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Exercícios intensos liberam molécula que reduz a fome

Novo estudo mostra que substância lac-phe, produzida em maior quantidade após treinamentos exaustivos, regula a fome pós-treino. Médico Luis Fernando Correia explica

Por que sentimos fome ou às vezes não temos apetite algum depois de alguns treinos? Será que tem relação com a intensidade? Um novo estudo, publicado na Nature, sugere que a resposta está na ação de uma única molécula produzida após o exercício. A molécula – encontrada na corrente sanguínea de camundongos, humanos e cavalos de corrida – apareceu em uma quantidade muito maior após exercícios exaustivos durante o experimento. E em quantidades maiores, ela pareceu diminuir o apetite, enquanto quantidades menores levaram as cobaias a comer mais. Ou seja, a maior liberação da substância acontece depois de exercícios intensos e pode contribuir para redução da fome pós-treino.

Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, da Faculdade de Medicina Baylor e da Universidade de Copenhague usaram técnicas recém-desenvolvidas para caçar moléculas que apareciam em maior número na corrente sanguínea após o exercício. Começaram com camundongos, colocando-os em pequenas esteiras para correr em velocidades crescentes até ficarem exaustos. Eles tiraram sangue antes e depois e compararam os níveis de milhares de moléculas no sangue dos roedores.

Foto:Reprodução/Internet

Os pesquisadores descobriram que uma molécula se destacou, aumentando mais do que qualquer outra. Essa nova molécula – uma mistura de lactato e o aminoácido fenilalanina – foi criada aparentemente em resposta aos altos níveis de lactato liberados durante o exercício e recebeu nome de lac-phe. O time da pesquisa acredita que pode ter algo a ver com o equilíbrio energético pós-treino. Para isso, deram uma forma de lac-phe a camundongos obesos e a ingestão de ração caiu mais de 30%.

Os pesquisadores criaram camundongos que produziam pouco ou nenhum lac-phe e os fizeram correr em esteiras cinco vezes por semana, durante várias semanas. Após cada corrida, os animais recebiam a quantidade de ração com alto teor de gordura que desejavam. Mas os animais incapazes de produzir muito lac-phe incharam, comendo mais ração e ganhando cerca de 25% mais peso do que o grupo controle.

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Os pesquisadores verificaram a presença de lac-phe em outras criaturas que se exercitavam, como na corrente sanguínea de cavalos de corrida em níveis muito mais altos após uma prova difícil.

A pesquisa também foi realizada em um grupo de oito jovens saudáveis. Eles se exercitaram de três maneiras diferentes: pedalando em ritmo lento por 90 minutos, levantando pesos e com vários sprints de 30 segundos em uma bicicleta ergométrica. Os níveis sanguíneos de lac-phe atingiram o pico após cada tipo de exercício, mas foram mais altos após os sprints, seguidos pelo treinamento com pesos. O exercício prolongado e suave produziu o mínimo. Quanto mais intenso o exercício, mais lac-phe era produzido.

Foto:Reprodução/Internet

Segundo os cientistas já se sabia que o atual menu de moléculas que parecem regular o apetite, como leptina e grelina, estava incompleto e esse novo metabólito/molécula sinalizadora é um importante acréscimo a essa lista. O estudo não diz, no entanto, como o lac-phe pode estar interagindo com as células cerebrais para afetar o apetite ou quão extenuante o exercício precisa ser para aumentar a formação de lac-phe; ou ainda quanto tempo os efeitos da molécula podem durar. Além disso, os praticantes humanos eram jovens saudáveis, por isso não se sabe se o lac-phe existe ou opera da mesma maneira em todos.

Se a ideia é ter menos fome depois do treino, acelere um pouco o ritmo. Mas lembre-se: o importante é se exercitar, de preferência todos dos dias.

Por: Luis Fernando Correia – Washington D.C., EUA

Fonte: Luis Fernando Correia, Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2022/06/24/exercicios-intensos-liberam-molecula-que-regula-a-fome.ghtml

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