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Obesidade controlada: perder 10% do peso reduz riscos para a saúde

De acordo com novo estudo brasileiro, essa redução já melhora os índices de glicose e colesterol, a pressão arterial e a apneia do sono, sendo uma estratégia que vale até para agravamentos da Covid-19: médico endocrinologista da USP, responsável pela pesquisa, explica

Para quem convive com a obesidade, perder 10% do peso já reduz riscos para a saúde. O indivíduo já nota, por exemplo, melhora nos índices de glicose, colesterol, na pressão arterial e até na apneia do sono, problema comum entre quem está acima do peso. Essa redução percentual é o que dois médicos endocrinologistas brasileiros definem como “obesidade controlada”, em artigo publicado no fim de agosto no Journal of Endocrinological Investigation. E pode ser uma estratégia importante para muitas pessoas. Afinal, emagrecer não é fácil. Se quem busca perder alguns quilinhos já enfrenta um desafio, entre indivíduos obesos esse processo de diminuição do peso e da gordura corporal exige ainda mais esforço e dedicação, uma vez que requer tratamento e, em alguns casos, cirurgia. Embora ao enfrentar esse quadro muitos queiram atingir o peso considerado normal e um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9 kg/m², uma redução de 10% no peso e no IMC já oferece inúmeros benefícios à saúde. Não há problema em ter esses objetivos, claro. Acontece que essa diminuição percentual, alcançada por meio de estilo de vida ativo, dieta e medicamentos, certas vezes, é capaz de reduzir riscos de diversas doenças crônicas e agravamento de infecções, como a Covid-19. Mas o que é essa obesidade controlada?

Ao perder os 10% do peso propostos pela obesidade controlada, pessoa já melhora glicose, pressão e colesterol, entre outros quadros — Foto: Internet

Para entender esse conceito, conversamos com um dos criadores do termo, o médico Marcio Mancini, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo (Sbem-SP). O endocrinologista contextualiza que, para muita doenças, a Medicina determina alguns limites que separam o paciente que está bem controlado da enfermidade e aquele que não está. Quando se trata de obesidade, há a preocupação do indivíduo em normalizar o peso, embora esse não deva ser o objetivo principal. Para esclarecer, o médico faz um paralelo com o diabetes. No caso dessa outra doença crônica, considera-se o diabetes controlado quando a hemoglobina glicada está abaixo de 7%. O diabético não precisa ser normalizar o exame, mas ficar abaixo desse limite já ajuda muito.

Segundo Mancini, com a obesidade controlada, o princípio é o mesmo, ou seja, o objetivo do tratamento não é normalizar o peso. O endocrinologista reconhece que é legítimo a pessoa obesa querer alcançar um peso melhor ou mesmo aquele considerado normal, inclusive do ponto de vista estético, o que também não é um problema. Entretanto, o foco primário do tratamento deve ser perder 5% a 10% do peso, o que pode ser alcançado em período de dois a três meses, em média. Conforme o médico, mesmo que esteticamente o paciente ainda não esteja satisfeito, se perder 10% do peso, terá uma melhora muito grande da saúde.

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– A questão é que muitas vezes o indivíduo não toma uma atitude porque se sente muito distante do objetivo, do peso normal. Uma pessoa que tem 100 kg deveria pesar 75 kg. Não é simples perder 25 kg. Mas se perder 10 kg, ou mesmo 5 kg, sua saúde melhorará bastante. A pessoa também pode se sentir mais motivada com o tratamento – observa Mancini, acrescentando que obesidade é uma doença e, como toda enfermidade, deve ser enfrentada no sentido de melhorar a saúde do paciente.

O endocrinologista lembra que o excesso de peso está associado a diversos riscos. De acordo com Mancini, há mais de cem problemas de saúde relacionados à obesidade, como quadros de diabetes, hipertensão, apneia do sono e até Alzheimer; no caso específico das mulheres, há o risco de complicações na gestação e de dificuldades durante o parto. Dessa maneira, em qualquer especialidade da medicina, o médico terá contato com alguma condição relacionada ao excesso de peso.

Para definir o percentual de 10% como meta da obesidade controlada, Mancini e o também endocrinologista Bruno Halpern basearam-se em resultados de estudos sobre obesidade. Conforme os médicos apontam no artigo publicado no Journal of Endocrinological Investigation, 5% a 7% de perda de peso levam à redução da resistência à insulina, glicemia, triglicerídeos, pressão arterial e deposição de gordura ectópica, que, presente fora do tecido adiposo, pode afetar órgãos como fígado. Aumentando a redução para 10%, além dos benefícios anteriores, pacientes com doença hepática não alcoólica, por exemplo, observam efeitos na fibrose hepática.

