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Semente de tomate causa pedras nos rins?

Médico e nutricionista respondem sobre cálculos renais e explicam os benefícios do licopeno e os malefícios do oxalato, presentes no fruto; veja receita de molho de tomate

Aquilo que é popularmente falado pelos mais velhos muitas das vezes acaba, com o passar do tempo, se tornando uma crença popular. Como não dormir de cabelos molhados e proteger os pés do frio para não gripar ou não beber manga com leite, entre outras coisas. Um outro mito alimentar como esse é a questão das sementes de tomate causarem pedra nos rins. Algumas pessoas acreditam nisso, mas será que é verdade? Para descobrir, o EU Atleta conversou com a nutricionista Michelle Ferreira e o médico urologista Vinícius Terra. E segundo os dois, não: sementes de tomate não causam pedras nos rins. No entanto, é possível entender a crença popular por causa da presença do oxalato, substância que pode contribuir para o aparecimento de cálculos renais. Mas é importante ressaltar que o oxalato é encontrado no tomate como um todo, e não apenas em suas sementes.

As sementes do tomate não causam pedras nos rins — Foto: Reprodução/Internet

Os oxalatos são os sais do ácido oxálico, que não é naturalmente digerido pelo organismo humano, podendo ser considerado até tóxico quando ingerido em altas concentrações, acima de 1500 mg. E não é uma especificidade só do tomate, muito menos só de suas sementes. O oxalato se acumula em todos os tecidos vegetais, ou seja, nas folhas, caules, raízes e também nas sementes de diversos alimentos. Por essas questões de incompatibilidade com o organismo humano, ele é eliminado pelo corpo através da urina. E aí surge o fator de risco para cálculo renal, como explica o médico:

– O oxalato é um íon e tem complexa capacidade de ligar-se ao cálcio, que é pouco solúvel na urina, formando o cálculo renal. Quando uma pessoa efetua um consumo inadequado de água, o cálcio juntamente com o oxalato, ambos provenientes da alimentação, pode se precipitar na forma de oxalato de cálcio formando os cálculos renais. Cerca de 80 % dos casos de cálculos renais são compostos por oxalato de cálcio, 1 a 10 % são cálculos de fosfato de cálcio, 10 % são cálculos de estruvita (fosfato triplo amoníaco magnesiano), 9 % são cálculos de ácido úrico e 1 % são cálculos de cistina, uratos ou relacionados à fármacos, segundo estudos – ensina o urologista.

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Apesar de as sementes de tomate levarem a má fama, o oxalato também é facilmente encontrado em diversos outros alimentos como vegetais folhosos, oleaginosas, raízes e farinhas. O ácido oxálico está presente ainda em alimentos muito populares, como espinafre, beterraba, trigo, amêndoa, avelã, amendoim, carambola, linhaça, feijão, soja e até o cacau. O tomate nem sequer entra na lista dos alimentos com maiores índices de oxalato, caso do espinafre cru, da batata doce e do ruibarbo, por exemplo.

Em contrapartida, uma dieta à base de tomate e derivados é rica em licopeno, nutriente associado com o combate de radicais livres e com a diminuição do risco de doenças crônicas, tais como doença cardiovascular e câncer, principalmente o câncer de próstata e o de mama. Além de melhora a qualidade de sémen em homens com problemas de fertilidade. Sendo assim, de acordo com a nutricionista Michelle Ferreira, os benefícios do tomate em uma dieta alimentar jamais devem ser descartados, assim como a fruta não deve ficar de fora da alimentação humana.

Mas e quem sofre com pedras nos rins, o que deve fazer?

Foto: Reprodução/Internet

Como as chamadas pedras nos rins causam altos níveis de dores, todo cuidado neste caso é pouco. Uma alimentação para evitar pedras nos rins, voltada para pessoas que já sofrem com o problema, deve ter uma baixa ingestão de oxalato diária. Não deve-se ultrapassar o consumo de 50 mg por dia da substância. Na média, cem gramas de tomate cru contêm cerca de 60 mg de oxalato. Quando escaldados, no entanto, há uma significativa redução. O consumo do tomate cozido ou em forma de molhos manteria a disponibilidade do licopeno e reduziria a do oxalato, sendo assim uma boa solução.

– Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo e publicado na revista Nutrivisa em 2017, comparou os teores de ácido oxálico em amostras de tomates vermelhos maduros in natura, extrato de tomate e molho de tomate industrializado. Nos resultados obtidos foi concluído, que os teores de ácido oxálico são maiores em amostras de tomate in natura. Portanto, para diminuir a quantidade de oxalato dos alimentos, evite consumi-los crus. Escalde em água fervendo e descarte a água – orienta a nutricionista sobre a forma mais adequada de consumo.

Licopeno

É um antioxidante altamente poderoso, capaz de proteger contra a oxidação do colesterol e, por isso, protege contra doenças do coração. Além disso, essa substância fortalece o sistema imunológico, estimulando o combate às células malignas e cancerígenas. Isso porque o organismo não é capaz de sintetizar o licopeno. Por essa razão, é necessária uma dieta de alimentos que contenham essa substância para ajudar na prevenção destas doenças.

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Contra as pedras nos rins, o segredo está na água

Uma importante dica dos especialistas para evitar cálculo renal é a ingestão adequada de água.

– Consuma em torno de 35 ml de água por quilo corporal.

Exemplo: se você pesa 65 quilos, multiplique seu peso por 35. O resultado será a quantidade de mililitros indicada para beber por dia, no mínimo, ou seja: 65 x 35 = 2.575 ml de água por dia, no mínimo.

Ainda segundo a nutricionista Michelle Ferreira, no caso do tomate, o consumo ideal e mais seguro é do tomate em forma de molho, porque que além de diminuir o teor de oxalato, aumenta a biodisponibilidade de licopeno, já que este antioxidante é mais bem absorvido quando aquecido e misturado com uma boa fonte de gordura.

Receita de Molho de tomate funcional

Aprenda uma receita especial de molho de tomate caseiro, funcional e saudável — Foto:  Reprodução/Internet

Ingredientes:

– 8 tomates orgânicos maduros (de preferência tipo italiano)

– 1/2 xícara de chá de azeite de oliva

– 3 dentes de alho amassados

– 1 xícara de chá de azeite de oliva para finalizar

– 1 cenoura

– Sal a gosto.

Modo de preparo:

1. Pique os dentes de alho em pedaços pequenos ou esprema com espremedor;

2. Bata os tomates e a cenoura no liquidificador com o azeite de oliva (se preferir pode retirar a casca);

3. Aqueça duas colheres de sopa de azeite numa panela e frite o alho;

4. Em seguida, adicione os tomates batidos e deixe apurar até ficar com uma consistência de purê;

5. Desligue o fogo e adicione o sal e o restante do azeite de oliva;

6. Coloque num recipiente de vidro e conserve na geladeira por cinco dias ou no freezer por até 60 dias.

Por: Letícia Spala, para o EU Atleta — Rio de Janeiro

Fonte:Vinícius Terra Porfirio é médico especialista em urologia, Membro da Sociedade Brasileira de Urologia e do Colégio Americano de Urologia.

Michelle Ferreira é nutricionista formada pela UGF, pós-graduada em nutrição funcional e esportiva, especializada em saúde da mulher e fertilidade e membro da equipe Nutrindo Ideais (@michelleferreiranutri).

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2022/07/14/semente-de-tomate-causa-pedras-nos-rins.ghtml

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