O que fazer e não fazer para emagrecer depois dos 45 anos
Eu já fui uma daquelas mulheres que passam a vida fazendo todo tipo de dieta maluca, restritiva, almejando um padrão de corpo inatingível num ciclo frustrante e recorrente de efeitos sanfonas. Até que finalmente, somente depois dos 45 anos, quando mais uma vez havia aumentado sete quilos na balança, mudei completamente a relação com as malfadadas “dietas”
O caminho é um velho conhecido. A gente começa uma nova dieta acreditando que “desta vez vai”. Segue firme por alguns dias, para começar a ter “recaídas” até chegar num ponto em que joga tudo para o alto. Ou, por um tempo, podemos até emagrecer, mas, assim que chegamos na meta estimada, voltamos para os velhos hábitos, engordando de novo. O problema é que, depois dos 45, 50 anos, esse ciclo, além de nada saudável, é insustentável. Emagrecer já não é tão fácil, e acumular gordura, com a menopausa em curso, parece que acontece só de a gente respirar.
O que aprendi depois dos 45, quando engordei “do nada” ao entrar no climatério, foi que teria que de uma vez por todas mudar essa relação tóxica com a comida. A partir de algumas novas maneiras de me relacionar com ela, não só emagreci, como lá se vão cinco anos mantendo o peso saudável. São atitudes que aparentemente parecem simples (e são), mas demandam duas coisas: paciência e consistência. Ou seja, é uma mudança para a vida.
Aqui estão algumas dicas, que aprendi com a nutricionista Tina Menna:
O que fazer
Entenda sua motivação
Foto: Reprodução/Internet
Antes de mais nada, tenha claro para você por que você quer perder peso. Essa é uma premissa importante. Porque muitas vezes nossa motivação é um evento, uma viagem, o casamento de um filho, e por aí vai. E uma motivação temporária não gera compromisso depois. É por sua saúde? Pelo seu bem-estar? Para ter mais energia? Isso mudou tudo para mim. Passei a olhar para a comida como nutrição, benefícios para o corpo para que eu tenha mais saúde. E não com foco na perda de peso. Já que, ao comer para me nutrir, escolhendo os alimentos mais saudáveis e naturais para isso, o resultado acaba sendo também a perda ou manutenção de um peso saudável. Ou seja, emagrecer acaba sendo consequência.
Não adie sua vida “para quando estiver magra”
É comum a gente adiar uma ida à praia, vestir uma roupa que tem vontade etc esperando o dia em que tiver finalmente perdido peso. Depois de uma certa idade, não temos mais tempo a perder. Viva a vida hoje, ainda que sabendo que está num processo de emagrecimento. Adiar prazeres para o futuro só causa frustrações e, adivinhem? A gente muitas vezes acaba indo buscar na comida o prazer em falta.
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Em vez de focar no ponteiro da balança, comemore mudanças de hábito
Perder peso na maturidade e de maneira permanente pode ser um processo lento. É preciso paciência e constância. Ficar subindo na balança o tempo todo para acompanhar o progresso é desanimador. Vale muito mais a pena se concentrar nas mudanças positivas de hábitos (que devem ser para a vida). Por exemplo, beber a quantidade de água que precisa no dia, o aumento do consumo de vegetais ou alimentos saudáveis que você não consumia antes. Ou a redução do consumo de outros menos saudáveis. Cada dia que a gente se mantém na nova rotina alimentar é uma vitória, não exatamente os quilos perdidos numa semana. Celebre essas conquistas.
Coma com atenção e pare ao se sentir saciada
Foto: Reprodução/Internet
Eu sempre comi até me sentir “cheia”. Mas aprendi que, ao comer com atenção plena e saboreando bem os alimentos (isso incluir deixar o celular de lado ou desligar a TV, por exemplo) me sinto saciada muito antes daquela sensação de “não aguento mais comer”. Quando sinto que a fome acabou, eu paro de comer, mesmo que ainda tenha comida no prato. Com isso, acabo comendo bem menos do que comia antes, devorando o prato sem atenção e comendo tudo só pelo habito de limpar o prato.
Faça atividade física pelo bem-estar, não para emagrecer
Essa foi uma mudança que eu posso afirmar que mudou minha vida. Fazer atividade física para mim sempre foi quase uma penitência pelo que havia comido. Ou, para poder comer de maneira desenfreada, passava horas na esteira ergométrica. O resultado é que nunca conseguia manter a rotina por muito tempo. Era um entra e sai de academia de tempos e tempos. O que mudou? A maneira de encarar o exercício. Agora, me esforço ao menos cinco dias por semana para me manter em movimento porque sei que meu dia vai ser outro. O benefício vem na hora, tanto físico quanto mental. E encaro cada dia que venço a preguiça como uma vitória na construção de um corpo mais saudável, flexível e ágil tanto para hoje quanto para meu futuro. É claro que, com mais músculos e gasto calórico, a gente também emagrece. Mas isso passou a ser um benefício secundário, não minha prioridade na academia.
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O que não fazer
Não faça dieta
Já sabemos que dietas pontuais têm grandes chances de darem num efeito sanfona. Concentre-se em fazer mudanças permanentes em seus hábitos alimentares que permitam que você possa comer de maneira saudável, com equilíbrio, para o resto da vida. Todos os especialistas são unânimes em afirmar que uma dieta deve ser composta basicamente de vegetais e frutas, com proteínas e o mínimo possível de alimentos ultraprocessados (em resumo: a maior parte do que comemos deve vir da natureza, sem passar por uma indústria). Também é mais saudável reduzir o consumo de alimentos com açúcar e farinha refinada. Se fizer essa transformação da alimentação, provavelmente vai emagrecer sem passar fome e com saúde.
Não chame alimentos de lixo, tranqueira ou proibidos
Quanto mais a gente coloca alimentos numa lista de proibições, mais chances temos de come-los compulsivamente quando temos acesso. Vale mais a pena se permitir comer uma porção razoável de seus alimentos favoritos de maneira consciente, para que você realmente os aprecie. Tudo é uma questão de quantidade e frequência, não de eliminar da sua vida alimentos que dão prazer como doces etc.
Não fique sempre pensando em fracassos de perda de peso anteriores
Foto: Reprodução/Internet
É normal que a gente sempre fique se lembrando das dezenas de vezes em que tentamos emagrecer sem sucesso. Se você passou dos 45 anos, podem ter sido muitas mais. Em vez disso, abandone essas velhas crenças. Tenha uma visão positiva para o futuro. As dietas fizeram você falhar no passado, mas desta vez, você está abordando a perda de peso de maneira diferente, então acredite que você terá sucesso.
Não se culpe ou repreenda quando escorregar
O caminho da perda de peso é sinuoso. A única maneira que você pode falhar é desistir, e devagar e sempre vence a corrida. Quando você come demais, tudo que você precisa fazer é perdoar a si mesma e voltar aos trilhos esperando até sentir fome antes de comer novamente. Não jogue tudo para o alto a cada refeição que não for de acordo com seu novo estilo de vida. Criar hábitos leva tempo.
Em resumo, é hora de deixar o imediatismo de lado e passar por uma transformação de vida.
Por: Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.
Fonte: Tina Menna, nutricionista