Qual é a diferença entre emagrecer e modificar a composição corporal?
É fundamental entender com detalhes a composição corporal, identificar se o peso
na balança é formado por gordura ou músculo e analisar a real condição de saúde
A avaliação do peso e da altura é muito comum em nossa sociedade. Desde a infância, mantemos um “controle” do nosso desenvolvimento físico baseado nessas medidas. Elas são periodicamente feitas, avaliadas e relacionadas ao estado de saúde do individuo. No entanto, limitar a investigação do desenvolvimento físico ao peso e à altura de um individuo, ou mesmo à relação entre estas duas medidas como, por exemplo, o IMC (índice de massa corporal), pode ser insuficiente para uma analise fiel da composição corporal de uma pessoa.
POR QUE O “PESO IDEAL“ NÃO EXISTE?
Imaginar um “peso ideal“ é algo totalmente obsoleto. Imagine que aos 20 anos de idade um indivíduo pode ter 50kg de peso com uma boa massa muscular e um baixo percentual de gordura. Ou seja, a massa de músculo supera a massa de gordura, o que é fisiológico. No entanto, esse mesmo indivíduo pode chegar aos 40 anos de idade tendo os mesmos 50kg de peso, mas dessa vez a sua composição corporal pode ser totalmente diferente: baixa massa muscular e um alto percentual de gordura. Ou seja, a massa de gordura supera a massa de músculo, o que está relacionado com quadros de síndrome metabólica, obesidade e resistência à insulina.
POR QUE TER MASSA MUSCULAR ADEQUADA FAVORECE O NOSSO METABOLISMO?
Numa balança comum, um quilo de músculo é igual a um quilo de gordura. Já em termos metabólicos, são estruturas completamente diferentes. Metabolismo é o conjunto de reações bioquímicas e físicas que ocorrem em um organismo vivo. De fato, o modo de funcionamento do nosso organismo e, tudo que precisamos para ter saúde, depende da manutenção de um bom metabolismo.
E isso está intimamente relacionado à composição corporal. O excesso ou a deficiência de gordura corporal geralmente está associado com o mal funcionamento do organismo, predispondo a doenças crônico-degenerativas. Já a manutenção de níveis adequados de gordura em relação aos músculos, ossos e órgãos, é o desejado e está associado à melhor qualidade de vida e prevenção de diversas doenças.
Segundo o médico Higor Vieira, especializado em nutrologia, fica claro que “é importante entender com mais detalhes a composição corporal e identificar se o peso mostrado na balança é composto por gordura ou músculo. Isso é fundamental para analisar a condição real da sua saúde, avaliar riscos e montar uma conduta terapêutica específica e eficaz.“
POR QUE A GORDURA É IMPORTANTE?
Ao contrario do que muitos pensam, a massa de gordura composta pelos adipócitos (células de gordura) não é inerte. Ela desempenha papel importante no controle do metabolismo e na harmonia do sistema hormonal do nosso corpo. Assim como a massa muscular, o tecido adiposo também contribui para a nossa taxa metabólica basal, ou seja, o nosso gasto calórico diário. Os adipócitos secretam mais de 400 substancias diferentes. As chamadas adipocinas são importantes no controle do apetite, da glicemia e no estímulo a secreção da insulina.
Uma das adipocinas mais importantes é a adiponectina, um hormônio secretado, não só pelo tecido gorduroso, mas também pelas células cardíacas (cardiomiócitos). Indivíduos obesos possuem uma importante diminuição da secreção da adiponectina, o que está relacionado com doenças metabólicas, cardiovasculares e cerebrovasculares. Por isso, uma pessoa obesa está sujeita ao risco de desenvolver diversas doenças e, também, desenvolver alterações hormonais como, por exemplo, a prevalência estrogênica pelo aumento da enzima aromatase produzida pelo tecido adiposo.
COMO AVALIAR A MINHA COMPOSIÇÃO CORPORAL?
Hoje, existem à disposição variados métodos de composição corporal. A medida das dobras cutâneas, a bioimpedância, a densitometria corporal (DEXA) e a medida e relação de perímetros (relação cintura-quadril) têm sido os métodos mais utilizados. Em todos estes existem indicações e limitações. Devem ser avaliados e escolhidos pelo profissional responsável pelo tratamento, que deve considerar a individualidade do organismo que está sendo tratado e propor o método mais viável e eficiente.
Por Guilherme Renke
Rio de Janeiro
Fonte:GUILHERME RENKE
Médico pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia INCL RJ e Endocrinologia pela IPEMED. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Membro do American College of Sports Medicine, Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Membro do Departamento de Ergometria e Reabilitação da SBC.
Transcrito:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/07/qual-e-diferenca-entre-emagrecer-e-modificar-composicao-corporal.html