Ovo pode aumentar colesterol? Veja mitos e verdades
Entenda quais são os prós e contras deste alimento tão importante nutricionalmente e que ajuda na hipertrofia e no emagrecimento
Antes considerado vilão, o ovo é, hoje, visto como aliado da saúde, segundo estudos mais recentes. Mas, em meio a tantas informações, qual é o real papel deste alimento tão presente na dieta dos brasileiros? O ovo aumenta os níveis de colesterol? Tem hormônios? É melhor comer só a clara? Confira, nesta reportagem, quais são os mitos e verdades sobre o ovo.
Ovo pode aumentar colesterol? Depende.
Ovo pode aumentar colesterol? Deve-se comer só a clara? Ajuda no emagrecimento? E na hipertrofia? – Foto:(Reprodução/istock)
O ovo é um alimento de baixo custo, versátil e muito rico nutricionalmente, sendo fonte de proteínas, vitaminas A, D, E e do complexo B e minerais como ferro, fósforo e selênio. Entretanto, devido à elevada quantidade de colesterol (acima de 200mg por unidade) nele presente, por muito tempo se recomendou o consumo restrito de ovos em uma dieta saudável, considerando a diretriz de limitação da ingestão de colesterol a 300mg por dia.
Porém, estudos recentes indicam que o colesterol obtido por meio da alimentação tem menos influência do que se imaginava no aumento do nível de LDL, o colesterol ruim, e no crescimento de mortalidade por doenças cardiovasculares.
Segundo a última diretriz brasileira sobre dislipidemia (aumento anormal de gorduras no sangue), o consumo moderado de ovo não aumenta significativamente o nível de colesterol ruim em pessoas saudáveis.
Mas qual é o consumo seguro de ovo? O número de unidades que podem ser consumidas varia conforme a dieta, a genética, o histórico familiar, as doenças existentes e o próprio preparo do alimento.
Em linhas gerais, consumir um ou dois ovos inteiros (clara e gema) por dia não é provoca alterações no colesterol ruim em pessoas saudáveis.
Para quem gosta muito de ovo e consome acima disso, bem como aqueles que recorrem ao alimento para hipertrofia devido aos altos níveis de proteína, é necessário fazer acompanhamento com profissional de saúde.
Segundo a médica nutróloga Isolda Prado, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), “para indivíduos que têm colesterol alto, principalmente de origem familiar, é importante controlar a gestão dos ovos para até duas gemas de ovo diárias”, pois essa quantidade representa o limite tolerável de 400mg de colesterol.
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É melhor comer só a clara do ovo? Mito.
Já que o colesterol está na gema, seria melhor comer descartá-la e consumir só a clara? Isso depende do objetivo nutricional de cada pessoa.
Idealmente, tanto a clara quanto a gema devem ser consumidas, de acordo com a nutricionista Tais Rodrigues.
— A clara do ovo é rica em aminoácidos essenciais e em uma proteína chamada albumina, importante para a síntese muscular e a perda de peso. Já a gema do ovo possui concentração de cálcio, ferro, zinco e vitaminas A e do complexo B, entre outras.
Portanto, quem está buscando hipertrofia e/ou está em restrição calória pode optar pela estratégia de não comer a gema, já que a clara tem baixo teor de gordura e calorias e ainda conta com a proteína necessária para os músculos. Entretanto, na clara não há os benefícios de outros nutrientes, como vitaminas, ácidos graxos e antioxidantes.
A nutricionista Heloísa Theodoro, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), chama atenção para a preparação do ovo. Se é frito ou cozido, por exemplo, e quais são os acompanhamentos. Isso tudo influencia na qualidade nutricional.
Ovo é alimento completo? Verdade.
O ovo é considerado um dos alimentos mais completos, do ponto de vista nutricional, entre os que pertencem ao grupo de proteínas. Ele contém proteínas de alto valor biológico, vitaminas (como as do complexo B e A), minerais (como fósforo e ferro), antioxidantes e ácidos graxos essenciais, todos em uma combinação que favorece a saúde.
