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Os melhores alimentos e hábitos para a saúde do fígado

Entenda como proteger o órgão, responsável por filtrar toxinas e metabolizar gorduras, especialmente da esteatose hepática

Cuidar da saúde do fígado é uma necessidade, especialmente para evitar acúmulo de gordura, no que é chamado de esteatose hepática, mas não só por isso. Responsável por filtrar toxinas e metabolizar gorduras, o fígado pode sofrer com a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos e frituras. A boa notícia é que é possível mantê-lo saudável com uma alimentação rica em nutrientes específicos.

A médica hepatologista Thais Guaraná detalha a importância do fígado para a síntese de proteínas que atuam na imunidade e em fatores hormonais e de coagulação. Como é o responsável por filtrar todas as substâncias ingeridas pelas pessoas, o órgão é prejudicado por uma alimentação ruim.

Segundo a nutricionista Stephanie Carvalho, além de alimentos como gengibre, couve e frutas cítricas, os famosos sucos detox ou “shots funcionais” são uma forma prática de ingerir nutrientes antioxidantes, que auxiliam o funcionamento do fígado.

Fígado é um orgão responsável por fazer a filtragem de toxinas no corpo humano — Foto: iStock

O médico hepatologista Pedro Falcão pondera que não há alimentos que atuem diretamente no fígado, mas sim aqueles que, por serem benéficos para a saúde de modo geral, ajudam o órgão “por tabela”.

Para além da alimentação, os especialistas ressaltam a importância da realização regular de atividades físicas, que, por contribuir para a queima de gordura acumulada, beneficia o fígado.

O que consumir:

– Frutas, especialmente as cítricas;

– Vegetais;

– Carboidratos complexos, como integrais, derivados de aveia, castanhas e tubérculos, como mandioca, batata-doce, cenoura e beterraba;

– Gorduras boas, como os presentes em azeite de oliva extravirgem e abacate;

– Peixes, especialmente o salmão;

– Café.

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O que evitar consumir:

– Frituras;

– Comidas gordurosas;

– Doces e alimentos com açúcar adicionado;

– Alimentos industrializados, processados e ultraprocessados;

– Carnes processadas como presunto, peito de peru, salsicha, linguiça e bacon;

– Refrigerante;

– Bebida alcoólica.

Esteatose hepática

Esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado, é a principal preocupação quando se trata do órgão — Foto: iStock

A principal doença que acomete o fígado é a esteatose hepática, conhecida popularmente como gordura no fígado. Trata-se de uma uma doença “traiçoeira”, uma vez que não causa sintomas até chegar à fase mais avançada.

— Nesses casos, pode causar cirrose hepática e câncer de fígado e determinar a necessidade de transplante do órgão alerta Thais.

Segundo a hepatologista, a maioria dos indivíduos com a doença apresenta problemas para além do fígado. Há aumento do risco cardiovascular e de tumores malignos em associação com elevação da possibilidade de complicações hepáticas.

— Essa doença tem relação direta com obesidade e sobrepeso, sedentarismo, diabetes e dislipidemia. Ou seja, assim como 80% das principais doenças crônicas conhecidas, tem origem nos hábitos de vida comenta a médica.

No caso de uma doença originada em hábitos, principalmente alimentares, a grande dúvida é: qual a alimentação ideal para promover a saúde do fígado? Apesar de existirem alimentos muito ligados ao bom funcionamento do órgão e, de fato, ajudarem no tratamento da esteatose hepática – o processo não se resume a comer alimentos específicos.

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Alimentação para a saúde do fígado

A literatura científica traz uma visão abrangente: para tratar a gordura no fígado, é necessária uma redução da gordura corporal como um todo. Isso, por consequência, tende a baixar os níveis da gordura neste órgão em específico.

— Se você tem uma alimentação balanceada nos macronutrientes e micronutrientes, estará gerando saúde para o organismo como um todo. Não existe comprovação científica de chás ou ervas naturais que vão desintoxicar o fígado diretamente opina Pedro.

Por outro lado, o hepatologista reforça que os alimentos mais conhecidos como benéficos para o fígado são bons para a saúde de modo geral. Com isso, por tabela, o fígado estará sendo beneficiado por uma alimentação saudável e rica em nutrientes.

É esse o resultado deste estudo, publicado em 2022, que vê o impacto de frutas nos biomarcadores do fígado e na resistência insulínica nos pacientes com esteatose hepática. Ele concluiu que uma dieta rica em frutas, consumindo alguma delas em mais de quatro refeições durante o dia, ajuda a combater a gordura no fígado e controla o índice glicêmico e a resistência insulínica.

Adicionando contexto, Thaís indica que a maioria dos estudos mostra que o maior benefício na saúde do fígado se revelou em indivíduos que adotaram um padrão de alimentação mediterrânea. Esse tipo de dieta é caracterizada por uma alimentação rica em vegetais, baixa ou nenhuma ingestão de alimentos processados e com consumo regular de carboidratos complexos e gorduras saudáveis.

