Seu corpo manda sinais: mesmo em casa, é essencial exercitar-se
Indiscutivelmente, ficar em casa, embora seja uma medida segura, pode ter consequências negativas de forma não intencional.
Há uma grande probabilidade de que a permanência prolongada em casa possa levar a comportamentos sedentários aumentados, como ficar muito tempo sentado ou deitado, reduzindo a atividade física regular — como a redução na quantidade de passos, por não se movimentar com tanta frequência, tendo um menor gasto de energia, levando, dessa forma, a um aumento do risco e potencial agravamento das condições crônicas de saúde relacionadas ao sedentarismo e ao aumento de gordura corporal que são fatores que contribuem para situações de alto risco para o acometimento de covid-19.
que ele mais quer, é ficar quietinho, economizando e poupando energia. Para vocês terem uma ideia, quando realizamos qualquer esforço físico, por exemplo, o nosso organismo trabalha tentando utilizar o mínimo de esforço para algum movimento. Imagine então ficar sentado sem fazer absolutamente nada?
Portanto, existe uma forte justificativa de saúde para a continuidade da atividade física em casa para manter-se saudável e manter a função saudável do nosso sistema imunológico.
O exercício em casa usando vários exercícios seguros, simples e facilmente implementáveis é adequado para manter o sistema imunológico ativo, evitar infecções de trato respiratório superior e manter os níveis de condicionamento físico. Tais formas de exercício podem incluir, entre outras, exercícios de fortalecimento, atividades de equilíbrio e controle, exercícios de alongamento ou uma combinação deles.
Estudos demonstram que o exercício tem benefícios claros para a saúde de indivíduos saudáveis e de pessoas com patologias. Por isso é importante saber que realizar alguma atividade, seja ela mínima, é melhor que nenhuma.
Pense que, para seu organismo, não está acontecendo absolutamente nada. Ele não está de férias, não está em isolamento, ele está dedicando sua energia para seu trabalho vital. Quando estamos de férias, por exemplo, nós causamos um desequilíbrio entre consumo e gasto energético, ou seja, saímos da nossa rotina de treinos — que tem um gasto energético diário — e comemos mais do que o habitual, geralmente comidas com um alto valor calórico. O resultado vocês já sabem: aqueles quilinhos indesejáveis.
Pesquisa mostra problemas de ficar parado
Olhem essa pesquisa que avaliou alguns parâmetros após um curto (cinco semanas) e um longo (um ano) período de destreinamento, para pensarmos se realmente vale a pena deixarmos os treinos de lado. Os pesquisadores fizeram um estudo com remadores profissionais altamente treinados, que treinavam 8 sessões por semana, o que dava cerca de 15 horas de atividade por semana.
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Durante o primeiro ano, os dois grupos malharam com um volume de treino igual, cerca de 1.046 horas/ano, divididos em 74% do treinamento específico de remada e 26% de exercício resistido. Já durante o segundo ano, o grupo dos treinados manteve o volume de atividade física do ano anterior, enquanto o grupo dos destreinados teve a malhação reduzida para no máximo quatro horas por semana — redução de no mínimo 75% de volume de treino.
Os cientistas verificaram que mesmo com a redução da ingestão calórica pela metade após o destreinamento (lembre que, no nosso caso, ainda aumentamos a ingestão calórica), os atletas que pararam de treinar tiveram aumento na massa corporal, IMC (Índice de Massa Corporal) e gordura corporal após 5 semanas da interrupção do treinamento.
Os resultados foram ainda mais evidentes após um ano, no qual os atletas atingiram IMC de 25. Além disso, verificou-se alteração no perfil lipídico — triglicerídeos, colesterol total e frações — e resistência à insulina. Muitos dos benefícios do exercício são decorrentes da prática contínua, quando interrompemos o exercício por qualquer que seja o motivo esses benefícios são perdidos gradualmente. Por isso, opte por alimentos mais saudáveis e não deixe de fazer exercícios.
Estresse também afeta organismo
Além do mais, temos um fator muito importante e relevante. A carga de estresse. Estamos emocionalmente abalados e o exercício pode ser uma grande válvula de escape. Somos frágeis emocionalmente, imaginem agora com tantas inconstâncias e incertezas? Eu sou do tipo que sinto um pouco de tudo isso em um só dia. Acordo e ainda estou meio dormindo, fico feliz e disposta, depois tenho um cansaço junto com irritação e no final do dia pareço um Buda misturado com o Taz Mania –se isso é possível, porque minha cabeça está calma e meu corpo pronto para uma balada.
Sempre enfatizo que um dos benefícios do exercício é melhorar a qualidade de vida, a saúde, o humor e afins. É inegável que a atividade física alivia a tensão do dia a dia, nos acalma. O exercício precisa ser prazeroso, algo com que você se identifica e tem vontade de praticar. Comece a entender o seu corpo. Sei que não é fácil e, para isso, é necessário concentração e maturidade emocional.
De vez em quando precisamos parar. Parar e olhar para a nossa volta. Tentar entender o que está acontecendo. O seu corpo é seu templo. Tudo seu está ali, naquela “casinha humana”. Você precisa respeitar, cuidar, entender. Ele manda sinais. Para ficar mais palpável o que estou falando, quando sua barriga ronca ou quando você sente a boca seca são sinais fisiológicos que o seu corpo está precisando de alimento e água –enfatizo que esses sinais já são alertas, já é uma luz vermelha e você já passou da hora de fazer tudo isso.
Por isso, quando você sente dores, está estressado, está ansioso, com dor de cabeça, fadigado, é o momento de parar e entender tudo o que o seu corpo está querendo dizer. A melhor forma é dar um tempo para você e entender que o corpo precisa de um tempo, independentemente do que as pessoas falem. É importante para qualquer um.
Em vez de tentar fazer mais do mesmo, invista em algo diferente. Se você trabalha oito, nove, dez horas em um ambiente fechado, em um dia estressante, troque a sala fechada de musculação por um treino no parque, por exemplo.
Tente realizar pelo menos 30 minutos de atividade física moderada durante a semana ou pelo menos 20 minutos de atividade física vigorosa a cada dois dias; ou alterne dias mais e menos intensos. Crianças, idosos e pessoas que já experimentaram sintomas de doenças ou são suscetíveis a doenças cardiovasculares ou pulmonares crônicas devem procurar aconselhamento dos profissionais de saúde sobre o quanto é seguro se exercitar.
Dadas as preocupações com a crescente disseminação da covid-19, é imperativo que as precauções de controle e segurança de infecções sejam seguidas. Reforço que o isolamento prolongado podem aumentar comportamentos que levam à inatividade e contribuem para ansiedade e depressão, que por sua vez podem levar a um estilo de vida sedentário que resulta em uma série de condições crônicas de saúde.
Por isso, mantenha atividade física regular e exercite-se rotineiramente em um ambiente seguro, pois essa é uma estratégia importante para uma vida saudável durante a crise do coronavírus.
Referência
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Por: Paola Machado
Fonte: Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias – Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP
Transcrito: https://paolamachado.blogosfera.uol.com.br/2020/04/27/seu-corpo-manda-sinais-mesmo-em-casa-e-essencial-exercitar-se/?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=paola-machado