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Suplementos ou anabolizantes: entenda diferenças e mitos

Saiba o que são cada produto, os usos, os efeitos, os cuidados e as contraindicações

Suplementos alimentares e anabolizantes, embora utilizados para hipertrofia e cuidados com o corpo e com a saúde, são produtos diferentes e têm usos distintos. Por isso, é importante conhecer o que são e as respectivas finalidades.

O que são e possíveis usos

Suplementos alimentares são preparações que visam complementar a alimentação, de modo a prover a quantidade ideal de nutrientes, como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos. Os suplementos podem ser encontrados em diversas formas, incluindo comprimidos, cápsulas, pós ou líquidos.

Eles são especialmente úteis para pessoas que possuem deficiências nutricionais específicas ou requisitos nutricionais elevados, como atletas ou indivíduos com certas condições de saúde. Também podem ajudar no aumento de desempenho e energia e na recuperação muscular de esportistas. Esses produtos estão isentos de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), exceto aqueles que contêm enzimas ou probióticos.

Suplementos e anabolizantes: entenda as diferenças — Foto: iStock

Já os anabolizantes são hormônios esteróides naturais e sintéticos que promovem o crescimento celular e a sua divisão, resultando no desenvolvimento de diversos tipos de tecidos, especialmente o muscular e o ósseo. São substâncias geralmente derivadas do hormônio sexual masculino (testosterona) e administradas principalmente por via oral ou injetável.

O seu uso é indicado em situações clínicas específicas para regularizar disfunção hormonal. O Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, de desempenho ou para ganho de massa muscular no Brasil.

Considerado problema de saúde pública, o uso indiscriminado dessas substâncias sintéticas derivadas da testosterona aumenta os riscos para a saúde, principalmente a cardiovascular. Esses produtos devem ter registro na Anvisa para serem comercializados no Brasil.

— Tanto os suplementos quanto os anabolizantes servem para suprir uma deficiência. Enquanto os suplementos visam suprir uma demanda dietética de nutrientes insuficiente e, que normalmente, pode ser suprida por uma dieta equilibrada, as pessoas com deficiência de produção de hormônios anabolizantes não tem como suprir a deficiência apenas com o uso dessas medicações. Por esse motivo, os riscos associados ao uso de anabolizantes são muito maiores do que o uso de suplementos alimentares, e devem ser utilizados apenas com as indicações específicas, sob prescrição e acompanhamento médicos — explica o médico do esporte Pedro Luiz Guimarães.

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Diferenças de efeitos

O uso de suplementos alimentares auxilia na melhora da saúde e do bem-estar geral, fornecendo nutrientes e compostos bioativos que contribuem para o bom funcionamento do corpo, prevenindo doenças.

Já os anabolizantes sintéticos promovem o crescimento e a divisão celular em todos os tecidos que possuem receptores androgênicos. Isso resulta no desenvolvimento e na proliferação de diversos tecidos, sendo o muscular e o ósseo os de maior destaque.

Dentre os demais efeitos dos anabolizantes, destacam-se: o desenvolvimento de órgãos sexuais masculinos; a manutenção de caracteres sexuais masculinas secundários (crescimento de cabelo/pelos em regiões específicas do corpo, engrossamento de voz, características de composição corporal, alterações comportamentais como aumento de agressividade); e maturação óssea.

Diferenças de riscos

Entre os riscos do uso de suplementos sem orientação médica está a ingestão exagerada, o que pode provocar problemas cardíacos, vasculares, renais e hepáticos. O uso sem controle de suplementos de carboidratos, por exemplo, pode causar ganho ponderal indesejado e alterar padrões de glicemia de diabéticos, aumentando a resistência insulínica.

Outros problemas como arritmia, alteração da pressão arterial, insônia, sonolência e ansiedade também podem ser resultados do uso inapropriado de suplementos nutricionais.

Já entre os riscos relacionados ao uso de anabolizantes sem prescrição médica estão o desenvolvimento de trombose, acidente vascular cerebral (AVC) e acne grave, retenção hídrica, dores nas articulações, aumento da pressão arterial, alterações do metabolismo do colesterol e da função hepática, icterícia (pele amarelada), tumores no fígado, exacerbação da apneia do sono, tremores e maior tendência às lesões do aparelho locomotor.

