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Maior ingestão de ferro da carne pode estar relacionada com diabetes

Estudo explicado pelo endocrinologista Guilherme Renke, realizado ao longo de 36 anos, aponta que ferro heme da carne vermelha aumenta risco de diabetes

Estudo recente publicado na revista Nature mostrou uma relação positiva entre o consumo de ferro heme (presente na carne vermelha) e o maior risco de diabetes tipo 2.

O estudo foi realizado nos Estados Unidos com mais de 200 mil pessoas, incluindo homens e mulheres saudáveis sem o diagnóstico prévio de diabetes. Indivíduos com doenças cardiovasculares, diabetes ou câncer foram excluídos do estudo.

Os dados dietéticos foram coletados a partir de questionários de frequência alimentar fornecidos aos participantes do estudo a cada quatro anos. Amostras de sangue também foram obtidas e analisadas para biomarcadores metabólicos séricos.

Ao longo do período de estudo de 36 anos, foram identificados 20.705 novos casos de diabetes. Descobriu-se que a ingestão de ferro heme (carne vermelha), mas não de ferro não-heme (vegetal), aumentou o risco de dabetes.

Carne vermelha pode ter relação com risco elevado de diabetes – Foto: (Reprodução/Internet)

Um dado interessante foi o pior perfil metabólico dos indivíduos com maior consumo de ferro heme. O maior consumo de ferro heme causou redução do colesterol HDL-C (bom), aumento da proteína C reativa (PCR) e da ferritina.

Além disso, também foram observadas correlações positivas entre a ingestão de ferro heme e carnes vermelhas, especialmente produtos cárneos não processados, e a dieta ocidental.

Em contraste, o ferro heme foi negativamente associado a dietas que limitam a ingestão de carne vermelha, como a dieta saudável à base de vegetais, abordagens dietéticas como a dieta DASH e dieta mediterrânea.

Assim observou-se que o maior consumo de ferro heme poderia mediar 66% da relação entre as variáveis ​​dietéticas e o risco de diabetes independente dos níveis de insulina.

A ingestão de ferro heme correlacionou-se com perfis séricos desfavoráveis ​​de lipídios, insulinemia, inflamação e metabólitos relacionados ao DM2. As análises de sensibilidade e de subgrupos mostraram resultados semelhantes, mas associações mais fortes para indivíduos com IMC mais baixos, ou seja, a presença de obesidade não foi um fator relevante para o aumento da relação.

Por que o excesso de ferro e carne vermelha podem ser problema?

          Foto: (Reprodução/Internet)

A carne vermelha apresenta alta concentração de ferro heme. Portanto, o consumo de carne vermelha pode levar ao excesso de reservas de ferro, o que aumenta o estresse oxidativo no corpo por meio da geração de espécies reativas de oxigênio (ROS).

No entanto, os produtos cárneos (ex.: hamburger do futuro) à base de plantas são frequentemente suplementados com heme para melhorar o sabor e a aparência da carne, aumentando os potenciais riscos para a saúde, incluindo diabetes, também associados a estes produtos.

Ainda não está claro como a ingestão de ferro heme aumenta o risco de diabetes.

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Como a dieta vegetariana ou a base de plantas pode ser uma boa opção para a saúde?

Dados observacionais mostram que os vegetarianos tendem a ter melhores resultados cardiovasculares em comparação com aqueles que consomem dietas onívoras, incluindo: risco reduzido de morbimortalidade por doença cardíaca isquêmica; incidência reduzida de câncer, principalmente entre veganos; diminuição do risco de desenvolver diabetes tipo 2; e diminuição do risco de desenvolver síndrome metabólica (SM).

Esses resultados positivos para a saúde provavelmente estão relacionados ao menor índice de massa corporal (IMC), níveis mais baixos de glicose, pressão arterial sistólica e diastólica mais baixa, menor colesterol total e de baixa densidade de lipoproteínas, triglicerídeos inferiores, níveis mais baixos de ácido úrico e proteína C reativa de alta sensibilidade (marcador de inflamação) e níveis mais altos de ácido ascórbico plasmático observados entre vegetarianos.

As conclusões do estudo são importante do ponto de vista de saúde pública na redução do consumo diário de alimentos ricos em ferro heme, particularmente carne vermelha.

Estes resultados também podem apoiar o desenvolvimento de métodos preventivos precoces e recomendações dietéticas individualizadas.

Por isso, fundamental sempre consultar um nutricionista antes de fazer qualquer modificação da dieta e ou fazer qualquer tipo de suplementação. Vale lembrar também que algumas pessoas apresentam deficiência de ferro, nesse caso a suplementação pode ser recomendada.

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Por: Guilherme Renke

Fonte: Guilherme Renke, Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2024/08/29/maior-ingestao-de-ferro-da-carne-pode-estar-relacionada-com-diabetes.ghtml

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