Correr desgasta o joelho? Ou protege as articulações?
Especialista em biomecânica da corrida, Raquel Castanharo explica estudos e conclui: a incidência de artrose entre corredores recreacionais é de 3,5%; já em sedentários, o número sobe para 10,2%
Você já teve vontade de começar a correr, mas sentiu medo de ter algum problema no joelho lá na frente? Ou você corre e já ouviu algum comentário como “correr vai acabar com o seu joelho”? Bom, não vai. Correr não vai acabar com o joelho, não machuca o joelho.
Em primeiro lugar é importante dizer que minha opinião sobre esse assunto não importa. Nem a de nenhum outro profissional da saúde. Quando queremos entender de verdade algo que acontece com quem corre, e com a saúde das pessoas em geral, temos que nos embasar em dados. Pois então, vamos a eles:
Corrida corredores joelho — Foto: Reprodução/Internet
1 – Correr gera alterações no joelho apenas no curto prazo
O principal medo das pessoas é ter “desgaste no joelho”. Isso significa especificamente uma perda da cartilagem da articulação – uma espécie de revestimento que a protege e diminui o atrito entre os ossos durante o movimento. “Imagina ficar osso com osso e ter que colocar uma prótese quando for mais velho”: esse é o medo.
Uma pesquisa recém-publicada mostrou que, de fato, logo após um treino, a cartilagem do joelho perde água e fica menor em volume, o que seria preocupante no longo prazo. Porém, no dia seguinte, essa desidratação já se normalizou e a cartilagem está absolutamente intacta. Essa alteração momentânea é apenas uma adaptação ao movimento durante o esporte, e não representa um problema duradouro.
2 – Correr por 10 anos não muda o joelho
Em outro estudo, os autores mostram resultados da análise da cartilagem de maratonistas ao longo de 10 anos. Resultados: correr não desgastou seus joelhos.
3 – Correr protege o joelho
Esse desgaste na cartilagem do joelho tem um nome: artrose. E uma terceira pesquisa científica mostra que, muito ao contrário do que se pensa, correr protege os joelhos.
A incidência de artrose entre corredores recreacionais é 3,5%. Já em sedentários, esse número sobe para 10,2% e eles fazem mais cirurgias para colocar prótese no quadril e joelho do que corredores. Ou seja, é pior para os joelhos ficar parado em casa.
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O joelho só sofreu mais do em sedentários em corredores de elite, mas esporte de alto rendimento é outra história.
Todos esses dados não significam que quem corre nunca terá problemas no joelho. Eles significam que correr não vai aumentar o risco de algo que já iria acontecer. Pelo contrário, o principal fator de risco para problemas no joelho é sedentarismo
Para mais papos sobre corrida embasados em ciência, me siga no instagram @raquelcastanharo.
Por: Raquel Castanharo
Fonte: Raquel Castanharo, Mestre em Biomecânica da Corrida e fisioterapeuta na Clínica Raquel Castanharo. É especializada em corredores de rua (@raquelcastanharo)
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/treinos/post/2022/08/06/correr-machuca-o-joelho-ou-e-fator-de-protecao.ghtml