— Os anabolizantes são indicados para homens que apresentam deficiência da produção de testosterona. Eles têm uma ação de aumentar a massa e a força muscular, dependendo da quantidade da dose e da via de administração. São drogas desenvolvidas para a complementação do tratamento de doenças e que, infelizmente, estão sendo utilizadas por indivíduos saudáveis que desejam aumentar a massa e a força muscular. É importante ressaltar que, para conseguir esses efeitos, é necessário ingerir doses muito elevadas de anabolizantes. Exatamente por isso, essas drogas apresentam um risco muito elevado de causar problemas sem prescrição e acompanhamento médicos — alerta a vice-presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Andréa Fioretti, que também é chefe do Ambulatório de Endocrinologia do Exercício do Centro de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Diferenças entre suplementos e anabolizantes

Foto: (Reprodução/Internet)

– Regulação e aprovação: os suplementos são regulados, passando por processo de aprovação, sendo considerados alimentos e não tratamentos médicos. Por outro lado, os anabolizantes passam por uma série maior de ensaios clínicos e aprovações regulatórias que comprovem a eficácia e a segurança antes de serem comercializados. São considerados drogas, parte de tratamento médico;

– Finalidades: os suplementos são usados, principalmente, para garantir o aporte adequado de nutrientes essenciais e melhorar a nutrição geral, enquanto os anabolizantes são destinados a regularizar disfunção hormonal;
Efeitos no corpo: os suplementos servem para complementar uma deficiência nutricional. Já os anabolizantes servem para tratar homens que apresentam deficiência na produção de testosterona.

– Efeitos no corpo: os suplementos servem para complementar uma deficiência nutricional. Já os anabolizantes servem para tratar homens que apresentam deficiência na produção de testosterona.

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Riscos da ingestão de suplementos

É necessário que os suplementos sejam prescritos pelos profissionais adequados para minimizar os riscos associados ao uso:

– Interações medicamentosas: alguns suplementos podem interagir negativamente com medicamentos prescritos, potencializando ou reduzindo os efeitos, o que pode levar a consequências sérias para a saúde;

– Superdosagem e toxicidade: o consumo excessivo de certos suplementos, como vitaminas e minerais, pode levar à toxicidade. Por exemplo, excesso de vitamina A pode causar toxicidade hepática, enquanto altas doses de vitamina C podem resultar em problemas renais;

– Agravamento de condições preexistentes: pessoas com condições de saúde específicas, como problemas renais ou hepáticos, podem ter as condições agravadas pelo uso inadequado de suplementos;

– Efeitos colaterais: alguns suplementos podem causar efeitos colaterais, como gastrointestinais, alérgicos e outros problemas de saúde, especialmente quando não são usados conforme recomendado;

– Falsa sensação de segurança: o uso de suplementos pode trazer aos indivíduos uma falsa sensação de segurança sobre a saúde, levando-os a negligenciar outras importantes medidas de saúde, como dieta balanceada e prática de exercícios físicos regulares.

Profissionais autorizados a receitar/aconselhar sobre suplementos

– Médicos/nutrólogos têm autorização para prescrever suplementos após uma avaliação clínica detalhada, considerando as necessidades específicas e condições de saúde do paciente;

– Nutricionistas podem recomendar suplementos dietéticos como parte de um plano alimentar, garantindo que as necessidades nutricionais dos pacientes sejam atendidas;

– Farmacêuticos podem aconselhar sobre suplementos, especialmente em relação a segurança, interações medicamentosas e manejo de efeitos colaterais, uma vez que possuem conhecimento sobre bioquímica.

