Por que exercício físico reduz o risco de câncer? Entenda
Especialistas explicam como atividades físicas regulares mexem com os mecanismos biológicos capazes de prevenir a doença
Fazer exercícios físicos regularmente tem benefícios para além do corpo em forma e pode ser aliado na prevenção de doenças graves, como o câncer. Isso porque atividades físicas possuem o poder de reduzir o risco de vários tipos de câncer. Essa diminuição ocorre porque o exercício físico ajuda a controlar o peso, melhora a imunidade, colabora para o adequado funcionamento do organismo e combate a inflamação no corpo, o que contribui para a prevenção de câncer.
Como o exercício físico atua para reduzir o risco de câncer
Exercício físico é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de câncer – Foto: (Reprodução/Internet)
O exercício físico é amplamente reconhecido pelos efeitos benéficos na redução do risco de câncer, e vários mecanismos biológicos estão envolvidos nesse processo.
— Um dos principais mecanismos biológicos que explicam essa associação é a redução da inflamação sistêmica. Estudos indicam que a atividade física está associada a níveis mais baixos de biomarcadores inflamatórios, e a redução desses marcadores inflamatórios pode diminuir o ambiente pró-inflamatório que favorece o desenvolvimento e a progressão do câncer explica a médica fisiatra Regina Formaria Chueri, responsável técnica pelo Centro de Reabilitação Lucy Montoro (Centro Infantil Boldrini), em Campinas (SP).
Esses marcadores inflamatórios são a proteína C-reativa, o fator de necrose tumoral alfa e a interleucina-6, que estão ligados ao desenvolvimento e à progressão do câncer.
Outro mecanismo importante é a melhora na sensibilidade à insulina. O exercício físico regular pode reduzir os níveis de insulina, que é capaz de propiciar o crescimento de tumores. Isso é particularmente relevante para o câncer de cólon, em que a resistência à insulina é fator de risco conhecido.
O exercício ainda pode influenciar positivamente em outros fatores, como a modulação de hormônios sexuais, como estrogênios, que estão associados ao risco de câncer de mama. E também é relevante para melhorar a imunidade e resultar na perda de peso e na manutenção do peso perdido.
Um estudo recente, produzido por pesquisadores italianos e publicado em janeiro de 2025 no European Journal of Cancer Prevention, compilou dados de diversas pesquisas sobre o impacto do exercício físico na prevenção e no tratamento do câncer.
Essa revisão constatou que os exercícios físicos representam uma estratégia eficaz na prevenção do câncer, especialmente nos tipos relacionados à obesidade, como os de cólon e mama principalmente, mas também nos de endométrio, rim, bexiga, esôfago e estômago.
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Quais exercícios reduzem o risco de câncer?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), exercícios físicos regulares, especialmente os de intensidades de moderada a vigorosa, são altamente recomendados para a prevenção de câncer.
Para diminuir o risco de desenvolvimento de câncer e a mortalidade, o ideal é praticar ao menos 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada; 75 minutos semanais de intensidade vigorosa; ou uma combinação equivalente de exercícios moderados e vigorosos.
E nem sempre a academia é a única opção. Caminhar ou correr, andar de bicicleta, trocar o elevador pelas escadas e praticar atividades ao ar livre com amigos e/ou família são ótimas opções para começar a incluir exercícios na rotina.
Conforme especialistas, deve-se optar pelos exercícios que sejam mais prazerosos, ao mesmo tempo que proporcionam a possibilidade de manter a rotina a longo prazo. A regularidade e a intensidade são importantes.
Exercícios ajudam no tratamento de câncer?
Foto: (Reprodução/Internet)
Exercícios físicos são recomendados não apenas para prevenção, mas também para tratamento do câncer.
Um estudo conduzido pelo médico oncologista Paulo Bergerot, da Oncoclínicas Brasília, mostrou o impacto positivo do exercício físico em pacientes com câncer em tratamento com imunoterapia.
O material, ainda não disponibilizado na internet, avaliou 40 pacientes com diferentes tipos de câncer em tratamento com imunoterapia isolada ou realizada em combinação com quimioterapia.
Os pacientes iniciaram um programa de atividades físicas remoto e supervisionado de 12 semanas que incluiu exercícios de resistência e aeróbicos, realizados por três a cinco horas semanais (quatro a seis dias por semana).
— Nossos resultados demonstraram que até um programa remoto é viável e pode melhorar os sintomas relacionados ao tratamento, a fadiga, ao mesmo tempo em que fornece uma alternativa prática e de fácil acesso aos pacientes explica o oncologista.
Todo tipo de exercício deve ser realizado seguindo as recomendações médicas e de especialistas, especialmente em quem está em tratamento de câncer.
De acordo com o educador físico Fabio Fortunato Brasil de Carvalho, do Inca, a intensidade e o tipo de exercício devem ser adaptados ao nível de capacidade física do indivíduo, considerando a condição de saúde e a fase do tratamento. Para pacientes em recuperação ou com limitações devido ao câncer, atividades de baixo impacto, como caminhada e natação, podem ser opções iniciais recomendadas.
É recomendado limitar hábitos sedentários como assistir à televisão, usar por muito tempo celular, tablet e computador ou jogar videogame.
O Inca tem um material na internet sobre atividades físicas como recomendação para prevenção e controle do câncer, além de um guia com orientações de atividades físicas para quem tem ou já teve câncer.
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Câncer no Brasil e no mundo
O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%), segundo dados do Inca.
São esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% dos diagnósticos.
No mundo, estudos estimam a ocorrência de 20 milhões novos casos de câncer e 9,7 milhões de mortes, segundo dados de 2022. Naquele ano, os principais tipos de câncer foram os de pulmão, mama e colorretal, conforme a Organização Pan Americana de Saúde (Opas).
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Por: Fernanda Lagoeiro, para o EU Atleta — Campinas, SP
Fonte: Paulo Gustavo Bergerot é médico oncologista e pesquisador dos efeitos do exercício físico em pacientes oncológicos, principalmente em idosos. Formado em Medicina pela Universidade Católica de Brasília (2009), fez residências em Clínica Médica na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Hospital Regional da Asa Norte) e em Oncologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Regina Formaria Chueri é médica fisiatra e responsável técnica pelo Centro de Reabilitação Lucy Montoro (Centro Infantil Boldrini), em Campinas (SP).
Fabio Fortunato Brasil de Carvalho é educador físico e atua no Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde. Formado em Educação Física, tem especialização, mestrado e doutorado em Saúde Pública.
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/reportagem/2025/02/05/c-por-que-exercicio-fisico-reduz-o-risco-de-cancer-entenda.ghtml