Gorduras saudáveis, como ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados, estão presentes em alguns dos alimentos indicados por Stephanie, como azeite de oliva extravirgem, abacate e peixes.

Além disso, a médica hepatologista afirma que a alimentação mediterrânea também conta com baixo consumo de carne vermelha e laticínios, além do controle das calorias diárias ingeridas, ponto reforçado por Pedro. O objetivo maior é o controle do peso do indivíduo para, dessa forma, eliminar gordura corporal e, consequentemente, do fígado.

Dieta mediterrânea para a saúde do fígado

Dieta mediterrânea é originária de países como Espanha, Itália e Grécia – Foto: (Reprodução/Internet)

A médica atesta, que além de promover um processo que culmina na saúde do fígado, a dieta com padrão mediterrâneo é cardioprotetora. Isso que determina benefício fundamental para indivíduos com esteatose hepática, uma vez que pacientes com gordura no fígado comumente apresentam aumento da gordura visceral e do risco cardiovascular.

Outra vantagem desse tipo de alimentação, segundo Thaís, é a maior aderência a longo prazo por causa da saciedade e do bem-estar geral promovido pela dieta. Isso evita o efeito de oscilação do peso, o famoso “efeito sanfona”, comum em dietas muito restritivas e que pode promover aumento da inflamação e das complicações no fígado.

— Os vegetais são a base da dieta mediterrânea. São fontes de múltiplas vitaminas e, por oferecerem energia com baixo aporte de calorias, são protetores para o fígado.

Por outro lado, há o alerta: o consumo de frutas frescas é benéfico, desde que não sejam consumidas em quantidades exageradas. Isso porque o excesso de calorias, mesmo considerando que sejam provenientes de alimentos saudáveis, pode determinar depósito de gordura no fígado.

A médica ressalta que a dieta mediterrânea também é rica em vitaminas e polifenóis, substâncias que atuam para renovação celular do órgão e diminuem o estresse oxidativo – que é a causa da inflamação crônica no fígado e suas complicações.

— Há também estudos mostrando que a dieta mediterrânea, pelos efeitos anti-inflamatórios, confere neuroproteção e proteção contra cânceres, que surgem frequentemente como resultado de processos inflamatórios persistentes em diferentes órgãos reitera a hepatologista.

Por outro lado, qualquer dieta hipercalórica, especialmente se for rica em gorduras saturadas, carboidratos refinados, alimentos processados e bebidas adoçadas, tem o efeito contrário. Irá contribuir para fornecimento de substrato energético que será depositado no fígado na forma de gordura e, consequentemente, comprometerá a saúde do órgão.

Bebida alcoólica x café

Foto: (Reprodução/Internet)

Quando ingerido em quantidades acima de 20 gramas por dia para mulheres (uma lata de cerveja ou uma taça de vinho) e 30 gramas por dia para homens (duas latas ou duas taças), o álcool está claramente associado ao aumento do risco de complicações crônicas no fígado.

— Também não temos dados para dizer que quantidades menores que estas ingeridas regularmente sejam seguras para a saúde. O álcool pode aumentar o risco de cânceres em diversos órgãos e outras lesões crônicas, como doença renal e cardíaca, e promover progressão de doenças do fígado em indivíduos com predisposição genética ou outras doenças hepáticas coexistentes adverte Thais.

Como recurso alimentar para proteger o fígado, recomenda-se o consumo de café. Devido às propriedades antioxidantes, é uma bebida que protege o fígado dos efeitos da progressão da inflamação causada pela gordura ou outras eventuais agressões.

Finalmente, a nutricionista reforça que é importante investir principalmente em alimentos ricos justamente em propriedades antioxidantes. São eles que vão ajudar a neutralizar radicais livres, moléculas instáveis que podem gerar doenças degenerativas.

Todas estas recomendações servem como orientação geral para uma alimentação mais saudável e protetora do fígado. Uma orientação nutricional deve ser individualizada e realizada com avaliação e acompanhamento de profissional especializado. Assim, as condições especificas de cada indivíduo são levadas em consideração para que se garanta o melhor tratamento para cada pa

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Por: Guilherme Ramos, para o EU Atleta — São Paulo

Fonte: Stephanie Carvalho é nutricionista do Instituto Saúde Urbano. Formada em Nutrição pela Universidade Católica de Santos (Unisantos), é pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e especialista em Modulação Intestinal.

Thais Guaraná é médica hepatologista, professora de Gastroenterologia e Hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro titular da Sociedade Brasileira de Hepatologia, além de ter certificação Internacional em Medicina do Estilo de Vida.

Pedro Falcão é médico hepatologista. Formado pela Universidade de Pernambuco (UPE), possui duas duas residências médicas, uma em Clínica Médica e outra em Hepatologia. Atua como hepatologista no Real Hospital Português de Pernambuco e na unidade de transplante de fígado do Hospital Universitário Oswaldo Crus.

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/reportagem/2024/06/14/c-os-melhores-alimentos-e-habitos-para-a-saude-do-figado.ghtml

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