Riscos da ingestão de anabolizantes

É necessário que os anabolizantes sejam prescritos pelos profissionais adequados para minimizar os riscos associados ao uso:

– Interações medicamentosas: o uso de anabolizantes em conjunto com alguns medicamentos pode potencializar os efeitos colaterais, o que pode levar a graves consequências para a saúde e até a morte;

– Agravamento de condições preexistentes: pessoas com condições de saúde específicas podem ter as condições agravadas pelo uso inadequado de anabolizantes;

– Efeitos colaterais: o uso de anabolizantes pode causar efeitos colaterais, como crescimento das mamas, redução dos testículos, disfunção erétil e diminuição dos espermatozoides, além de outros problemas de saúde, especialmente para o coração e a circulação;

– Falsa sensação de segurança: o uso de anabolizantes pode trazer aos indivíduos uma falsa sensação de segurança sobre a saúde, levando-os a negligenciar outras importantes medidas de saúde, como dieta balanceada e prática de exercícios físicos regulares.

Profissionais autorizados a receitar/aconselhar sobre anabolizantes

– Médicos têm autorização para prescrever anabolizantes após uma avaliação clínica detalhada, considerando as necessidades específicas e condições de saúde do paciente. Médicos estão proibidos de receitar esteróides androgênicos e anabolizantes por finalidade estética, ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo;

– Farmacêuticos podem aconselhar sobre anabolizantes, especialmente em relação a segurança, interações medicamentosas e manejo de efeitos colaterais, uma vez que possuem conhecimento sobre bioquímica.

Mitos e verdades sobre suplementos e anabolizantes

1. Suplementos não precisam dos mesmos cuidados de medicamentos em relação a data de vencimento e armazenamento – MITO

Tanto os suplementos quanto os anabolizantes possuem data de validade e não devem ser ingeridos fora desse prazo, até porque eles podem não serem mais eficientes.

2. Anabolizantes provocam efeitos colaterais – VERDADE

O uso de anabolizantes pode gerar efeitos colaterais como acne, queda do cabelo, distúrbios da função do fígado e aumento da pressão arterial, além de outros problemas ligados à circulação e ao coração. Por isso mesmo é que não se deve ingerir anabolizantes sem prescrição e acompanhamento médicos.

3. Anabolizantes não geram efeitos colaterais nos homens, apenas nas mulheres, em razão da testosterona – MITO

Os anabolizantes são danosos aos homens, inclusive porque o excesso de uso de testosterona provoca uma atrofia testicular que, muitas vezes, pode não ser reversível com a suspensão do uso. O que pode causar quadro permanente de redução na produção de testosterona e espermatozoides.

— Não há indicação médica do uso de anabolizantes para mulheres com índices baixos de testosterona. Elas estão sendo convencidas de que precisam ingerir testosterona, principalmente na menopausa, por apresentar índices baixos de testosterona no sangue. Até porque esse nível não reflete adequadamente o status de produção da substância. Além disso, muitas mulheres não têm uma correlação entre o nível de testosterona e a libido. A libido feminina não depende fundamentalmente da dosagem de testosterona — adverte a endocrinologista

4. Ganho de massa obtido com anabolizantes é permanente mesmo após suspender o uso – MITO

Após a suspensão do uso de anabolizantes, o ganho de massa muscular somente será mantido com a prática regular de atividades físicas e uma alimentação adequada. E é exatamente por esse motivo que muitas pessoas continuam mantendo a utilização dos anabolizantes.

5. Não há estudos científicos que confirmem os malefícios tanto dos suplementos quanto dos anabolizantes – MITO

Há inúmeros estudos que comprovam esses malefícios e ainda que mostram diversos casos de problemas e efeitos colaterais do uso de anabolizantes.

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Por: Colaboração para o UOL, em São Paulo

Fonte: Andréa Fioretti é médica endocrinologista e especialista em Metabologia e Medicina do Esporte. É chefe do Ambulatório de Endocrinologia do Exercício do Centro de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e vice-presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Carlos Alberto Werutsky é médico do esporte, nutrologista e diretor do Departamento de Nutrologia Esportiva da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Pedro Luiz Guimarães é médico do esporte da Conexa e atua como fisiologista do exercício e nutrólogo. É especialista em Medicina do Exercício e do Esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e diplomado em Medicina Esportiva pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

ranscrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/reportagem/2024/08/26/c-suplementos-ou-anabolizantes-entenda-diferencas-e-mitos.ghtml

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