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Óleo de coco: o que é, benefícios e mitos

Derivado da polpa seca do coco, o óleo de coco passou a ser procurado para utilização em receitas que prometem emagrecimento

De vez em quando, alguns produtos acabam se popularizando rapidamente no mercado brasileiro, sobretudo, influenciados pela mídia. O óleo de coco é um exemplo disso. Derivado da polpa seca do coco, ele passou a ser procurado para utilização em receitas que prometem emagrecimento e até como hidratante para a pele e o cabelo.

Inclusive, essa tendência não é particular do Brasil. Hoje, cerca de 62% da produção mundial de copra (a polpa seca do coco) é destinada à fabricação do óleo de coco. Entre 2016 e 2020, o consumo do produto na alimentação e na indústria teve um aumento de 14,7%, tornando a produção insuficiente para suprir o mercado global.

Mas, dentre esses números e os diversos boatos que circulam sobre o produto, o consumidor pode ser assombrado por algumas dúvidas. Quais são os reais benefícios do óleo de coco? Ele realmente é capaz de influenciar no emagrecimento? É um alimento saudável? Posso inseri-lo na alimentação sem restrições?

Neste artigo, explicamos a você exatamente o que é o óleo de coco e solucionamos questões a respeito deste produto. Leia os tópicos a seguir e tome decisões de compra mais conscientes.

O que é o óleo de coco e como consumi-lo?

O óleo de coco é um produto derivado da polpa seca do coco maduro – especificamente da espécie Cocos nucifera Linnaeus. Por ser muito resistente à oxidação e às altas temperaturas e ter um sabor levemente adocicado, ele é muito conhecido por ser utilizado como ingrediente no preparo de gorduras para a confeitaria.

Esses atributos tornam ele também um excelente acompanhamento para saladas e grelhados, além de substituto da manteiga de cacau. Porém, recentemente, esse produto passou a ganhar fama como um ingrediente capaz de auxiliar na perda de peso, e é com isso que o consumidor deve tomar cuidado.

Para gordura, recomenda-se o consumo de até 10% das calorias totais consumidas diariamente. Esse consumo deve ser equilibrado quanto ao perfil lipídico, ou seja, deve contemplar gorduras saturadas (como óleo de coco) associadas a gorduras insaturadas com fontes monoinsaturadas (azeite extra virgem, abacate, avelã, azeitona, etc.), poliinsaturadas do tipo ômega-3 (salmão, atum, linhaça, sardinha, etc) e ômega-6 (nozes, semente de girassol, amendoim), sendo este último numa menor proporção comparado ao ômega-3.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, muito embora os aspectos nutritivos e funcionais favoráveis sejam relacionados ao óleo de coco, do ponto de vista clínico existe uma relação de causalidade entre o consumo de alimento fonte com elevada concentração de gordura saturada e aumento dos níveis de LDL-c. Em termos de associação a eventos cardiovasculares, a recomendação para o consumo moderado do óleo de coco seria indicada, essencialmente, a aqueles pacientes com fatores de risco cardiovascular prévios.

Quais são seus benefícios?

Os benefícios do óleo de coco ainda são alvos de estudos mundialmente, e não se conhece muito sobre as reais vantagens que ele fornece ao consumo humano. O que podemos confirmar é que esse produto é, sem sombra de dúvidas, melhor do que outras fontes de gordura saturada.

Isso porque ele contém um nível elevado de ácidos graxos de cadeia média (AGCM), principalmente o ácido láurico – muito utilizado na indústria cosmética e na alimentícia. Isso reduz os efeitos prejudiciais, em comparação às gorduras saturadas de origem animal.

O óleo de coco extra virgem, que é a versão ideal do produto, tem ação anti-inflamatória e é composto por vitaminas A, D, E e K. Ele ainda contém triglicerídeos que se transformam em monolaurina após o consumo. Esta substância tem propriedades antibactericidas, antifúngicas e antivirais, capazes de fortalecer a imunidade.

O óleo de coco faz emagrecer?

Entretanto, essas particularidades do óleo de coco e outros possíveis benefícios do produto não estão relacionados ao emagrecimento. Em 2017, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) chegaram a divulgar um comunicado alertando sobre o uso do óleo de coco para esse objetivo.

Não há nenhuma comprovação científica que certifique o papel do produto na perda de peso. O que acontece é que, nessa procura infindável das pessoas por alimentos milagrosos capazes de emagrecer, o óleo de coco passou a ser mais um alvo de boatos.

Não existe fórmula mágica para emagrecer e o consumo exagerado desse derivado do coco pode provocar danos à saúde – assim como o excesso de qualquer óleo na alimentação. Ele também possui efeito hipercolesterolêmico, não sendo indicado para pessoas com problemas de colesterol alto.

O ideal é consumi-lo moderadamente, de forma equilibrada, e sem esperar quaisquer benefícios relacionados ao emagrecimento.

Como escolher o óleo de coco ideal?

Na hora de decidir qual óleo de coco levar para casa, prevalece a orientação de sempre prestar atenção ao rótulo do produto, incluindo:

– a lista de ingredientes, onde você pode observar a real composição do produto e verificar a ausência de conservantes, adoçantes artificiais ou açúcar;

– a tabela nutricional, incluindo o valor energético e o teor de nutrientes. Essas informações são essenciais para que o consumidor compreenda o que está sendo ingerido;

– ve as datas de fabricação e validade, que garantem que você leve para casa o produto mais fresco (o que tiver a data de envase mais próxima).

O óleo de coco deve ser mantido em local seco e longe de qualquer fonte de calor. Aqueles óleos envasados em embalagens transparentes devem, ainda, ser armazenados ao abrigo da luz.

Em 15 de março de 2021, a ANVISA publicou a RDC 481 que dispõe sobre os requisitos sanitários para óleos e gorduras vegetais. Essa resolução determina os novos requisitos de identidade, composição de ácidos graxos, qualidade e rotulagem do óleo de coco e deve entrar em vigor em março de 2022.

Não acredite em nenhum produto que indique, em seu rótulo, que o óleo de coco auxilia no emagrecimento ou tenha propriedades terapêuticas. Algumas marcas do mercado advertem, inclusive, sobre a ausência de evidências científicas que comprovem alguns destes e outros mitos relacionados ao produto.

Tome decisões mais conscientes com a PROTESTE

A reputação não comprovada do óleo de coco como facilitador da perda de peso é apenas um dos inúmeros boatos e mitos envolvendo o consumo de certos produtos. O consumidor brasileiro é constantemente influenciado pelo que ouve nas ruas e o que é distribuído por meio da mídia e dos canais de comunicação.

Porém, essas informações nem sempre estão comprometidas com a verdade e podem acabar prejudicando você na hora de escolher o que levar para casa. É neste cenário que a PROTESTE busca atuar, conscientizando os consumidores brasileiros sobre seus direitos e esclarecendo dúvidas e mitos relacionados aos produtos e serviços.

Somos a maior associação de consumidores da América Latina e estamos há mais de 20 anos buscando cumprir esses objetivos. Além do blog Minha Saúde, também atuamos na área da alimentação e saúde realizando testes de qualidade em diversos tipos de produtos.

Esses estudos são realizados em laboratórios devidamente credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). e seus resultados funcionam como indicadores dos melhores itens disponíveis no mercado. Faça parte da PROTESTE e tenha acesso exclusivo aos nossos testes.

Por: Redação PROTESTE

Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

ANVISA

blog Minha Saúde

Transcrito: https://minhasaude.proteste.org.br/oleo-de-coco/

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