Coronavírus: cuidado com as fake news sobre tratamentos médicos
Cardiologista esclarece cinco pontos que têm levantado dúvidas em relação a medicamentos, suplementos e à prática de atividades físicas durante a pandemia de Covid-19
Fique em casa. Essa ainda é a melhor recomendação para a prevenção contra o Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, por parte de todos nós, sejamos atletas, esportistas, apenas pessoas ativas ou mesmo sedentárias. Essa é a única maneira de prevenção enquanto não tivermos a vacina testada e provada na sua eficiência, como aconteceu com o vírus da Influenza e outras viroses, o que ainda vai demorar meses. O perigoso e grande problema de saúde pública são os tratamentos alternativos e outros do tipo “eu acho”, sem nenhuma base médica. Preocupa a todos nós, porque dicas absurdas são postadas como verdades científicas por blogueiros e influenciadores digitais aproveitadores do momento, sem formação técnica e, o pior, com aceitação de muitas pessoas. Procurem sempre fontes oficiais de sociedades médicas e do Ministério da Saúde. Seguem alguns esclarecimentos com base médica:
A automedicação é uma prática perigosa que está aumentando nesta pandemia — Foto: internet
1.Vários “ex-atletas”, sem nenhuma formação universitária de um profissional de educação física, resolveram palpitar nas mídias com “lives” de aulas de exercícios sugerindo objetos caseiros na maior parte das vezes inapropriados e perigosos, pelo risco de causar lesões ortopédicas e até cardíacas. Sempre escolham profissionais da saúde ou de educação física e apaguem as páginas dessa turma;
2.A automedicação é uma prática perigosa que está aumentando nesta pandemia, com claro direcionamento para se prevenir da virose. Como com a famosa hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina, que podem provocar efeitos colaterais no mínimo indesejáveis e arriscados. São usados em altas doses no tratamento hospitalar, onde no entanto o paciente tem seu aparelho cardiovascular monitorado as 24 h e seu organismo controlado com vários exames laboratoriais diários. Por tudo isso, não se recomenda se automedicar como se fosse um antigripal comum;
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3.Medicações para tratamentos cardiológicos dos medicamentos à base de dos BRA (sartanas) e iECA não devem ser trocadas ou suspensas sem orientação direta do seu médico. Várias manifestações de Sociedades de Cardiologia internacionais e da brasileira deixaram bem claro que não se deve suspender essa medicação, por falta de evidências científicas de problemas com seu uso;
4.Pratica de atividades físicas ao ar livre ainda não estão liberadas na maioria das grandes cidades; porém se você está em local liberado, lembre-se dos cuidados pessoais de prevenção, principalmente a de praticar sozinho ou apenas com quem já convive com você. Manter distância mínima de dois metros de outra pessoa é fundamental. É triste ver centenas de pessoas aglomeradas praticando esportes ou caminhando juntas ao ar livre, sem nenhum cuidado de proteção pessoal como as simples máscaras;
5.Suplementos farmacêuticos que aumentariam a imunidade infelizmente ainda não existem, e nisso incluímos as vitaminas C, D, B12, o Ômega 3,6 e outros. Uma alimentação saudável e regular na maioria das refeições é suficiente para a maioria das pessoas. Caso seja detectada sua falta no organismo, o médico ou nutricionista deve orientar a correção por alimentação ou suplementação farmacológica. Outro produto cujas propriedades medicinais são falsas ou exageradas é o suco detox de variados alimentos saudáveis, porém sem poder curativo ou preventivo de viroses ou outras infecções.
Por: Nabil Ghorayeb
Fonte: Nabil Ghorayeb,Doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Prêmio Jabuti de Literatura, Ciência e Saúde
Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2020/05/06/coronavirus-cuidado-com-as-fake-news-sobre-tratamentos-medicos.ghtml