Novos estudos mostram benefícios de exercícios para tratar depressão e saúde mental
Segundo artigo da revista The Lancet Psychiatry, que analisou estudo feito com 1,2 milhão de indivíduos nos EUA entre 2011 e 2015, a atividade física diminui a fadiga e aumenta a motivação
O exercício físico se associa com diversos benefícios para saúde, incluindo redução da mortalidade global, melhora da saúde musculoesquelética, diminuição do estresse, diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares, combate à obesidade e redução de riscos de acidente vascular cerebral e câncer. O colégio americano de cardiologia orienta 120 minutos de exercício moderado por semana, ou seja, 24 minutos de caminhada 5 vezes por semana, ou 75 minutos por semana de um exercício mais extenuante.
Um recente artigo publicado na revista The Lancet Psychiatry fez uma associação entre exercício físico e saúde mental em 1,2 milhão de indivíduos nos EUA entre 2011 e 2015.
Segundo a psiquiatra Natalia Quireza, “o exercício se associou especificamente ao alívio dos sintomas de fadiga e do comportamento de falta de motivação em indivíduos com transtorno depressivo maior, com mudança do comportamento motivacional diretamente associada a melhora e diminuição na gravidade dos sintomas depressivos”.
Outro achado do estudo foi de que os esportes coletivos e o ciclismo se associam com menor comprometimento da saúde mental. O que é concordante com pesquisas que mostram que atividades sociais promovem resiliência ao estresse e diminuem a depressão, e que os benefícios de minimizar o isolamento social e os sentimentos de isolamento podem contribuir para vantagens adicionais à saúde.
Outro estudo muito interessante, publicado no Journal of Science and Medicine in Sport, mostra que o exercício físico está relacionado com maior perseverança comportamental. A perseverança é a permanência num estado ou numa atividade, mesmo em caso de oposição ou fracasso, e é também responsável pelo sucesso pessoal e/ou profissional que fortalece o comportamento do indivíduo. Isso se deve ao efeito de resistência física e mental causado pelo esforço durante o exercício físico. Assim, existe de fato uma correlação entre a resistência mental gerada pela fadiga no esforço (mesmo em discretas sobrecargas no sistema de energia aeróbica) e a melhora psicológica global dos indivíduos.
Pacientes portadores de depressão, mesmo aqueles em uso de medicamentos psiquiátricos, podem se beneficiar de um programa de treinamento supervisionado pelo profissional de educação física quando se objetiva melhora comportamental e da fadiga, observando-se maior resiliência social e melhora dos sintomas depressivos.
Referências:
Giles, et al. Mental toughness and behavioural perseverance: A conceptual replication and extension. J Sci Med Sport. 2018.
Chekroud SR, et al. Association between physical exercise and mental health in 1,2 million individuals in the USA between 2011 and 2015: a cross-sectional study. Lancet Psychiatry. 2018.
Por: Guilherme Renke
Fonte: Endocrinologista Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/09/12/novos-estudos-mostram-beneficios-de-exercicios-para-tratar-depressao-e-saude-mental.ghtml