de maneira sensacionalista se aparenta mais da pseudociência do que da ciência mesmo.

Publicidade, loja QUALITY LIFE

Clique na Imagem e conheça nossa linha de Produtos

Faça seu Pedido 99 98176 3285

Diante disso, os pesquisadores da University Park, na Pensilvânia, desenvolveram uma refeição de teste contendo uma mistura de temperos naturais familiares aos americanos com o objetivo de explorar o seu efeito na inflamação crônica.

Como avaliaram o efeito anti-inflamatório dos temperos?

Os pesquisadores recrutaram 12 homens com idade entre 40 e 65 anos, com sobrepeso ou obesidade e pelo menos um fator de risco para doenças cardiovasculares.

De forma aleatória, os participantes consumiram, em 3 dias separados, uma refeição de 1.000 kcal com alto teor de gorduras saturadas e alto teor de carboidratos em três tipos de situações:

1. Sem temperos adicionais;

2. Com 2 gramas de mistura de temperos naturais;

3. Com 6 gramas de mistura de temperos naturais.

A mistura de temperos naturais continha: manjericão, folha de louro, pimenta preta, canela, coentro, cominho, gengibre, orégano, salsa, pimenta vermelha, alecrim, tomilho e açafrão.

As refeições de teste foram frango ao curry com coco, bolinho de milho e biscoito de canela. Após 4 horas do consumo da refeição, o sangue dos participantes foi coletado para medir marcadores inflamatórios.

Temperos adicionados à refeição têm efeitos positivos contra inflamação

A partir dos dados analisados, os pesquisadores descobriram que as citocinas inflamatórias (moléculas produzidas por diversas células para mediar e regular a resposta inflamatória e da imunidade) foram reduzidas após o consumo da refeição que continham 6 gramas de temperos em comparação com a refeição que continham apenas 2 gramas de ou que não continha temperos.

Os pesquisadores não podem ter certeza se todos os temperos estão contribuindo para o efeito anti-inflamatório nem o mecanismo preciso disso, mas os resultados sugerem que essas mistura tem propriedades ajudam a reduzir a inflamação causada pela refeição rica em gorduras e açúcares.

Publicidade, loja Estação do Bebê 

Clique na Imagem e conheça nossa linha de Produtos

Faça seu Pedido 99 98820  – 4792

O estudo apresenta algumas limitações, como ter uma pequena amostra (apenas 12 pessoas foram avaliadas) e não ter sido um estudo duplo-cego, ou seja, os participantes puderam diferenciar entre as refeições com e sem tempero.

Os autores alertam, portanto, que para garantir que as conclusões dessa pesquisa sejam amplamente aplicáveis, os resultados precisam ser replicados em uma população maior e mais diversificada.

Atenção! Temperos não são milagrosos

Os pesquisadores desse estudo atribuem esse poder anti-inflamatório à presença de compostos bioativos, moléculas que podem interagir com nosso organismo, proporcionando efeitos positivos na saúde e que estão presentes em alimentos funcionais. Exemplos de compostos bioativos são a curcumina presente na cúrcuma e o cinamaldeído da canela.

Mas é importante lembrar que essas substâncias e alimentos não são milagrosos e sozinhos não podem ser responsáveis pela nossa saúde. Eles não precisam ser consumidos em exagero, nem como obrigação. Não veja esses temperos como um medicamento. Você pode experimentá-los e inseri-los em uma alimentação saudável, compondo refeições saborosas e prazerosas, mas sempre em conjunto com um estilo de vida saudável. Por isso trago 5 dicas para você aproveitar esses temperos da melhor forma:

1. Cozinhe mais. Desenvolver habilidade culinárias contribuem para consumir mais alimentos caseiros e variados. O preparo do próprio alimento também é uma forma de autocuidado e de ter mais autonomia.

2. Varie nos temperos naturais. Temperar bem a comida com alimentos naturais e variados nos leva a consumir menos sal e a conhecer diversas combinações de sabores. Lembre-se que o estudo apresentado aqui avaliou temperos mais consumidos nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil também temos uma grande variedade. Aproveite e delicie-se!

3. Busque prazer nas refeições. Você não precisa comer apenas porque um alimento prometer ser benéfico para o seu corpo. Há quem pense que o prazer não combina com saúde, mas ele é muito importante para uma alimentação saudável.

4. Tenha consciência dos sinais de fome e saciedade. Preste atenção às mensagens que seu corpo envia. Coma quando estiver precisando de energia e pare de comer quando estiver satisfeito.

5. E por fim, faça as pazes com a comida e com o corpo. Lembre-se que não existem alimentos permitidos, nem proibidos e que os corpos são de diferentes tamanhos e formas, seja gentil com o seu!

Bon appétit!

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site saudevitalidade.com

Por: Sophie Deram

Fonte: Sophie Deram é uma nutricionista franco-brasileira, autora do best-seller “O Peso das Dietas”, palestrante, pesquisadora e doutora pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) no departamento de endocrinologia. Defende a importância do prazer de comer para a saúde e a ideia de comer melhor e não menos. Sophie não acredita nas dietas restritivas e no “terrorismo nutricional”. Desenvolve programas online para transformar a relação das pessoas com comida e ensina profissionais de saúde sobre nutrição que alia ciência e consciência.Leia mais no site da Sophie Deram: https://www.sophiederam.com/br/

Transcrito: https://nutricaosemneura.blogosfera.uol.com.br/2020/06/10/tempere-a-relacao-a-comida-e-ainda-tenha-mais-saude/

Deixe uma resposta