O que fazer quando a pressão baixa? O que comer? Veja sintomas
A hipotensão arterial não costuma ser grave, mas pode ser sinal de outras doenças. Entenda
A hipotensão arterial acontece quando a pessoa tem ou está com pressão baixa. Não é considerada uma doença em si, ao contrário da hipertensão, e não costuma ser grave. Mas pode, sim, estar relacionada a outras doenças. Por isso, se os sintomas da hipotensão são frequentes, é preciso consultar um médico cardiologista para descartar a possibilidade de outros problemas associados, pois o quadro pode ter relação com infarto, embolia pulmonar, diabetes e outras doenças graves. No entanto, na maioria das vezes a pressão baixa afeta pessoas saudáveis, já que pode ocorrer naturalmente em dias quentes, por exemplo, especialmente quando há baixa ingestão de água e desidratação; ou ainda quando a pessoa permanece em jejum por períodos longos ou se levanta muito rápido.
O que é hipotensão? Quais os sintomas?
Pressão arterial baixa leva a tontura, falta de ar e até desmaios- Foto: Reprodução/Internet
– É considerada pressão baixa quando os níveis estão menores ou iguais a 90 × 600 mmHg (9 x 6 mmHg ou milímetros de mercúrio);
– Lembrando que acima de 120 x 80 mmHg, a condição já é considerada hipertensão arterial.
A pressão baixa é considerada comum em grupos específicos, como crianças, idosos e gestantes. Muitas pessoas que têm tendência à hipotensão têm também a síndrome vasovagal, que provoca desmaios. A síncope vasovagal não é um problema de saúde grave, mas pode causar transtornos. Ela consiste na diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago, localizado na região da nuca, efeito da demora da chegada de sangue ao coração e ao cérebro, provocando desmaios que não afetam a saúde diretamente, mas podem afetar indiretamente em razão das quedas.
Sintomas
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Entre os sintomas mais comuns da pressão baixa estão:
– Borramento visual (vista escura);
– Sensação de desmaio ou desmaio;
– Palidez;
– Transpiração;
– Fraqueza;
– Calor;
– Náuseas;
– Palpitações.
Como lidar no dia a dia? 7 dicas
Hidratação está entre as importantes recomendações para prevenção de desidratação e de episódios de pressão baixa – Foto: Reprodução/Internet
A médica cardiologista Mariana James lista ações importantes para evitar a queda de pressão:
1. Mantenha-se hidratado – A desidratação também contribui para a baixa pressão arterial;
2. Evite alimentos que causam desidratação, como bebidas alcoólicas – O álcool interage com a pressão arterial;
3. Coma alimentos leves e em quantidades ideais de determinados nutrientes – Magnésio, cálcio, carboidratos e coenzima Q10, encontrada em vegetais verde-escuros como espinafre e brócolis, além de oleaginosas como nozes e pistache; e frutas ricas em potássio, como banana, ameixa e frutas secas, que possuem benefícios cardiovasculares e de ação antioxidante, também contribuindo para o correto funcionamento cardíaco, vascular e consequente pressão arterial regular;
4. Evite ambientes quentes e fechados – O calor desidrata, pois o corpo perde líquidos e sais minerais através do suor na tentativa de manter-se na temperatura ideal;
5. Não fique longos períodos em pé – Pernas elevadas contribuem para um bom retorno venoso;
6. Ao sentir algum mal-estar, deite-se no chão e eleve as pernas – Aos primeiros sinais dos sintomas de queda de pressão o indivíduo deve interromper o que estiver fazendo, seja uma tarefa cotidiana ou a atividade física. A recomendação é para deitar e levantar as pernas, colocando os pés em nível mais elevado do que o resto do seu corpo, para que o sangue retorne mais rápido ao coração e a pressão volte a ficar estável;
7. No dia a dia, faça exercícios de fortalecimento dos músculos da panturrilha – Eles são de extrema importância para o retorno venoso, que previne episódios de pressão baixa e de síncope vasovagal.
E durante a prática de exercícios físicos?
