NotíciasNutrição

Quais alimentos causam câncer? OMS tem uma lista

Alimentação pode ter influência no desenvolvimento da doença

Há alimentos que podem causar câncer, segundo uma lista constantemente atualizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como a alimentação é uma das variáveis desta doença multifatorial, é importante fazer adequações à dieta. Carnes processadas, como salsichas e linguiça, carne vermelha e bebidas alcoólicas estão entre os itens ligados à ocorrência de câncer.

Estima-se que de 5% a 10% dos tipos de câncer já descobertos podem ser diretamente atribuídos à herança genética. O restante está associado a fatores alimentares, ambientais e de estilo de vida – sozinhos ou combinados.

— A maioria dos casos de câncer é multifatorial, ou seja, possui diversas causas. Portanto, o maior fator de risco para o câncer é o acúmulo da exposição aos fatores ambientais que, ao longo da vida, causam danos ao DNA. Entre esses fatores estão o tabagismo, a exposição solar sem proteção, as infecções por vírus por HPV e hepatite, as bactérias, como o Helicobacter pylori, a exposição a produtos químicos e a outras questões associadas ao estilo de vida, como sedentarismo, obesidade e dieta inadequada — explica o doutor em Ciências com ênfase em Oncologia pelo A.C.Camargo Câncer Center, José de Moura Leite Netto.

Carnes processadas, como linguiça, salsicha e bacon, são classificadas como cancerígenas pela OMS – Foto: (Reprodução/Internet)

— Por exemplo, o maior consumo de frutas ricas em polifenóis, como uva, lichia e frutas vermelhas, combinada com o consumo de vegetais e legumes, acima de 500g por dia, pode reduzir o risco de câncer de 15% a 30%. E quando isso é realizado ainda com outras medidas, como exclusão do tabagismo, boa qualidade sono, gestão de estresse e prática regular de exercícios físicos, o benefício é ainda maior — complementa a especialista. Neste contexto multifatorial, a alimentação exerce papel muito importante no combate ao câncer. Os especialistas destacam que uma dieta adequada é a equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras e fibras, com restrição de alimentos ultraprocessados.

— Doenças crônicas, desencadeadas a partir de hábitos no estilo de vida, são causadas por fatores diversos. Nenhum alimento de forma isolada é capaz de causar câncer, porém o conjunto de alimentos combinado a outras exposições e fatores ambientais podem tanto contribuir na causa como para a prevenção  explica a nutricionista Inarí Ciccone, mestre em Ciências da Saúde.

— Por exemplo, o maior consumo de frutas ricas em polifenóis, como uva, lichia e frutas vermelhas, combinada com o consumo de vegetais e legumes, acima de 500g por dia, pode reduzir o risco de câncer de 15% a 30%. E quando isso é realizado ainda com outras medidas, como exclusão do tabagismo, boa qualidade sono, gestão de estresse e prática regular de exercícios físicos, o benefício é ainda maior — complementa a especialista.

Conheça a nossa linha de produtos na pagina em exibição no INSTAGRAM clique na imagem acima

Quais alimentos causam câncer

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), que faz parte da OMS, avalia o risco de um agente cancerígeno causar câncer em seres humanos, com base em classificação de níveis de evidências científicas obtidas de estudos em humanos e animais experimentais.

São quatro categorias na lista da OMS:

– Grupo 1: carcinogênico para humanos;

– Grupo 2a: provavelmente carcinogênico para humanos;

– Grupo 2b: possivelmente carcinogênico para humanos;

– Grupo 3: não há evidências suficientes para afirmar que seja uma causa de câncer em humanos, embora possa ser risco para modelos animais.

Aspartame

Foto: (Reprodução/Internet)

O aspartame, um dos adoçantes artificiais mais consumidos no mundo, está colocado pela OMS no Grupo 2b, ou seja, possivelmente cancerígeno, com base em evidências limitadas de câncer em humanos especificamente, para carcinoma hepatocelular, que é um tipo de câncer de fígado.

Segundo a OMS, há um consumo diário seguro, estimado em 40mg de aspartame por quilo de peso corporal. Esse valor é bastante alto.

Por exemplo, com uma lata de refrigerante diet contendo de 200mg a 300 mg de aspartame, uma pessoa de 70kg precisaria consumir de nove a 14 latas por dia para exceder a ingestão diária aceitável.

O relatório da OMS aponta outros estudos, que analisaram o consumo de refrigerantes adoçados artificialmente, e mostra que cada porção semanal de 330ml de refrigerante adoçado artificialmente está associada a risco aumentado de câncer gastrointestinal e colorretal.

