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Mel: como consumir, escolher, conservar e saber se é puro

Entenda os benefícios para a saúde da substância produzida pelas abelhas

Um néctar doce com variações de cor entre o amarelo, o castanho ou o marrom, com espessura densa e melada, que é totalmente produzido na natureza e ainda é riquíssimo em nutrientes e vitaminas benéficos para a saúde humana. É o trabalho de uma vida: a das abelhas. Em 20 de maio é comemorado o dia desses insetos essenciais para a existência humana, que não só polinizam as flores, como também são autossuficientes e possuem um esquema de organização invejável nas colmeias. O mel desde os primórdios do mundo vem sendo utilizado pelo homem há pelo menos 10 mil anos, seja como alimento, para o banho e até mesmo em tratamentos médicos.

Desenvolvido a partir do néctar das flores e processado por enzimas digestivas das abelhas, o mel é fonte de carboidrato, macronutriente importantíssimo para fornecer energia de forma rápida para as células do corpo.

O mel é um adoçante natural com propriedades anti-inflamatórias — Foto: Reprodução/Internet

Propriedades funcionais do mel ao organismo humano:

-Anti-inflamatório;

– Antioxidante;

– Antimicrobiano;

– Bactericida;

– Antibiótico;

– Possui vitamina C;

– Rico em minerais como cálcio, magnésio, fósforo, potássio e zinco;

– Fortalecedor do sistema imunológico;

– Melhora o funcionamento do intestino;

– Promove uma pele mais bonita e saudável;

– 0 Estimula a produção de serotonina – neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar;

– Está diretamente associado uma dieta equilibrada e a um estilo de vida saudável;

– É uma boa fonte energética para antes do exercício;

– Ajuda a evitar doenças como as cardiovasculares e também a hipertensão.

A ação antimicrobiana, antibiótica e bactericida do mel é capaz de inibir a proliferação e combater microrganismos responsáveis por inflamações na garganta. Dessa forma, além de todos os outros benefícios, o mel ainda ajuda no alívio de sintomas como a dor de garganta e problemas respiratórios.

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Contraindicações – O mel não deve ser utilizado por:

Crianças menores de um ano de idade;

Pessoas com diabetes;

Pessoas com alergia ao mel;

Em caso de intolerância à frutose.

Quanto consumir

A recomendação de uso, para que não afete em uma alimentação saudável, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), é de no máximo 50 g/dia de qualquer açúcar. Segundo a nutricionista, o ideal é tentar reduzir o consumo para 25 g/dia. Por isso, o consumo de mel deve ser bastante moderado: cerca de uma colher de sopa cheia por dia já é o suficiente.

– Por ser uma fonte de carboidrato de rápida absorção (frutose e glicose), o mel é uma boa opção de energia para quem treina, podendo ser usado antes e durante o treino. A quantidade vai depender da intensidade, tempo e tipo de treino de cada atleta. Suas propriedades funcionais ajudam na recuperação dos danos causados pela atividade física, como inflamação, baixa da imunidade e excesso de radicais livres gerados – relata a nutricionista Michelle Ferreira.

Opinião da nutri: mel, adoçante, ou açúcar? Qual é o melhor para a saúde?

– Na minha prática clinica, sempre recomendo e incentivo os pacientes a tentar se acostumar com sabor natural do alimento, sem necessitar adoçar. Quando for necessário adoçar, use o mel ou açúcar mascavo com moderação! Em torno de 1 colher de chá ou sopa por dia, dependendo do perfil do paciente e em qual momento do dia usar. O mel, com certeza, é a melhor opção para adoçar comparado principalmente com açúcar refinado, demerara e adoçantes, ao menos para pacientes não diabéticos e com intolerância a frutose. Além do sabor doce, o mel possui propriedades funcionais incríveis que ajudam na manutenção e equilíbrio da saúde – opina a especialista Michelle Ferreira.

Como escolher o mel ideal?

Jean-Philippe Marelli checando sua colmeia e a produção de seu mel — Foto: Arquivo pessoal/Alfa Dolfini

Jean-Philippe Marelli é apicultor e meliponicultor há 2 anos. Segundo ele, o mel é um dos produtos mais adulterados que existem após sua extração. É muito fácil encontrá-lo misturado com xarope de açúcar ou melaço de cana e ainda assim, ter uma consistência muito parecida com a do mel totalmente puro. Uma das maneiras de saber se o mel é adulterado ou não, é através de um teste que Jean ensina:

Coloque umas gotinhas de Iodo em uma pequena quantidade de mel, se ele ficar com uma coloração azulada, então o mel não é puro. Caso seja puro, não terá alteração de cor.

Ainda segundo o apicultor, o grande fator que torna a adulteração do mel prejudicial é que muda suas propriedades. O mel puro de abelha possui vitaminas e agentes antimicrobianos que são únicos, pois são desenvolvidos através das enzimas específicas das abelhas, portanto, quando o mel é adulterado, diminui suas propriedades nutricionais. A melhor maneira de assegurar a qualidade do mel que está comprando, é consumir de preferência de produtores locais.

