O que eu faço ao resgatar ou adotar um bichinho? Veja quais atitudes tomar
Imagens de cães e gatos para adoção publicadas nas redes sociais são tão recorrentes que, para muita gente elas perderam o impacto. Mas foi uma iniciativa como essa que impediu Lasanha de passar a vida em um abrigo, como conta a dentista Camila Stefanini. “Vi a ‘fotinho’ da Lasanha pelo Facebook, em janeiro de 2014. Ela estava toda serelepe e linda e eu nem reparei na deficiência dela. Só quando li a descrição é que percebi que uma fratura na patinha dianteira esquerda impedia a cachorra de colocá-la no chão”.
Camila se apressou em enviar um e-mail para as cuidadoras do abrigo onde Lasanha vivia. O pedido era para que não apresentassem a cadela a outros interessados. A resposta veio em tom de surpresa: não é todo dia que aparece um adotante para um animal com as características de Lasanha.
Além da cadelinha com nome de comida, quem cruzou (literalmente) o caminho da dentista foi a vira-lata Pandora. Ainda filhote, ela era ‘pele e osso’ quando apareceu na rua do consultório em que Camila trabalha, em Taboão da Serra. Sem nem pensar, ela ofereceu para o bichinho a comida que tinha em mãos: um pedaço de bolo que acabara de ganhar de uma de suas pacientes. Não demorou para que Pandora estivesse dentro do carro em direção à casa da família.
Primeiros socorros
Embora tenham vivido histórias diferentes, depois de adotadas Lasanha e Pandora passaram por processos semelhantes: foram acolhidas em um local seguro, receberam água e alimentação adequada e visitaram o veterinário para exames e vacinação (animais de abrigos e ONGs já são doados depois de castrados, vacinados e vermifugados). Tomaram, também, um bom banho e foram cuidadas com paciência e carinho, para que a adaptação fosse mais amena. Passado algum tempo, as cadelinhas tinham ganho peso, pelo mais brilhante e aquele ‘olharzinho’ de felicidade.
Para alguns bichos, a caminhada descrita aí em cima é um tanto mais longa e penosa. Muitas vezes cães e gatos sofreram maus-tratos, foram atropelados ou envenenados e, por isso, se tornam arredios, como explica Juliana Camargo, da Ampara Animal: “O resgate precisa ser um ato consciente. Quem acolhe precisa saber que tem responsabilidade pelo animal que acabou de encontrar. Em muitos casos os bichos parecem bravos, mas geralmente estão assustados ou com dor e, por isso, o impulso é o de defesa”.
A dica é manter a calma e fazer a abordagem da maneira mais segura possível. Em resgate de gatos, por exemplo, um pano e uma caixa de transporte (ou de papelão) ajudam na aproximação e na captura. “A primeira providência é afastar o bicho do risco. Após fazer o resgate, coloque-o por um tempo em um espaço pequeno, como um banheiro”, ensina Perla Poltronieri, sócia-fundadora e presidente da ONG Catland. Seja gato ou cachorro, “principalmente para os que foram encontrados na rua, o ideal é que recebam uma boa dose de proteína”, afirma Bruna Barros Machado dos Santos, médica veterinária pós-graduanda em dermatologia. Ofereça um pouco de atum [daqueles enlatados, sólidos e em água], frango desfiado ou carne cozinha, deixe a água fresca à disposição e coloque folhas de jornal pelo chão. Caso haja uma caixa de areia disponível, disponibilize-a para o bichano.
Consulta marcada
Após este primeiro cuidado, o próximo passo é levar o bicho para uma visita ao veterinário. Quem não pode se responsabilizar ou arcar com os gastos de uma consulta particular pode recorrer às clínicas conveniadas com as prefeituras municipais, a exemplo da capital paulista, centros veterinários em Universidades ou diretamente os CCZs (Centro de Controle de Zoonoses), seja para tratamento ou para castração. Ainda em São Paulo, a Anclivepa também mantém um hospital veterinário destinado ao público de baixa renda. No Rio, a ABIDES (Associação Brasileira de Integração e Desenvolvimento Sustentável) listou uma série de veterinários com atendimento gratuito ou a valores acessíveis. “Se a pessoa encontrar uma ninhada de gatos, que chamamos de colônia, também pode entrar em contato com os CCZs e pedir a castração. Pouca gente sabe, mas as colônias são de responsabilidade do poder público”, explica Poltronieri.
No veterinário, os animais passarão por uma avaliação clínica para que o profissional indique qual o melhor alimento (para os gatos, em geral, de início são indicadas as rações úmidas enlatadas terapêuticas; já os cães recebem prescrição de rações ‘premium’ ou alimentação caseira e natural balanceada, dependendo da situação do bicho e da conversa com o novo tutor). Vacinas, vermífugos e profilaxia contra carrapatos e pulgas também são indicados, mas só após o ‘ok’ do médico. Em relação às vacinas, a quarentena para que alguma doença prévia seja identificada pode demorar até 15 dias, como indica Machado dos Santos. Até que os animais sejam considerados saudáveis, o ideal é que os ‘recém-chegados’ fiquem separados de outros bichos que já vivam na casa e só então seja apresentado ao(s) novo(s) companheiro(s).
Não posso ficar com o bicho e agora?
Se a ideia for encaminhar o bichinho para adoção, o segundo passo é acionar a rede de amigos e familiares.”Vale caprichar no texto comovente e na foto, porque o detalhe faz toda a diferença”, afirma Camargo. Caso essa iniciativa não vingue, o caminho é entrar em contato com uma ONG. No entanto, é preciso ressaltar que essas entidades precisam de ajuda para se manterem ativas e, por isso, se tornar tutor do bichinho, que será acolhido ali temporariamente, é muito recomendável.
Por:Patrícia Guimarães
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Fonte:Bruna Barros Machado dos Santos, médica veterinária pós-graduanda em dermatologia
Juliana Camargo, da Ampara Animal
Perla Poltronieri, sócia-fundadora e presidente da ONG Catland.
Transcrito:http://estilo.uol.com.br/casa-e-decoracao/noticias/redacao/2016/08/12/o-que-fazer-ao-resgatar-ou-adotar-um-bichinho.htm