— Considerando a atual classificação do aspartame pela Iarc como possível carcinógeno para humanos e as evidências científicas, que apontam que o consumo de bebidas adoçadas com adoçantes artificiais não colabora para o controle da obesidade, podendo ainda contribuir com o excesso de peso corporal, o Inca aconselha a população em geral a evitar o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial — destaca a nutricionista Fabiana Montovanele de Melo, que atua no Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde.

Conheça a nossa linha de produtos na pagina em exibição no INSTAGRAM clique na imagem acima

Bebidas alcoólicas

Há evidências científicas suficientes para associar o consumo de bebidas alcoólicas a diversos tipos de câncer: boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, estômago, intestino e mama. Assim como ocorre com o tabagismo, não há consumo seguro de bebidas alcoólicas.

Segundo a OMS, o risco de desenvolver câncer aumenta com qualquer quantidade de álcool consumida, independentemente do tipo de bebida.

Tanto é que a bebida alcoólica está colocada no Grupo 1, como cancerígena para humanos.

Carnes processadas

Carnes processadas, como salsicha, linguiça, bacon, presunto, salame, mortadela e peito de peru, estão na lista da OMS desde 2018. Elas aparecem o Grupo 1, ou sejam, são consideradas cancerígenas, com evidências científicas suficientes disso. Portanto, é aconselhável não comer carnes processadas ou reduzir ao máximo o consumo delas.

Segundo uma revisão nos estudos publicada em 2021, o consumo de carnes processadas aumenta em até 22% o risco de desenvolver câncer no reto e eleva em 21% a incidência de câncer no cólon. Há ainda indícios que a carne processada também está relacionada com o surgimento de outros tipos de câncer, como de pulmão e de mama.

— A recomendação é evitar o consumo. Deve-se ingerir pouca ou nenhuma carne processada — pontua a nutricionista representante do Inca.

Carne vermelha

A carne vermelha, que tem lugar de destaque na mesa dos brasileiros, é classificada no Grupo 2a, como provavelmente cancerígena para humanos pela OMS, e deve ter a ingestão limitada.

A evidência mais forte, mas ainda limitada, para uma associação com o consumo de carne vermelha é para câncer colorretal. Há também evidências de ligações com câncer pancreático e câncer de próstata.

Com risco de desenvolvimento para câncer no intestino, a OMS recomenda consumo reduzido de no máximo 500g de carne vermelha cozida por semana, o que equivale a cerca de 750g de peso cru.

— Devemos limitar o consumo de carne vermelha em até 500g de carne cozida por semana. A forma de preparo também é importante, sendo assada, cozida ou ensopada as opções mais saudáveis. Temperaturas muito elevadas usadas para fritar ou grelhar, assim como a fumaça do churrasco, formam compostos químicos que são cancerígenos e aderem à superfície das carnes — esclarece a nutricionista do Inca.

Peixe salgado chinês

O peixe salgado é um prato típico da culinária chinesa, que passa por processo parecido com a da carne seca (carne de sol), em que o sal é usado para preservar e curar o alimento.

É considerado carcinogênico, no Grupo 1, desde 2012, com relação comprovada com o câncer de nasofaringe há muito mais tempo. Em 2019, estudos apontaram que as ocorrências dessa doença estão relacionadas com o consumo do peixe especialmente na adolescência.

Noz de areca

A noz de areca é um alimento que tem efeito estimulante, o que a torna popular em alguns países do continente asiático. Ela está na lista dos cancerígenos, no Grupo 1, desde 2012, por causa da relação com o câncer de boca.

A noz também é mascada, muitas vezes, com adição de outras substâncias como cal hidratada e tabaco, o que pode intensificar os efeitos cancerígenos.

Câncer no Brasil e no mundo

No mundo, conforme a IARC/OMS, são registrados 19,9 milhões de novos casos de câncer por ano, com o registro de 9,7 milhões de mortes anuais.

Os cânceres mais comuns são de pulmão, mama, colorretal, próstata, estômago e fígado. Já os cânceres com os maiores números de mortes são os de pulmão, colorretal, fígado, mama, estômago, pâncreas, esôfago, próstata e colo do útero.

Compartilhe com os amigos essa matéria via:

WhatsApp Face Book e Telegram

Por: Úrsula Neves, para o EU Atleta — Rio de Janeiro

Fonte: Fabiana Montovanele de Melo é nutricionista do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com mestrado em Alimentação Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em Alimentos e Nutrição pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Inarí Ciccone é nutricionista, especialista em obesidade, emagrecimento, fertilidade e longevidade e oncologia, com mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

José de Moura Leite Netto é jornalista especializado em saúde e doutor em Ciências com ênfase em Oncologia pelo A.C.Camargo Cancer Center.

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/reportagem/2025/02/03/c-quais-alimentos-causam-cancer-oms-tem-uma-lista.ghtml

Deixe uma resposta