O que muda nos cuidados na academia com o fim da emergência da pandemia
Médicos infectologistas explicam o que não é mais necessário e o que pode permanecer como medida protetora em treinos: saem as máscaras, mas fica a etiqueta respiratória
Há uma semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional na pandemia de covid-19. O vírus continua em circulação, mas um grande passo para o fim da pandemia foi dado. O que muda, nesse caso, nos cuidados de atletas amadores ou não em seus treinos em academias de ginástica?
Há algum tempo já não há mais nenhuma restrição, nem para a prática de esportes em ar livre e nem para o exercício em ambiente fechado. Mas é sempre bom mantermos uma etiqueta respiratória a fim de evitar a contaminação. O médico infectologista Antônio Carlos Bandeira, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembra que certos hábitos criados durante a fase anterior devem ser mantidos.
Não há mais necessidade de máscaras ou de distanciamento social — Foto: Reprodução/Internet
– Nós não temos mais nenhuma necessidade de distanciamento entre as pessoas, e o uso de máscaras não é mais obrigatório. O importante é manter a etiqueta respiratória, ou seja, se você for tossir ou espirrar, deve sempre usar o cotovelo na frente da boca e do nariz para impedir que haja a aerossolização (dispersão no ar de material líquido ou solução). Outra coisa importante é que as pessoas que apresentam algum sintoma respiratório usem máscara se forem ter contato com alguém – recomenda Antônio Carlos Bandeira.
O que muda
Máscaras não são mais necessárias — Foto: Reprodução/Internet
– Não há mais nenhuma restrição de treinos em ambientes abertos ou fechados;
– Não há necessidade de distanciamento entre as pessoas;
– Não é mais obrigatório nem necessário o uso de máscara. A não ser, claro que a pessoa esteja doente, com sintomas gripais. Nesse caso é válido para proteger o outro.
O que permanece
Na hora de espirrar ou tossir, deve-se proteger o rosto com a parte interna do cotovelo — Foto: Reprodução/Internet
– Etiqueta respiratória – Se for tossir ou espirrar, a pessoa deve sempre usar o cotovelo na frente da boca e do nariz para impedir que haja a aerossolização (dispersão de material líquido no ar);
– Uso de máscara cirúrgica – No dia a dia, deve permanecer para quem estiver com sintomas de viroses. Mas na academia, a recomendação é mais radical:
– Caso manifeste sintomas respiratório, não vá à academia;
– Higienize aparelhos das academias, como halteres, antes e depois de usá-los (álcool em gel ou desinfetante);
– Higienize as mãos depois de tocar aparelhos e cumprimentar pessoas;
– Cuidado ao manusear celulares, que costumam ser objetos sujos.
Etiqueta nas academias
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Em qualquer lugar há risco de contaminação, mas em um ambiente de academia podemos listar três pontos que o tornam um local vulnerável ao contágio:
– Contato com outras pessoas ;
– Uso de aparelhos fixos (esteira e supino) e móveis (halter, bola suíça), que podem estar infectados;
– ‘Aquários’, utilizados, por exemplo, para a prática de spinning e danças.
Higienização das mãos
Foto: Reprodução/Internet
A OMS destacou a urgência da boa higienização das mãos, na última pesquisa global realizada pela organização, sobre implementação de programas nacionais de prevenção e controle de infecções. Por coincidência ou não, o Dia Mundial de Higienização das Mãos é celebrado todo 5 de maio, mesmo dia em que vencemos a fase de Urgência de Saúde Mundial da pandemia do Covid-19.
– É importante fazer a higienização das mãos todas as vezes que cumprimentarmos as pessoas, antes de levarmos as mãos à boca ou aos olhos. Devemos lavar as mão para que a gente não se contamine em potencial com algum vírus respiratório – conclui Antônio Carlos.
Os ‘aquários’ citados acima, por se tratarem de locais com maior aglomeração e menor circulação de ar, são ambientes que favorecem o contágio de vírus, bactérias e fungos. Outro agravante é que, nestes ambientes, geralmente, são realizadas atividade aeróbicas. Assim, o praticante de exercício dispersa muito suor, faz expiração forçada (dispersando líquido no ar), tudo isso num local de confinamento, tornando o risco de contaminação muito maior. Para o professor e médico infectologista da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Alexandre Naime Barbosa, devemos ter cuidados ao mexer no celular e levar as mão aos olhos e à boca.
– Existem alguns estudos que mostram que a tela do celular é mais suja do que o próprio assento sanitário. Estamos sempre manuseando o celular, limpando o suor com as mãos, cumprimentando amigos, o que o torna um objeto sujo e que precisa ser limpo. Sobre as mãos, você pode colocá-las onde quiser, desde que não as leve ao olho, ao nariz e à boca. Higienizar mão e objetos com álcool 70 em gel já resolve. É importante entender também que a higiene não pode se tornar uma paranoia, não tem como estar estéril, masé importante termos certos cuidados – explica Alexandre Barbosa.
O infectologista ainda comenta sobre o uso de máscaras durante atividade física.
– Ainda não há estudos que comprovem a efetividade da máscara em atividades físicas. Suamos muito e as máscaras se molham, o que não é bom para o funcionamento do equipamento. Além disso, é difícil mantê-las em posição correta durante uma atividade intensa. A melhor coisa a fazer é, manifestando sintomas respiratórios: não vá a academia – conclui Alexandre.
Cuidados para a vida
A OMS calcula que mais de 15 milhões de pessoas morreram em decorrência da Covid-19. No Brasil, foram mais 700 mil óbitos pela doença, uma macabra realidade se considerarmos que o país conta com 3% da população mundial e 11% dos mortos no mundo. Atualmente, vivemos numa nova fase da pandemia – deixamos a de Emergência e entramos na de Gerenciamento – difícil enxergar algo positivo depois de tantas perdas, mas, sem dúvida, muito aprendizado foi obtido dessa catástrofe vivida nos últimos anos.
– Nós aprendemos muito com a pandemia. Primeiro, que era fundamental no esporte manter uma distância entre as pessoas. Segundo, a utilização de máscaras para o contato com menos de 1 metro de distância. Terceiro, o afastamento de pessoas com problemas respiratórios, que pudessem sugerir que ela pudesse estar com a doença da pandemia. Então, isso foi muito importante no nosso aprendizado. – explicou o especialista Antônio Carlos Bandeira
Por: Rômulo Quadra — Rio de Janeiro
Fontes: Antônio Carlos Bandeira é médico infectologisra, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Alexandre Naime Barbosa é professor e médico infectologista da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2023/05/12/o-que-muda-nos-cuidados-na-academia-com-o-fim-da-emergencia-da-pandemia.ghtml