– Se possível, escolha sempre comprar o mel diretamente de um apicultor local. Se não for uma opção, procure se atentar à origem do mel e procurar se tem algum selo de certificação como o da agricultura orgânica ou familiar. Estes são fortes indicativos de mel de qualidade. Também sugiro evitar o mel importado, eles não têm a mesma qualidade que os nacionais – orienta o especialista.

1. Quando for comprar o mel, compre mel puro e de preferência orgânico;

2. O mel orgânico se diferencia por não conter produtos químicos como, por exemplo, antibióticos, pesticidas e agrotóxicos;

3. Importante verificar se há na embalagem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Esse selo é a garantia de que o produto passou pela inspeção do Ministério da Agricultura e está dentro das normas para ser comercializado;

4. Prefira um mel envasado em embalagem de vidro, ao invés de embalagem plástica. Isso evita a contaminação com substâncias tóxicas presentes no plástico;

5. Se na lista de ingredientes existir algum tipo de conservante e acidulante, o mel não é puro, então não é recomendado.

Por que existem diferentes tipos de mel?Foto: Reprodução/Internet

No Brasil existem muitas variedades do produto. Eles possuem características distintas e mudam de acordo com a planta de onde é extraído o néctar, a localização geográfica dessas vegetações e das espécies de abelha produtoras. Sendo assim, o mel pode apresentar consistências, sabores e cores diferentes. As floradas mais comuns são: mel de flor de laranjeira e de flores silvestre, de eucalipto, de assa-peixe e de cipó-uva. Conheça a característica de cada florada e escolha o melhor mel para seu paladar.

De acordo com o apicultor, cada espécie de planta tem uma composição específica no néctar de suas flores, a substância açucarada produzida pelas flores para atrair as abelhas. Ao mesmo tempo que as abelhas visitam as flores para colher o néctar, elas ficam cheias de pólen e levam esses resquícios em seus corpos de flor em flor, realizando assim, o processo de polinização ou fecundação das flores. Desta forma, como cada flor tem um néctar específico com gosto e fragrância particulares, elas também geram um mel de sabor e aroma específico, dependendo das flores e das abelhas que são utilizadas para a extração deste mel. Além desses dois processos, vale lembrar que as abelhas também coletam um pouco desse pólen e o estocam como reserva de proteína.

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Por que o mel cristaliza? Como conservar?

É comum que algumas pessoas percebam que após um tempo guardado, o mel pode acabar cristalizando na própria embalagem. Isso gera uma certa dúvida sobre a origem e a qualidade do mel, mas o apicultor afirma que o fato do mel cristalizar não é nem um pouco ruim, pelo contrário; na verdade representa um sinal de pureza do produto.

– O produto pode acabar cristalizando porque os açúcares do mel podem tomar uma forma sólida com baixas temperaturas ou dependendo do tipo de flor que gerou o mel. Isso não é ruim, na verdade mostra que o mel é puro. Para reverter a cristalização basta colocar o mel em banho maria por alguns minutos para que a cristalização se desfaça e o mel volte ao seu aspecto normal – ensina Jean-Philippe Marelli.

A melhor maneira de armazenar o mel para aumentar sua durabilidade é conservando em um lugar fresco. Não existem grandes mistérios ou técnica específica de armazenamento. O que os apicultores orientam é para não guardar o mel na geladeira.

1. O recomendado é guardá-lo em um local fresco, longe da luz solar.

2. O ideal é usar a própria embalagem na qual é vendido.

3. Evitar recipientes metálicos que possam oxidar e afetar a composição do mel.

4. Também não é recomendado guardar o mel na geladeira, pois ele ficará mais sólido. Desta maneira, nem sempre estará pronto para o consumo na forma líquida.

5. Prefira recipientes que sejam bem vedados, evitando a entrada de ar.

6. Normalmente, o prazo de validade do mel vendido nos mercados é de dois anos, pois após esse período pode haver, por exemplo, alterações em sua consistência, coloração, aroma e sabor. No entanto, o produto pode durar muito mais do que dois anos se bem conservado.

O mel é um dos produtos mais estáveis que existe por seu alto conteúdo de açúcares e baixo teor de água, o que aumenta muito a sua durabilidade. Os açúcares são higroscópicos, ou seja, significa que eles têm pouca água, mas podem absorver a umidade caso fiquem expostos. No entanto, raros são os microrganismos que sobrevivem à essas condições, o que torna o produto menos passível de ser corrompido ou “estragado” por bactérias, ao mesmo tempo, o mel é extremamente ácido. Seu pH fica entre 3 e 4,5 – sendo 7 um pH neutro – e essa acidez é capaz de matar diversos microrganismos.

Por: Letícia Spala — Rio de Janeiro

Fontes: Jean-Philippe Marelli é diretor científico, apicultor e meliponicultor há 2 anos.

Michelle Ferreira é nutricionista da equipe Nutrindo Ideais, com foco em nutrição funcional esportiva, especializada em saúde da mulher e fertilidade. CRN 06100215. Instagram: @michelleferreiranutri

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2022/05/20/mel-como-consumir-escolher-conservar-e-saber-se-e-puro.ghtml

 

 

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