Qual é a relação das vitaminas do complexo B e o seu peso? Entenda
Existem, no total, oito variedades de vitamina B. Normalmente, seu corpo recebe a quantidade necessária diariamente de alimentos como carne, fígado, peixe (sardinha, salmão, truta, atum), ovos, cereais fortificados e laticínios. As vitaminas que fazem parte do complexo são a B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ácido pantotênico), B6 (piridoxina), B7 (biotina), B9 (ácido fólico) e B12 (cobalamina).
Cada um dos oito que compõem um suplemento de complexo de vitamina B tem benefícios individuais que são essenciais para muitos processos corporais importantes. É importante explorar os papéis das vitaminas para entender suas funcionalidades no organismo.
Veja a função de algumas delas e a influência – ou não – sobre o peso
Tiamina (vitamina B1)
A tiamina, ou vitamina B1, tem a função principal de converter a glicose em energia e desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde do sistema nervoso. Pode ser encontrada em cereais integrais, sementes, leguminosas, fermento e carne suína.
A deficiência de tiamina pode colocar em risco o funcionamento do sistema nervoso e, até mesmo, afetar os sistemas cardiovascular e gastrointestinal —se não for tratada adequadamente.
Um estudo publicado no Journal of Advances in Nutrition (2015) mostrou uma ligação entre pessoas com obesidade e deficiência de tiamina, sugerindo que a deficiência de tiamina pode realmente contribuir para o ganho de peso —15,5% a 29% das pessoas que buscavam uma cirurgia para perder peso eram deficientes em vitamina B. Porém, o estudo concluiu que seriam necessários mais ensaios para uma conclusão concreta.
Riboflavina (vitamina B2)
A riboflavina, também conhecida como vitamina B2, é fundamental para a saúde da pele e melhora a visão. Além disso, como muitas vitaminas do grupo B, auxilia na produção de energia. Pode ser encontrada no leite, iogurte, pão integral e vegetais verdes folhosos.
Embora seja mais raro (geralmente associada à ingestão excessiva de álcool), pode ocorrer deficiência de riboflavina. Os sintomas incluem boca seca e rachada, inflamação da língua, sensibilidade à luz e vermelhidão nos olhos.
Não há evidência clínica que sugira que a riboflavina tenha qualquer papel particular no ganho ou perda de peso. No entanto, é importante no metabolismo das gorduras, por isso ainda deve fazer parte da sua dieta.
Niacina (vitamina B3)
A niacina, ou vitamina B3, desempenha um papel fundamental na conversão de gordura, carboidratos e álcool em energia. Semelhante à riboflavina e à tiamina, ajuda a promover a integridade da pele e a saúde do sistema nervoso. Pode ser encontrada em aves, leite, ovos e cogumelos.
Se você consumir uma quantidade excessiva de niacina, pode resultar em efeitos colaterais, como coceira, confusão e até danos ao fígado. Quando o corpo é deficiente em niacina, os sintomas incluem irritabilidade, confusão mental, perda de apetite e tontura.
A obesidade aumenta a degradação da niacina, de acordo com um estudo publicado em agosto de 2015 no World Journal of Diabetes. Garantir que você atenda às suas necessidades diárias de niacina pode ser ainda mais importante quando você está com excesso de peso. Como outras vitaminas B, a niacina ajuda a extrair energia dos alimentos e promove um apetite normal. A niacina em doses mais altas pode ser usada para combater o colesterol elevado (hipercolesterolemia), mas não há uma ligação significativa entre a ingestão de niacina e o ganho ou perda de peso. A deficiência pode causar perda de apetite, mas isso não significa que níveis mais elevados de niacina estimulem o ganho de peso.
Ácido pantotênico (vitamina B5)
O ácido pantotênico, ou vitamina B5, é benéfico na produção de glóbulos vermelhos e hormônios esteroides pelo corpo. Pode ser encontrada em muitos alimentos, principalmente no fígado, rins, amendoim e legumes.
Tal como acontece com a deficiência de riboflavina, é raro ser deficiente em ácido pantotênico, porque ele está presente em quase todos os alimentos, mas os sintomas incluem fadiga, vômitos e problemas digestivos.
