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Seu filho come mal? Veja 12 dicas para ajudá-lo a se alimentar melhor

Imagine a cena: na hora da refeição, de um lado, pais preocupados em garantir a nutrição dos filhos insistem para que comam; do outro, os pequenos recusando os alimentos a cada investida dos adultos. Se isso acontece na sua casa também, fique tranquilo. A cena é um clássico nas famílias com crianças. Antes de pensar em estratégias para driblar essa resistência, vale refletir sobre o que se espera das crianças.

“A maioria das famílias não tem um filho que come mal, e sim um que não come tanto quanto os pais desejam”, acredita o pediatra Reginaldo Freire, especialista em nutrição infantil pela Boston University, de Recife (PE). “Essa expectativa cria frustração nos pais e uma sensação de impotência diante de uma criança que não come o que é oferecido com tanto amor”, afirma.

Uma das questões que mais geram atritos é justamente a ideia de que a criança deve “limpar o prato” —uma ideia que não tem amparo entre especialistas e nem é recomendada pelo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos.

É importante ressaltar que o dia a dia tem mais desafios do que qualquer livro de comportamento infantil possa descrever, mas para tentar criar formas de tornar a hora da refeição mais leve, separamos algumas dicas de como apresentar alimentos às crianças. Confira:

1. Seja o exemplo

Diversos estudos mostram que a alimentação da família tem papel importante na criação de bons hábitos. Isso porque é nesse ambiente que ela vai formar seu comportamento alimentar por meio da aprendizagem social, tendo os pais ou cuidadores no papel de primeiros educadores nutricionais. Por isso, questione-se: o que seu filho enxerga ao se sentar à mesa?

2. Estimule a autonomia do seu filho

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Milão, na Itália, mostrou que quanto mais a criança estiver em contato com alimentos saudáveis e puder comer apenas quando sentir vontade, maiores as chances dela fazer isso de maneira natural nas próximas vezes. Por isso, alinhe as expectativas e confie no corpo do seu filho

“O papel dos responsáveis é promover o alimento ideal para a idade, favorecer um cardápio variado, um ambiente tranquilo e com a possibilidade de a criança decidir dentro do que foi oferecido o que será consumido, tanto em qualidade como em quantidade. O restante é com a criança”, diz a nutricionista Luciane Nunes, especialista em nutrição materno infantil e mestre em saúde da comunicação humana pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)

3. Nada de barganhas ou castigos

Barganhar com a criança —prometendo a sobremesa só para quem come tudo ou o videogame para quem comer os legumes —não é recomendado por especialistas por ensinar pouco sobre a importância da alimentação para a saúde. Nesse sentido, tenha em mente o que quer ensinar para o seu filho. E lembre-se: hábito alimentar é um processo evolutivo que requer boas orientações, paciência e persistência

4. Reduza a exposição aos ultraprocessados

Quanto menos exposta a criança estiver aos alimentos industrializados, mais ela escolherá opções saudáveis entre as disponíveis. Foi o que mostrou um estudo publicado na revista científica Obesity Reviews, que examinou outros 29 estudos, avaliando os efeitos do marketing de alimentos e bebidas não saudáveis e a preferência alimentar entre mais de seis mil crianças. “Quanto o maior consumo desses alimentos maior será o vício do paladar para o consumo de alimentos ultraprocessados e cada vez menos alimentos in natura”, afirma Luciana Nunes.

5. Aceite que pode ser só uma fase

Próximo ao segundo ano de vida, a maioria das crianças tende a comer menos quantidade e variedade de alimentos. É a famosa fase da seletividade alimentar. De acordo com Freire, existem dois fatores que ajudam a entender o processo. O primeiro é que a criança precisa de menos energia para continuar a crescer e se desenvolver durante essa fase da vida, em comparação com meses atrás. Portanto, ela vai acabar comendo menos. Segundo, a criança está desenvolvendo a capacidade de iniciativa e isso envolve a necessidade de dizer “não” como forma de se sentir importante na tomada de decisões.

Novamente, a receita aqui é paciência e persistência até que a fase passe. E, caso note que já está há meses nesse processo de recusa, vale procurar ajuda especializada de nutricionista ou até mesmo fonoaudióloga para entender se existe algo a mais por trás do comportamento.

