Parada cardíaca: o que fazer e como realizar os primeiros socorros até a chegada do médico
Especialista dá o passo a passo do atendimento à vítima, da massagem cardíaca ao uso do desfibrilador externo automático, que deve fazer parte dos equipamentos de qualquer academia ou arena esportiva
Entre hoje, dia 4 de setembro, e o próximo dia 8 estarei em São Paulo, onde teremos a maior semana médica do futebol, a Brasil Futebol Expo, na qual serei um dos palestrantes sobre atendimento de uma parada cardíaca no esporte. Depois de vermos de tudo em emergência médica no esporte pelo mundo, seja de alto padrão, seja de incompetência, vamos mostrar o que deve ser feito de simples e eficaz. Começando pelo fato de que ambulância não é a prioridade, e sim o atendimento à vítima, seja um atleta ou esportista ou até mesmo um torcedor. Os principais passos são:
1 Chame com vigor a vítima, mexa nela para verificar se ela responde.
2 Peça ajuda de outras pessoas, mas sempre ficando ao lado da vítima.
3 Confirme se a vítima respira, observando o tórax e mesmo se aproximando do seu rosto.
4 Inicie as compressões torácicas numa frequência de 100 a 120 por minuto. Nelas, o tórax deve ser descer em até 6 cm no máximo. Não há necessidade de respiração boca a boca. Faça isso até chegar o desfibrilador externo automático (DEA), que não necessita de médico para o uso correto: ao ser ligado, o aparelho solta uma gravação explicando o que se deve fazer.
5 DEA: aplicação do choque elétrico com o desfibrilador conforme instruções após se colocar as pás dos choques conforme a ilustração no aparelho.
O que se preconiza ao se adquirir um DEA, seja numa academia seja para esportes: um grupo de pessoas, em geral seguranças e, nos esportes, os juízes, técnicos e pessoal administrativo que costuma ficar no controle dos jogos deve ter o curso chamado de basic life support (BLS), ou suporte de vida básico. Ele é ministrado para não médicos que se habilitam em iniciar o atendimento de uma parada cardíaca ou, como também chamamos, parada cardiorrespiratória.
O maior erro que vemos nos atendimentos de um colapso de um atleta ou de um esportista num parque, clube ou mesmo numa corrida não oficial, onde não se conta com plantão médico no local, são pessoas de boa fé tentando carregar a vítima para transportá-la de carro para um pronto-socorro. Nunca se deve fazer isso, o plano é seguir os pontos que citamos acima e aguardar a chegada da ambulância com um médico.
A chance de salvar uma vida numa parada cardíaca se esvai em três minutos se não se iniciarem as manobras de massagem cardíaca. Nas estatísticas, não passam de 10% os que sobrevivem se o fato ocorrer fora de um hospital usando o DEA. Sem ele, é praticamente nula a chance de sobrevida. As entidades esportivas devem esquecer de comprar uma ambulância antes de ter uma equipe treinada e com equipamentos necessários para atender uma parada cardiorrespiratória
Leis municipais obrigam academias a ter funcionários e profissionais de educação física com treinamento para atender uma parada cardíaca com desfibrilador. Porém, são raras as que têm. Pior, grande parte delas nem tem um DEA.
Por: Nabil Ghorayeb — São Paulo
Fonte: Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUC-SP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715, Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. (Foto: EuAtleta) — Foto: EuAtleta
Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/09/03/parada-cardiaca-o-que-fazer-e-como-realizar-os-primeiros-socorros-ate-a-chegada-do-medico.ghtml