Não há evidência clínica que sugira que o ácido pantotênico desempenhe um papel significativo no ganho ou perda de peso.
Piridoxina (vitamina B6)
A vitamina B6 influencia os processos cerebrais e é benéfica para o sistema imunológico. Pode ser encontrada em peixes, crustáceos, frutas e nozes.
É importante ter cuidado com a quantidade de vitamina B6 que você ingere, pois quantidades excessivas, principalmente por meio de suplementação, podem resultar em danos aos nervos. Os sintomas incluem dificuldades de mobilidade e dormência nas mãos e nos pés.
A única evidência clínica que sugere uma correlação entre a vitamina B6 e o ganho de peso é de um estudo de 2008 publicado no International Journal of Obesity, que descobriu que níveis mais elevados de B6 se correlacionavam com uma perda de peso em mulheres com obesidade. No entanto, isso não demonstra que a vitamina B6 seja fundamental para a perda de peso e, como sempre reforçamos aqui, a abordagem para o processo de emagrecimento deve ser ampla, não unilateral.
Cobalamina (vitamina B12)
A vitamina B12, também conhecida como cobalamina, promove o crescimento e a saúde dos glóbulos vermelhos, a agilidade mental e a degradação dos ácidos graxos para criar energia. De acordo com a Harvard Health Publishing as fontes de vitamina B12 podem ser encontradas em quase todos os alimentos de origem animal.
As pessoas com maior risco de desenvolver uma deficiência incluem idosos, fumantes, quem faz ingestão excessiva de álcool ou pessoas que seguem dietas vegetariana ou vegana.
Os sintomas de deficiência incluem fadiga crônica, perda de apetite, falta de ar, parestesia, desequilíbrio, mudança de humor e problemas mentais —depressão e perda de memória.
Existe uma ligação entre a deficiência de vitamina B12 e o ganho de peso, pois ela desempenha um papel importante na conversão de gorduras em energia. Quando o corpo é deficiente em vitamina B12, ele começa a converter nutrientes específicos em gordura, ao invés de energia. Portanto, ao manter o corpo abastecido com os níveis de vitamina B12 de que necessita, qualquer excesso de nutrientes será convertido em energia, em oposição ao excesso de gordura. Porém, apesar dos inúmeros processos em que a vitamina B12 está envolvida, há poucas evidências para sugerir que ela tenha alguma influência no ganho ou perda de peso.
A evidência atual é muito fraca para sugerir que uma deficiência de vitamina B12 tenha qualquer impacto forte ou específico sobre o peso —seja ganho ou perda.
Qual caminho seguir?
Existem alguns fatores que podem dificultar a normalidade das vitaminas no seu organismo. Com a idade, por exemplo, pode ficar mais difícil absorver essa vitamina; algumas intervenções cirúrgicas (como alguns métodos de cirurgia bariátrica), podem levar a redução da absorção; dietas veganas ou vegetarianas; ou mesmo se você ingere álcool de forma frequente e excessiva.
Outros fatores também podem fazer com que tenha maior probabilidade de desenvolver deficiência a vitaminas do complexo B, principalmente B12, como gastrite atrófica, anemia perniciosa, doença de Crohn, doença celíaca, crescimento bacteriano ou um parasita, doença de Graves ou lúpus e administração de alguns medicamentos.
O que é importante é saber que muitos obtêm a quantidade suficiente das vitaminas por meio da alimentação equilibrada e balanceada e por isso é necessário focar em um estilo de vida saudável. Dessa forma, todo o nosso organismo estará trabalhando em constante harmonia. Porém, é importante sempre se atentar a sinais e sintomas que nosso corpo dá, para que um médico avalie se há necessidade de alguma intervenção focada.
Sempre reforço que um nutriente ou uma conduta não é condição sine qua non e, sim, uma união de diversos fatores. Por isso é necessário observar cada ponto de atenção e sempre buscar melhorar.
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Por: Paola Machado
Fonte: Paola Machado, é formada em educação física, mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutora em ciências da saúde (foco em fisiopatologia da obesidade e fisiologia da nutrição) pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre exercícios, nutrição e saúde. CREF: 080213-G | SP
Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/paola-machado/2021/10/06/complexo-b-e-peso.htm
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do saudevitalidade.com