Cuidado com as dietas de verão: combata a obesidade sem prejudicar a saúde
Estudo da Universidade de Sydney com mulheres pós-menopausa mostra que regimes alimentares restritivos emagrecem, mas geram perda de massa óssea e muscular
Mais uma vez estamos chegando naquela época do ano em que as pessoas ficam ainda mais determinadas a emagrecer para o verão. Porém, como o verão está próximo, a tendência é de se optar por dietas mais restritivas para tentar correr contra o tempo perdido. O grande problema é que dietas muito restritivas, apesar de indubitavelmente proporcionarem uma perda de peso significativa, podem também carregar consigo alguns efeitos colaterais prejudiciais à saúde.
Numa pesquisa recente publicada na JAMA Network, pesquisadores australianos da Universidade de Sydney avaliaram dois grupos de mulheres pós-menopausa, que foram submetidas a 12 meses de dieta.
No grupo 1, as avaliadas foram submetidas a uma dieta de restrição calórica moderada, tendo suas calorias reduzidas em entre 25% e 35%, porém mantendo a dieta em forma de comida.
No grupo 2, as avaliadas foram submetidas a quatro meses de uma dieta de restrição calórica severa, em forma de um shake para substituição total das refeições, seguidos por oito meses de dieta moderada, nos mesmos moldes do grupo um.
Em ambos os grupos, as avaliadas mantiveram uma ingestão de proteína de 1 g/Kg de peso por dia e foram encorajadas a praticar atividades físicas.
Ao final dos 12 meses de intervenção, o grupo submetido à dieta de severa restrição calórica apresentou aproximadamente o dobro da perda de peso, o dobro da perda de gordura e uma distribuição mais saudável da gordura em decorrência da maior perda de gordura abdominal subcutânea e ao redor das vísceras. Além disso, as mulheres desse grupo tenderam menos a abandonar a dieta, por se sentirem mais motivadas pela rápida perda de peso.
Por outro lado, esse mesmo grupo apresentou maior perda de massa magra e maior perda de massa óssea, ambos fatores determinantes para a manutenção da saúde, especialmente para essa população (mulheres pós-menopausa) em que os cuidados para evitar a sarcopenia (perda de massa muscular decorrente do processo de envelhecimento) e a osteopenia/osteoporose (perda de massa óssea) devem estar aumentados.
Fato muito importante de se ressaltar é que apesar de os autores do estudo terem alertado as voluntárias a respeito dos efeitos negativos que a dieta severa teve sobre seus ossos e músculos, elas valorizaram apenas a perda de peso.
Infelizmente, esse comportamento é muito comum e muito observado por nós, profissionais da saúde, em nossa prática diária.
Sem dúvida nenhuma, combater a obesidade é fundamental para a saúde. Porém, precisamos entender de uma vez por todas que a saúde deve ser priorizada antes de qualquer objetivo estético. Dietas de severa restrição calórica devem ser feitas com o acompanhamento de um
nutricionista.
E por fim, para manter um peso e um corpo saudável, basta lembrar daquela velha máxima popular: “o que engorda não é o que fazemos entre o Natal e o Ano Novo, e sim o que fazemos entre o Ano Novo e o Natal.”
Por: Turibio Barros (com Gerseli Angeli)
Fonte: Turibio Barros, Mestre e Doutor em Fisiologia do Exercício pela EPM, fisiologista do São Paulo FC e membro do American College of Sports Medicine
Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/11/19/cuidado-com-as-dietas-de-verao-combata-a-obesidade-sem-prejudicar-a-saude.ghtml