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Exercícios físicos não diminuem o colesterol ruim, mas ajudam a aumentar o bom

Manter uma frequência em atividades aeróbicas pode elevar o HDL, que protege as artérias da formação de placas de gordura

Nesta quinta será o Dia Nacional do Combate ao Colesterol. Falar sobre o assunto às vezes gera certa polêmica e uma sensação de que os médicos estão exagerando nos alertas e nas recomendações. Depois de quase 50 anos atendendo pacientes e atletas ou esportistas, a experiência clínica nos mostrou os caminhos para levar maior credibilidade para as pessoas.

A primeira informação para todos é que a prática de esportes ou atividades físicas não vai modificar os níveis da fração de colesterol LDL, conhecido como ruim ou mau colesterol por ser o que costuma formar o ateroma (placa de gordura que se forma no interior de uma artéria do corpo). Mas a fama de que ele diminui com exercícios é, infelizmente, totalmente infundada, pois no máximo pode diminuir entre 5% a 10%, algo inexpressivo.

O que o exercício pode fazer é elevar o HDL, conhecido como colesterol bom, ao redor de 20%. O HDL ajuda a proteger as artérias da formação dos ateromas. Certas mulheres esportistas há muitos anos chegam a dobrar o nível do colesterol bom por características genéticas.

O que temos na prática é que as pessoas ativas fisicamente costumam mudar os hábitos de vida não saudáveis e é isso que tem valido para diminuirmos as doenças cardiovasculares pelo mundo.

E qual é a melhor modalidade, a mais recomendada, para nos mantermos saudáveis? A resposta é clara: qualquer esporte que associe atividades aeróbias (andar, correr na esteira ou na rua, andar de bicicleta) com as anaeróbias (exercícios de fortalecimento muscular) e que mais agradem ou ofereçam mais facilidade para ser praticado. Difícil? Não acredito! Peça a ajuda a um profissional de Educação Física, que pode orientar essa escolha, ou ao profissional que temos em muitas cidades do interior, o fisioterapeuta. Os dois poderão ajudar.

O que vale para a saúde é a regularidade e a continuidade dos hábitos de vida saudáveis; dezenas de pesquisas médicas chegaram a essa mesma conclusão, e nem sequer a intensidade dos exercícios físicos se mostrou responsável pela vida saudável, e sim sua frequência. Seguir bons hábitos não exclui, por exemplo, comer aquele pastel inesquecível ou uma feijoada saborosa ou até as benditas batatinhas fritas em quantidades pequenas. Lembremos que os exageros é que destroem a vida saudável. Controlar o colesterol não deve ser uma atitude triste e causadora de depressão, mas sim algo que vá trazer qualidade de vida.

Por: Nabil Ghorayeb — São Paulo


Fonte: Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUC-SP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715, Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. (Foto: EuAtleta)

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/08/07/exercicios-fisicos-nao-diminuem-o-colesterol-ruim-mas-ajudam-a-aumentar-o-bom.ghtml

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