Com um nível de dificuldade intermediário, esse exercício trabalha a panturrilha por completo: importante para o retorno venoso — Foto: Divulgação/ Les Cinq Gym
De acordo com Guilherme Renke, médico endocrinologista e do esporte, mestre em cardiologia, a queda de pressão pode acontecer nos treinamentos de força devido à ativação do sistema parassimpático, especialmente em quem está iniciando o treinamento. No esporte endurance, pode ocorrer tardiamente pela perda de sódio e água na transpiração quando não for feita a hidratação de forma adequada.
Para evitar, dependendo do treinamento, algumas pessoas podem se beneficiar da ingestão pré-treino de cloreto de sódio e carboidratos específicos como a isomaltulose. Atletas com tendência a pressão baixa precisam ter acompanhamento de um médico do esporte e realizar avaliações metabólicas frequentemente (teste de VO2).
física a pressão arterial suba, para que o coração bombeie o sangue para os músculos e cérebro, gerando calor e vasodilatação, o que consequentemente levará a uma queda da pressão arterial no momento após o término do exercício. Dependendo do nível dessa queda, pode haver um caso de hipotensão.
– Nesse cenário o atleta pode ter tontura, escurecimento visual, suor frio, sensação de desmaio e falta de ar. O atleta que já teve episódios de queda de pressão ou convive com a pressão sanguínea mais baixa no dia a dia deve ter atenção redobrada à hidratação antes do exercício, fazer reidratação no intratreino com frequência e também após o treino, garantindo a hidratação necessária – diz ela.
Como explica a nutricionista esportiva Cris Perroni em coluna sobre quanta água beber antes, durante e após o treino ou a competição:
1. Ingestão diária: 35 a 40ml de água por quilo de peso por dia;
2. Ingestão durante a prática esportiva:
– Duas horas antes: ingerir lentamente 3 a 5ml/ kg de peso de água.
– Durante o treino: recomendação de 400 a 800 ml/ hora. Maiores volumes para corredores mais rápidos e mais pesados.
– Pós-treino: repor 150% do volume perdido (exemplo: para cada 0,5 kg de peso perdido, beber 750ml de água).
Além disso segundo ela, deve-se ter acompanhamento nutricional individualizado para que faça a correta ingestão de nutrientes essenciais para saúde cardiovascular e pressão sanguínea regular nos treinos e futuras competições, sais minerais, vitamina D, vitamina B12 e B9, cálcio, ferro, coenzima Q10, antioxidantes, por exemplo.
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Relação com alimentação e hidratação
A nutricionista Eleonora Galvão aponta que a alimentação é a base da boa saúde do organismo. Por isso, ela deve estar equilibrada, fornecendo todos os nutrientes necessários. A falta de determinados nutrientes pode afetar diretamente a pressão arterial e piorar quadros de hipotensão. A deficiência de vitaminas como B9 e B12, por exemplo, pode prejudicar a produção de glóbulos vermelhos suficientes pelo organismo, ocasionando uma baixa pressão sanguínea.
Além disso, devemos garantir a ingestão correta de vitamina D, magnésio, quercetina e ômega 3, encontrados em frutas como uvas, frutas vermelhas, além de cebola, couve, peixes, abacate, semente de abóbora e leguminosas como feijão azuki e lentilhas. Tais nutrientes são ricos em compostos importantes para saúde cardiovascular, muscular e consequente para boa pressão arterial.
Através da alimentação, nutrimos nosso organismo de maneira global, auxiliando-o em todos os processos vitais. A base da alimentação deve ser rica em frutas, vegetais e livre de alimentos industrializados e processados, além de possuir alta ação antioxidante, importante para agir contra a ação de radicais livres, que é crucial para a saúde cardiovascula.
Quanto à hidratação, quando o corpo não tem líquidos suficientes, já em um quadro de desidratação, ocorre também alteração na pressão sanguínea, que é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias e veias. Uma vez que o organismo encontra-se no estado de desidratação, ocorre também uma diminuição no volume sanguíneo, levando à consequente diminuição da pressão arterial. A recomendação básica para ingestão de água ideal ao dia é de 35ml a 40ml de líquido por quilograma de peso. Então, se uma pessoa pesa 60 kg, ela deverá ingerir de 2,1 a 2,4 litros de água todos os dias.