Em 100g de ovo, há cerca de 7g de proteína de fácil digestão, além de outros nutrientes cruciais para o bom funcionamento do corpo. Segundo Tais, o ovo “é alimento rico em nutrientes e uma fonte completa de proteína, que aumenta o gasto energético durante a digestão”.
Uma análise de estudo realizada pelo pesquisador Luzimar Teixeira, da Universidade de São Paulo (USP), sobre trabalho da Associação Americana do Coração mostrou que os ovos também contêm colesterol bom, o HDL além de luteína e zeaxantina, antioxidantes com efeitos benéficos na saúde ocular, ajudando a prevenir doenças como a degeneração macular relacionada à idade.
O alimento ainda tem a presença de nutrientes como a colina, que auxilia na redução dos níveis de homocisteína, fator de risco para doenças cardíacas.
Ovo faz bem para a saúde? Verdade.
O ovo pode fazer bem para a saúde, desde que consumido sem exageros e dentro de uma dieta balanceada. Ele é um alimento nutritivo e uma excelente fonte de proteínas de alta qualidade, vitaminas, minerais e antioxidantes importantes para várias funções do corpo. Contém também todos os aminoácidos essenciais que o corpo não consegue produzir sozinho. E as proteínas são fundamentais para a construção e reparação dos tecidos, produção de enzimas e hormônios, além de ajudar no fortalecimento muscular.
Ovo ajuda a emagrecer? Verdade.
O ovo é uma boa opção para quem está tentando perder peso, pois é rico em proteínas que aumentam a sensação de saciedade. Isso pode ajudar a controlar o apetite e reduzir o consumo de calorias ao longo do dia.
Além disso, segundo Tais, o ovo “é capaz de promover emagrecimento sem flacidez, por causa do aporte proteico que possui”.
Ovo ajuda na hipertrofia? Verdade.
O ovo é uma excelente fonte de proteína e leucina de alta qualidade, um aminoácido importante para a síntese de proteínas no corpo. Portanto, é um alimento altamente recomendado para quem busca hipertrofia muscular, por contar com todos os aminoácidos essenciais necessários para o crescimento e reparo dos músculos.
Ovo tem hormônio? Mito.
Não, os ovos vendidos comercialmente não contêm hormônios. Embora seja verdade que as galinhas produzem hormônios naturalmente, esses hormônios não são transferidos para os ovos de forma significativa.
Se a pessoa deseja uma opção mais natural, pode optar por ovos orgânicos, que garantem a criação das galinhas sem o uso de hormônios ou antibióticos.
Não é recomendado comer ovo cru? Verdade.
Embora muitas pessoas consumam ovos crus em preparações como molhos ou sobremesas, o consumo de ovos crus pode representar um risco à saúde devido à possibilidade de contaminação por salmonela, uma bactéria que pode causar intoxicação alimentar e está presente na casca do ovo (mas também pode ser encontrada no interior dele).
Para minimizar o risco, é mais recomendado o consumo de ovos bem cozidos ou fritos, já que o calor pode matar qualquer bactéria presente.
Certos cuidados podem ser tomados para a conservação dos ovos:
– Ao comprá-los, atente-se à data de validade e aos dados do fabricante;
– Ovos quebrados e/ou sujos não devem ser consumidos;
– O armazenamento deve ser feito na geladeira, em local higienizado, guardado em recipiente fechado;
Jogue fora a embalagem original do produto;
– Os ovos devem ser lavados antes do uso, e não antes do armazenamento, pois a bactéria pode penetrar na casca.
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Por: Fernanda Lagoeiro, para o EU Atleta — Campinas, SP
Fonte: Tais Rodrigues é nutricionista com especialização em Nutrição Esportiva e Fisiologia do Exercício;
Isolda Prado é médica nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e professora de Nutrologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA);
Heloísa Theodoro é nutricionista, membro do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/reportagem/2024/12/09/c-ovo-pode-aumentar-colesterol-veja-mitos-e-verdades.ghtml