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Ser ‘zero gordura’ não significa que alimento não tenha o nutriente; veja

Hoje em dia é comum encontrar pessoas que leem os rótulos dos produtos alimentícios para saber o que estão colocando na mesa. Essa preocupação faz sentido quando pensamos que existem alimentos considerados “saudáveis”, mas que nem sempre são as melhores opções para consumo.

Além de ler o rótulo, é preciso compreender o que significam as informações referentes às quantidades de calorias, gorduras totais e outros nutrientes que impactam diretamente na saúde. Para se ter ideia, um produto descrito como 0% de gordura não significa que ele realmente não contém esse ingrediente, mas sim que ele respeita uma quantidade mínima que o isenta da obrigação de citá-lo.

E isso não acontece apenas com a gordura. O fato de vir escrito “integral” no rótulo ou embalagem não significa, necessariamente, que ele é 100% integral. “A pessoa acha que está comprando um alimento integral, mas, às vezes, ele tem mais farinha comum do que a integral”, diz Larissa Rodrigues Neto Angéloco, nutricionista e professora do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo)

Foto: Reprodução/Internet

A nutricionista explica que uma nova legislação entrou em vigor neste ano e definiu novos limites para se considerar um produto integral, e isso deve facilitar a compreensão dos produtos que realmente são integrais por parte dos consumidores. Nesse caso, ele precisa ter no mínimo 30% de ingredientes integrais, e que a quantidade total desses integrais seja superior à quantidade dos refinados.

“E para ser um alimento fonte de fibras, ele precisa pelo menos ter 3 g de fibra por porção. Para ser declarado com alto teor de fibras, o alimento deve conter no mínimo 6 g de fibras a cada 100 g ou 100 ml, e 5 g de fibras por porção. Se o alimento diz que é fonte de fibras mas tem apenas 1 g de fibra, ele não é fonte desse nutriente”, comenta Olívia Nadja Prazeres da Silva, nutricionista pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão)

Segundo a especialista, quando a lista de ingredientes é muito extensa, é um sinal de que aquele produto não é saudável. “A indústria quer vender, então nas embalagens ela pode usar de artifícios e palavras chamativas para conquistar o consumidor”, enfatiza Silva.

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A seguir, veja os principais nutrientes que mais impactam na saúde e o que realmente significam suas respectivas quantidades ou isenções:

0% de açúcar: quer dizer que ele deve conter, no máximo, 0,5 grama de açúcares por 100 g ou por porção, que é a quantidade de alimento (como o número de biscoitos ou fatia de pães) utilizada como referência para fins de rotulagem nutricional.

Baixo açúcar: máximo de 5 g de açúcares por 100 g ou 100 ml em pratos preparados conforme o caso. Isso significa um alimento preparado, cozido ou pré-cozido, que não precisa adicionar nenhum outro ingrediente para consumo.

Sem adição de açúcares: ele não pode conter açúcares adicionados ou ingredientes que contenham açúcares adicionados; ingredientes que contenham naturalmente açúcares e que sejam adicionados aos alimentos como substitutos dos açúcares para fornecer sabor doce. Nessa descrição, o fabricante também não deve utilizar nenhum meio durante o processamento, tal como o uso de enzimas, que possa aumentar o conteúdo de açúcares no produto final.

0% de gorduras totais: para dizer que não contém gorduras, o alimento deve ter no máximo 0,5 g de gorduras totais por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

Baixo teor de gordura: nesse caso, o máximo permitido é de 3 g de gorduras totais por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

0% de gordura saturada: para dizer que não contém, o alimento pode conter no máximo 0,1 g de gorduras saturadas, com exceção dos leites desnatados, leites fermentados desnatados e queijos desnatados, para os quais se aplica um valor máximo de 0,2 g.

