Por que algumas pessoas engordam mais em determinadas partes do corpo?
Você já deve ter notado que muitas pessoas engordam mais em uma região do corpo do que em outra. Por exemplo, há homens aparentemente “magros” quando olhamos de costas, mas que de frente têm uma barriga enorme, ou então mulheres com o quadril e as coxas grandes, e outras partes mais magras.
Para descrever e facilitar o entendimento dessas formas de distribuição de gordura corporal, os especialistas costumam dizer que pessoas que têm mais gordura na barriga e braços têm o corpo maçã; e aquelas em que a gordura se acumula nos membros inferiores têm o corpo pera.
Essa diferença no local em que cada corpo estoca gordura ocorre por vários fatores, sobretudo, hormonais. E, de modo geral, isso também está associado aos hábitos alimentares, sedentarismo, genética e gênero.
De acordo com Luciano Albuquerque, endocrinologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), vinculado à Rede Ebserh, é importante dizer que a distribuição de gordura é determinada principalmente na infância, período em que ocorre a formação da maior parte das células gordurosas —depois, quando engordamos, essas células que já existem aumentam de volume.
Vale lembrar que a gordura nem sempre é do “mal”, ao contrário, ela é um tecido essencial para a vida. Aqui estamos falando do excesso e da má distribuição do tecido adiposo (gordura)
Corpo estilo maçã
Esse estilo é mais comum em homens Foto: Internet
No caso dos homens, é mais comum o acúmulo de gordura na região superior do corpo, como no abdome ou braços. Essa tendência está relacionada ao hormônio masculino, a testosterona.
“A questão é que geralmente esse acúmulo é de gordura visceral, ou seja, da gordura na região onde estão os principais órgãos vitais, que é a mais danosa”, explica Andressa Heimbecher Soares, médica endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)
Ao estocarem muita gordura, ou seja, ultrapassarem sua capacidade, os adipócitos (células que armazenam gordura) invadem outros órgãos. Além disso, o tecido adiposo libera substâncias inflamatórias e, por no corpo maçã estar numa região central do organismo, vai prejudicar vários órgãos próximos, aumentando o risco de doenças cardíacas, trombose, diabetes, pressão alta, entre outras.
“Os adipócitos dos ‘maçãs’ são maiores e com mais tendência de apresentar resistência insulínica, que pode preceder o diabetes tipo 2”, completa Soares.
E como os adipócitos viscerais geram mais inflamação no organismo, em um processo de emagrecimento, muitas vezes essa gordura é difícil de reduzir.
Outro ponto que contribui para a formação do corpo em formato de maçã é o excesso de cortisol, conhecido como hormônio do estresse.
O excesso crônico de cortisol causa o acúmulo de gordura na região do dorso e parte superior das costas, além de levar à perda muscular nas extremidades do corpo: pernas e braços.
E atenção: cuidado com medicamentos que contêm esse hormônio, como prednisona ou prednisolona. Nunca tome sem prescrição médica, pois eles podem causar os mesmos efeitos do excesso de cortisol produzido em doenças da hipófise ou da suprarrenal.
Alguns motivos para a dificuldade em perder gordura na barriga são:
– Má alimentação;
– Estresse;
– Falta de exercícios ou escolha errada de treino;
– Consumo excessivo de bebida alcoólica, principalmente cerveja;
– Muito energético;
– Pouca ingestão de água;
– Pouca ingestão de água;
– Obsessão por emagrecimento rápido
Corpo estilo pera
Essa tendência é mais comum em mulheres Foto: Internet
As células de gordura das coxas, quadris e bumbum são adipócitos subcutâneos, isto é, ficam logo abaixo da pele. Esse é um tipo especial de adipócito, que normalmente gera um risco menor de desenvolver insuficiência insulínica e substâncias inflamatórias, especialmente quando seus estoques não estão cheios.
Esse formato de corpo é mais comum nas mulheres e está relacionado à presença do principal hormônio feminino, o estrógeno. No entanto, é bom ressaltar que com o passar dos anos, se as ‘peras’ continuam ganhando peso, elas podem virar ‘maçãs’
“A redução da gordura subcutânea, que é muito valorizada no contexto estético, acaba sendo mais difícil, mais tardia e ainda a primeira localização da gordura durante o reganho de peso”, explica Albuquerque.
Durante o período da menopausa, os níveis hormonais de estrógeno e progesterona caem. E são esses hormônios que estimulam a tendência de as mulheres acumularem mais gordura nas coxas, quadril e bumbum durante a fase fértil, desde a menarca até a entrada da menopausa.
“Após a queda dos níveis hormonais da menopausa notamos um maior acúmulo de gordura no abdome, o que deixa as mulheres com maior tendência de se tornarem ‘maçãs'”, comenta Soares.
Ainda existe o corpo ‘banana’
As pessoas com formato de corpo de banana têm a distribuição de gordura semelhante em todas as regiões e tendem a ter os membros mais longos e finos.
Porém, quando ocorre o ganho de peso, ele pode acometer tanto as regiões dos ‘maçãs’ como dos ‘peras’, ou seja, gordura visceral e subcutânea.
Por isso, caso você tenha um corpo estilo banana e esteja feliz com ele, mantenha hábitos de alimentação saudáveis e a prática de atividades físicas para não ‘perdê-lo’
Lipodistrofia também interfere
Entre os fatores já mencionados, temos ainda a chamada lipodistrofia, que nada mais é do que a disposição anormal da gordura no corpo.
“Essa lipodistrofia gera doenças pelo mero fato de a gordura ser distribuída de uma forma inadequada”, explica Thiago Napoli, endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional São Paulo), do Iamspe (Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo) e doutorando pelo Hospital Santa Casa de SP.
O uso de medicação para HIV e corticoides, por exemplo, são outros fatores que alteram a composição e distribuição de gordura corporal.
Vale ressaltar que as informações trazidas mostram uma tendência, não é uma regra, por isso mulheres também podem ter o corpo maçã e os homens, o pera.
Por: Bruna Alves
Do VivaBem, em São Paulo
Fonte: Andressa Heimbecher Soares, médica endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)
Luciano Albuquerque, endocrinologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco)
Thiago Napoli, endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional São Paulo), do Iamspe (Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo) e doutorando pelo Hospital Santa Casa de SP
Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/09/20/por-que-algumas-pessoas-engordam-mais-em-diferentes-partes-do-corpo.htm