6. Não camufle os alimentos

Sim, é verdade que o desespero às vezes nos leva a esconder os alimentos no feijão ou na vitamina de liquidificador. Mas essa não é a melhor das escolhas. Para começar, a criança vai descobrir isso em algum momento —o significa uma quebra de confiança entre vocês. Além disso, esse “truque” vai priva-la de desenvolver habilidades alimentares importantes, como explorar texturas, cores, cheiros e sabores dos alimentos. “Por fim, é mais difícil comer o que não se conhece. Esconder e camuflar os alimentos pode aumentar a recusa alimentar”, diz Freire.

7. Inclua a criança na escolha e no preparo dos alimentos

Levar seu filho à feira ou ao supermercado estimula o interesse dele pelos alimentos e é uma boa oportunidade para explicar de onde aqueles ingredientes vêm. Na hora das preparações, vale deixar a criança lavar as frutas, verduras e os legumes. Você também pode incluí-la no processo de cozinhar, organizar a fruteira e levar os alimentos à mesa (se a idade permitir). Tudo isso faz com que ela se aproxime do alimento, promovendo maior interesse por eles.

8. Não force a barra

Exigir que a criança coma determinados alimentos pode causar consequências negativas para o resto da vida. Diante da recusa, uma boa estratégia é seguir expondo o alimento repetidamente. “Isso significa apresentá-lo de oito a 15 vezes, em diferentes dias, situações e preparações, criando oportunidades para experimentá-lo”, diz a nutricionista Clarissa Hiwatashi Fujiwara, mestre em ciências pela USP (Universidade de São Paulo) e membro do Departamento de Nutrição da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica)

9. Evite fazer comparações

Quando o assunto é alimentação, as palavras podem encorajar ou desestimular. “Comparar seu filho com outras crianças ou dizer que ele vai ficar fraco se não comer pode deixá-lo ainda mais desestimulado”, afirma Nunes. Em vez disso, prefira falar das boas características dos alimentos e o que eles podem promover para a criança.

10. Estimule a brincadeira com os alimentos

É verdade que crescemos ouvindo que “com comida não se brinca”. No entanto, com o passar dos anos, ficou claro o quão importante é a brincadeira para o aprendizado infantil. Por isso, dentro das possibilidades da família, vale criar atividades lúdicas com alimentos —especialmente os rejeitados pela criança —sem a pressão para que ela coma. Vale criar espetinhos com frutas, ensinar a descascar ou amassar ingredientes, e até alimentar brinquedos com comida de verdade. “Não será no primeiro momento que a criança irá comer, mas criar oportunidades e memórias afetivas tornará o alimento mais aceitável e o processo mais leve”, ensina Nunes.

11. Junte alimentos que seu filho não gosta com outros que ele adora

A ideia aqui não é camuflar o alimento, mas sim torná-lo mais atraente. A nutricionista Paola Preusse, autora do blog Maternidade Colorida, conta que a filha Clara, de nove anos, só come alguns legumes e verduras se estiverem misturados com arroz ou carne moída. “Ela sabe todos os ingredientes que estão na preparação, mas só aceita dessa forma. E tudo bem. O que não pode acontecer é a criança não comer nenhum legume ou nenhuma verdura ou fruta”, conta.

12. Não faça trocas que estejam fora do contexto da refeição

Com medo de deixar a criança com fome, alguns pais trocam a refeição principal por lanchinhos, frutas ou biscoitos. Mas o ideal é montar uma refeição com alimentos “seguros”, que a criança come, com outros novos ou que a criança rejeita. Assim, ela poderá aprender a consumir o que gosta além de ser exposta às outras opções. “O adulto pode incentivar que ela experimente o alimento e ensiná-la a deixar de lado, caso não queira, e comer apenas o que aceita”, ensina Preusse. Em outro momento, os pais podem novamente apresentar os alimentos em preparações diferentes, para testar a aceitação de texturas

Por: Aline Dini

Colaboração para o VivaBem

Fonte: Paola Preusse,nutricionista autora do blog Maternidade Colorida

Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista mestre em ciências pela USP (Universidade de São Paulo) e membro do Departamento de Nutrição da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica)

Luciane Nunes, nutricionista especialista em nutrição materno infantil e mestre em saúde da comunicação humana pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)

Reginaldo Freire, pediatra especialista em nutrição infantil pela Boston University, de Recife (PE)

Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/09/07/seu-filho-come-mal-veja-12-dicas-para-ajuda-lo-a-se-alimentar-melhor.htm

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