Casos de diabetes crescem e trazem questão: açúcar é pior do que cigarro?
Cardiologista Nabil Ghorayeb alerta para o excesso de consumo mundial de açúcar e ressalta a importância da prática de atividade física entre os portadores de diabetes
Neste mês de novembro temos mais uma data importante na área da saúde, o dia 14, que marcou o Dia Mundial do Diabete. E uma pergunta surgida na mídia chamou a atenção: seria o açúcar pior do que o tabaco? Segundo a revista “Nature”, o excesso de consumo de açúcar está levando à morte mais de 35 milhões de pessoas por doenças como o diabete, cardiopatias e câncer.
Os cientistas estão exigindo que se alerte para o consumo do açúcar como é feito com o cigarro e as bebidas alcoólicas. Sugerem impostos mais caros para os doces com mais açúcar e assim por diante, como é feito com o cigarro, tudo porque o autocontrole tem sido muito falho na prática clínica.
Os refrigerantes e as bebidas isotônicas, por exemplo, têm em média 36 % de açúcar. Os sucos de frutas com adição de açúcar têm ao redor de 10%. Calcula-se que um norte-americano consuma 22 colheres de chá de açúcar por dia, quando o recomendado estaria entre seis a nove colheres por dia.
E o pior é que apenas um quarto dos diabéticos e dos intolerantes à glicose seguem as recomendações de só duas frutas por dia e exercícios aeróbios regulares como a corrida, o ciclismo ou a natação. A prática de atividade física resulta no controle mais eficaz do diabete, que se caracteriza pelo aumento do índice glicêmico (nível de açúcar no sangue) e das graves complicações vasculares como consequência. Os efeitos metabólicos imediatos do exercício físico são: aumento da ação da insulina (que metaboliza o açúcar disponível no organismo), aumento da captação de glicose pelos músculos, o que melhora seu desempenho e, finalmente, a diminuição do índice glicêmico. Depois de 12 a 14 semanas, observa-se o incremento das funções cardiorrespiratórias, diminuição dos triglicérides, da gordura corporal, melhor controle da pressão arterial, diminuição da ansiedade e depressão e, principalmente, uma importante redução no desenvolvimento de complicações relacionadas às doenças cardiovasculares.
A quantidade ideal de exercícios a serem realizados deve ser individualizada, respeitando as condições físicas e a presença de complicações decorrentes do diabetes, através da avaliação médica e do profissional de educação física. Não faça nada mais intenso sem essas informações fundamentais. Sabemos que mais de 50% dos problemas cardíacos num diabético ou o chamado intolerante ao açúcar não tem sintomas claros, dependendo da competente avaliação do médico do cardiologista do esporte. É importante sempre medir a glicemia antes de sair de casa e após os exercícios, saber reconhecer os sinais de hipo ou hiperglicemia e repor líquidos, mas com atenção à ingestão do açúcar e do sal presentes nos isotônicos, como consta nos rótulos.
Por Nabil Ghorayeb
São Paulo
Fonte: NABIL GHORAYEB
Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUCSP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP , Chefe da Seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, Médico Sênior do Grupo Fleury Medicina e Saúde, Coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715 , Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. www.cardioesporte.com.br
Transcrito:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/11/casos-de-diabetes-crescem-e-trazem-questao-acucar-e-pior-do-que-cigarro.html