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– Se essa pessoa tem 95 kg e perde 10% e vai para 85 kg, teve uma melhora muito grande da saúde. Às vezes o paciente tem a expectativa de perder muito mais e troca ou abandona o tratamento. Mas perder 10% do peso, do ponto de vista metabólico, é muito bom mesmo que a pessoa permaneça com peso um pouco acima do normal – enfatiza o médico, acrescentando que pessoas obesas encontram dificuldade inclusive para a realização de exames como tomografia e ressonância, quando não deixam de realizar check-ups por não se sentirem acolhidos, o que contribui para o agravamento de sua saúde.

Como reduzir 10% do peso

Obesidade controlada depende de estilo de vida ativo, que inclua ainda exercícios físicos — Foto: Internet

Quando o paciente está muito acima do peso, Mancini comenta que o enfrentamento do problema pode demandar cirurgia bariátrica. No entanto, quando o tratamento clínico é indicado, por meio de dieta, exercícios físicos e, dependendo do quadro, medicamentos, é possível alcançar a redução de 10% do peso proposta com a obesidade controlada ou mesmo 15%.

– O tratamento sempre terá modificações do estilo de vida. Essas orientações precisam ser individualizadas. As atividades físicas indicadas para uma pessoa e para outra podem ser completamente diferentes. É preciso que ela se encaixe no estilo de vida da pessoa. Há quem goste de natação, mas há quem possa preferir ir a pé para o trabalho. Com a dieta também é assim, algumas pessoas reduzem carboidrato outras fazem jejum intermitente. Mas sempre deve haver restrição de calorias para ter sucesso – explana o médico.

O endocrinologista argumenta que um estilo de vida ativo, prática de exercícios físicos e dieta são essenciais para perder peso e manter os resultados alcançados. Contudo, faz um alerta: a pessoa com obesidade tem uma suscetibilidade biológica para ganhar peso. Se indivíduos magros que não necessariamente têm um estilo de vida ativo e consomem muitas calorias apresentam uma proteção genética que evita que engordem, obesos podem ter uma facilidade maior para aumentar os quilos.

– Obesidade costuma ser considerada como falta de força de vontade ou de caráter. Não é A pessoa faz atividade física razoável e tenta controlar a alimentação, mas tem um organismo que faz com que ela engorde com mais facilidade. É por isso que é preciso tratamento médico ou cirúrgico. Obesidade é uma doença e precisa ser vista com mais respeito – discorre o médico, enfatizando que, ao contrário de taxar a pessoa obesa como desleixada e preguiçosa, é fundamental acolhê-la.

Obesidade controlada e Covid-19

Mesmo adotando cuidados necessários, pessoa obesa pode ter dificuldades para emagrecer e precisa de acolhimento e respeito — Foto: Internet

Mancini chama atenção para a relação entre obesidade e a Covid-19. O médico destaca que os casos das infecções pelo SARS-CoV-2 são mais graves em pessoas obesas, que mais comumente precisam de entubação, e a mortalidade é maior entre esses pacientes, inclusive quando são mais jovens.

– Sabemos que obesidade leva a doenças crônicas não transmissíveis, como colesterol alto, diabetes e hipertensão, mas também ao agravamento de epidemias virais. Foi assim com o H1N1, em 2009, e acontece agora com a Covid-19. Apesar de ser nítido que obesidade aumenta o risco de casos mais graves de Covid-19, isso é pouco falado – considera Mancini, emendando que, por causa do excesso de peso, o paciente obeso também encontra dificuldades para realizar exames importantes no diagnóstico e tratamento da doença causada pelo SARS-CoV-2, como a tomografia.

Dessa maneira, conforme exposto no artigo em que é proposto o termo obesidade controlada, o endocrinologista reforça que buscar a redução de 10% do peso é ainda mais importante durante a pandemia do novo coronavírus. Além de reforçar os cuidados com higienização das mãos, uso de máscara e distanciamento social, quem está acima do peso deve cuidar da alimentação, manter-se ativo e praticar exercícios físicos regularmente.

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– As pessoas estão confinadas em casa e muitas vezes não estão tomando nenhuma medida em relação ao excesso de peso. Mas se perderem 5%, 10% terão uma redução de riscos até mesmo em relação à Covid-19. Há um pensamento de que fazer dieta prejudica a imunidade, mas o obeso tem uma imunocompetência muito pior. Fazer dieta, exercícios e perder um pouco de peso melhora a imunidade. Apesar de todas as dificuldades por causa da pandemia, hoje há a telemedicina e a pessoa pode pensar em melhorar o estilo de vida e alimentação e tratar o excesso de peso – constata Mancini, lembrando que outros profissionais envolvidos em um programa de emagrecimento, como nutricionistas e profissionais de Educação Física, também realizam esse atendimento on-line.

Por: Gabriela Bittencourt, para o EU Atleta — Aberystwyth, País de Gales

Fonte: Marcio Mancini,v do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo (Sbem-SP)

Bruno Halpern, endocrinologista

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/obesidade-controlada-perder-10percent-do-peso-reduz-riscos-para-a-saude.ghtml

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