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Obesidade: quais as consequências na saúde física e mental

Médico endocrinologista Guilherme Renke explica quais são as interações entre causas e efeitos em quem é obeso

A obesidade é uma condição crônica que vai além de uma questão estética, representando um dos principais desafios de saúde pública no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 650 milhões de adultos vivem com obesidade, condição que aumenta os riscos de outras doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.

Além da saúde física, a saúde mental também pode ser afetada, sendo também uma causa direta. Logo, a conscientização e o manejo adequado são essenciais para prevenir e tratar a obesidade, destacando a importância de políticas públicas, acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.

Por exemplo, o cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”, pode causar uma redistribuição do tecido adiposo branco principalmente para a região abdominal e, além disso, aumentar o apetite com preferência por alimentos energéticos (“alimentos de conforto”), muitas vezes ricos em açúcares e pobres em nutrientes.

Obesidade: quais as consequências na saúde física e mental – Foto:(Reprodução/Internet)

Curiosamente, em nossa sociedade moderna, a pandemia da obesidade coincide com o crescimento dos fatores que aumentam a produção de cortisol, como estresse crônico, consumo de alimentos com alto índice glicêmico e redução da quantidade de sono. Isso sugere um círculo vicioso, em que o aumento da ação do cortisol, a obesidade e o estresse interagem e amplificam uns aos outros.

A alimentação emocional é o ato de comer em resposta a emoções negativas ou estresse, muito presente na vida de pessoas com problemas emocionais e transtornos alimentares.

O estresse e emoções negativas podem minar o autocontrole em relação à ingestão alimentar, fazendo com que o corpo aja como se estivesse em modo de fome. É marcada geralmente por uma baixa consciência dos sentimentos de fome e saciedade.

Sentir-se deprimido normalmente está associado à perda de apetite e à perda de peso subsequente. Existe, no entanto, um subtipo de depressão que se caracteriza pelas características típicas do aumento do apetite e do ganho de peso subsequente.

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A alimentação emocional tem sido considerada um marcador desse subtipo de depressão, porque compartilha com este subtipo a característica típica do aumento do apetite em resposta à angústia, como sentimentos de depressão.

Higor Caldato, psiquiatra especialista em psicoterapias e transtornos alimentares, argumenta que a obesidade é um gatilho para quadros emocionais e o contrário também é verdadeiro. Quadros como depressão, compulsão alimentar, transtorno de ansiedade e esgotamento profissional estão entre os que mais se relacionam com a obesidade.

— Sou especialista em transtornos alimentares e percebo que o comportamento alimentar começa a ser alterado na rotina estressante das pessoas. O sinal amarelo começa a ascender por meio do beliscamento, da fuga emocional nos doces e carboidratos, da dificuldade em parar ou evitar de comer. Isso tudo vai se instalando e revelando, em alguns casos, a obesidade como uma das principais consequências físicas.

Quanto ao fator social, o especialista aponta que os impactos que as pessoas obesas enfrentam, como o prejuízo à saúde mental, baixa autoestima e dificuldade de acesso ao cuidado médico, são em grande parte resultado de fatores externos como discriminação, preconceito e pressão social, e não algo que elas escolhem de maneira deliberada ou causam intencionalmente a si mesmas.

Fisicamente, a obesidade pode causar uma série de outros problemas, incluindo dificuldades com atividades diárias e condições graves de saúde. Os problemas do dia a dia relacionados à obesidade incluem:

Foto:(Reprodução/Internet)

– Falta de ar;

– Aumento do suor;

– Ronco;

– Dificuldade em fazer atividade física;

– Cansaço recorrente;

– Dor articular;

– Baixa confiança e autoestima;

– Sentimento de isolamento.

Referências:

van der Valk, E. S., Savas, M., & van Rossum, E. (2018). Stress and Obesity: Are There More Susceptible Individuals?. Current obesity reports, 7(2), 193–203

van Strien T. (2018). Causes of Emotional Eating and Matched Treatment of Obesity. Current diabetes reports, 18(6), 35

Fonte convidada:

Higor Caldato é psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares. Graduado em Medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA), fez residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também na UFRJ.

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Por: Guilherme Renke

Fonte: Guilherme Renke, Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2024/11/22/obesidade-quais-as-consequencias-na-saude-fisica-e-mental.ghtml

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