Baixo teor de gordura saturada: nesse caso, o máximo permitido é de 1,5 g da soma de gorduras saturadas e trans por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

0% de gordura trans: o máximo é de 0,1 g de gorduras trans por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

0% de caloria: para o alimento dizer que não contém caloria, deve haver no máximo 4 calorias por porção do alimento ou por embalagem individual.

Baixa caloria ou baixo valor energético: máximo 40 kcal por porção do alimento.

Sem caloria ou sem valor energético: máximo de 4 kcal por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

Sem colesterol: máximo de 5 mg de colesterol por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

0% de sódio: máximo de 5 mg de sódio por 100 g ou 100 ml em pratos preparados.

Baixo sódio: máximo de 80 mg de sódio por porção do alimento.

Não contém sal: para dizer que o alimento não contém sal, ele realmente não pode ter sal (cloreto de sódio) adicionado ou outros sais de sódio adicionados.

Proteínas: para dizer que tem proteínas, o alimento precisa ter no mínimo 6 g de proteínas por 100 g ou 100 ml em pratos preparados por porção. Já para declarar um alto conteúdo, o mínimo sobe para 12 g de proteínas por 100 g ou 100 ml em pratos preparados por porção.

A nutricionista pela UFMA Olívia Silva chama atenção para outro detalhe importante: a quantidade dos ingredientes é baseada em porção. “Quando vemos a quantidade de gordura, calorias ou proteínas, logo acima da descrição vem, por exemplo, porção de 50 gramas, e o pacote total é de 200 gramas. Aquela tabela/rótulo é referente a essa porção, não ao produto inteiro”, explica a especialista. “Pode ser que o ingrediente seja pouco na porção, mas e no produto inteiro?”, questiona.

É importante ler os rótulos não só para saber sobre os nutrientes, como a quantidade de calorias presente no alimento, mas sim para ter conhecimento sobre os próprios ingredientes usados na fabricação do produto.

Saiba que a listagem dos ingredientes é sempre do que tem mais para o que tem menos, ou seja, se estiver em busca por um produto integral, procure por esse termo como primeiro ingrediente”, indica Angéloco.

Rotulagem vai mudar para melhor

Foto: Reprodução/Internet

Em outubro de 2020, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma nova norma de rotulagem nutricional. A principal inovação é a inclusão de um selo em forma de lupa, que deverá estar visível na frente das embalagens, como alerta para a presença exagerada de gordura, sal ou açúcar.

“A ideia é justamente fazer com que as pessoas compreendam o que realmente estão levando para casa, porque hoje é tudo muito confuso. Não que essa mudança vai ser o ideal, mas vai ajudar um pouco mais”, opina Angéloco, nutricionista e professora da FMRP-USP.

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Para a especialista, a nova rotulagem vai também fazer com que as próprias empresas revejam a quantidade de ingredientes que fazem mal à saúde, afinal, ninguém vai querer estampar na frente da embalagem que o produto é rico em açúcar, por exemplo. “Ou também tem o lado ruim, dela querer explorar mais o uso de adoçantes para não dizer que é açúcar”, pontua Angéloco.

Dinorá Zuffo de Miranda Boer, nutricionista da Rede AmorSaúde em Pirassununga e mestranda em engenharia de alimentos na USP, destaca também que de acordo com a nova legislação, o tamanho da porção declarada deve corresponder à quantidade total do produto contido na embalagem.

A nova rotulagem tem o prazo de 24 meses para entrar em vigor, portanto, provavelmente ainda este ano começaremos a ver as novas embalagens nos supermercados.

Por: Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

Fonte: Larissa Rodrigues Neto Angéloco, nutricionista e professora do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo)

Olívia Nadja Prazeres da Silva, nutricionista pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão)

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

Dinorá Zuffo de Miranda Boer, nutricionista da Rede AmorSaúde em Pirassununga e mestranda em engenharia de alimentos na USP

Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/06/13/0-de-teor-de-gordura-nao-significa-que-o-produto-e-100-isento-saiba-mais.htm

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