Sal embaixo da língua funciona?
Sal embaixo da língua não combate pressão baixa – Foto: Reprodução/Internet
A cardiologista diz que colocar sal embaixo da língua não ajuda muito, pois o problema está no retorno venoso, ou seja, na quantidade de sangue que chega ao coração. Segundo Eleonora, o antigo ato de colocar sal debaixo da língua para elevar a pressão não é recomendado. Consumir alimentos salgados, ou colocar sal debaixo da língua não irá levar ao aumento imediato da pressão arterial. O motivo para tal crença é pelo sal, quando consumido em excesso no dia a dia, aumentar o líquido intravascular, mas isso na verdade pode sobrecarregar o coração e os rins e aumentar o risco da hipertensão arterial.
Pode ser sinal de outras doenças? Mata?
– Geralmente a pressão baixa não é considerada uma doença e sim uma condição, porém ela pode ser perigosa pelas consequências: um desmaio, por exemplo, pode levar a um acidente dependendo do que a pessoa estiver fazendo no momento – diz Mariana, lembrando que a pessoa pode também bater a cabeça ou até bater com um carro ou cair da bicicleta.
Segundo Eleonora Galvão, a pressão baixa pode estar relacionada a outros quadros de doenças mais graves como infarto do miocárdio, pois nestes casos a pressão baixa resulta na insuficiência de sangue oxigenado na região do coração, que é a principal causa do ataque cardíaco. Além disso, pode ser um dos sintomas de insuficiência cardíaca, diabetes, doenças de tireoide, embolia pulmonar, doenças autoimunes e doença de Addison, por exemplo. Em casos severos de queda da pressão sanguínea pode ocorrer desmaios, confusão mental, respiração ofegante e falta de ar, além de batimentos cardíacos acelerados e dor no peito.
Sobre levar à morte, a hipotensão arterial isoladamente não leva ao óbito. Porém, pode ser sintoma de quadros graves de saúde como os acima citados ou ter como consequência uma queda ou acidente sério.
Piora no calor? Por quê?
A hipotensão pode piorar em dias muito quentes. Isso porque em dias de temperaturas muito altas, pode ocorrer aumento da vasodilatação periférica, quando há dilatação das pequenas artérias, levando à diminuição da pressão. Por este motivo é comum no verão haver sintomas como moleza, tontura e mal-estar.
Além disso, a desidratação é um fator de risco para queda de pressão, pela perda de líquido e sódio pelo suor. No verão, a recomendação de ingestão hídrica deve aumentar. Uma boa hidratação ajuda a manter os níveis de pressão estáveis ao longo de dias quentes e evita os sintomas de mal-estar e moleza.
Se você tem pressão baixa de forma recorrente ou pressão baixa associada a sintomas como desmaios, dor no peito, falta de ar, sudorese intensa, o ideal é procurar a orientação de um médico cardiologista, especialista na prevenção e tratamento de doenças e disfunções ligadas ao sistema cardiovascular. Em caso de atletas, também é indicado buscar ajuda de um médico do esporte.
O estilo de vida, envolvendo pontos como alimentação, hidratação e prática de exercícios pode ser uma alternativa para o controle da queda de pressão.
Por: Alberto Borges, para o EU Atleta — Bauru / SP
Fonte: Mariana James é médica cardiologista e ecocardiografista do Instituto Nutrindo Ideais e do Hospital Samaritano Botafogo, com especialidade em medicina integrativa.
Eleonora Galvão é nutricionista especialista em nutrição vegana e vegetariana, em transtornos alimentares e obesidade e em nutrição funcional. Membro da equipe Nutrindo Ideais.
Guilherme Renke (@endocrinorenke) é médico endocrinologista e do esporte, sócio-fundador do Instituto Nutrindo Ideais e mestre em cardiologia.
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/reportagem/2023/09/28/c-pressao-baixa-veja-sintomas-o-que-fazer-e-o-que-comer.ghtml