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Café ajuda a emagrecer? Diminui a fome?

Médico endocrinologista Guilherme Renke comenta estudos sobre a efetividade da cafeína para o metabolismo e a perda de peso

A obesidade aumentou consideravelmente no mundo todo nas duas últimas décadas. A doença é causada por um desequilíbrio entre a ingestão de energia de energia e o gasto energético e, portanto, é necessário um balanço energético negativo para provocar perda de peso, o que pode ser alcançado diminuindo a ingestão de energia ou aumentando o gasto energético. Evidenciou-se na última década que a cafeína, substância presente no café e no chá preto, por exemplo, parece influenciar esse balanço energético, aumentando o gasto e diminuindo a ingestão de energia, sendo potencialmente útil como regulador de peso corporal.

Tomar uma xícara de café antes de correr ajuda a acordar o corpo eu atleta – Foto: Reprodução/Internet

O consumo do café faz parte da cultura de muitos países e aproximadamente 80% da população mundial consomem produtos com cafeína todos os dias, incluindo bebidas, medicamentos e suplementos. A cafeína é um alcalóide natural encontrado em quantidades variadas nos grãos, folhas e frutos de mais de 60 plantas. Algumas fontes comuns de cafeína são a noz de cola, o grão de cacau, a erva-mate e o guaraná. No entanto, os grãos de café torrados e as folhas da Camellia sinensis (dos chás preto, verde e branco) são as principais fontes mundiais de cafeína na dieta. Níveis elevados de cafeína aparecem na corrente sanguínea 15-45 minutos após o consumo, atingindo o pico cerca de 60 minutos após o consumo.

Principais benefícios do chá preto – Foto: Reprodução/Internet

A cafeína estimula o sistema nervoso simpático, considerado um componente essencial do sistema nervoso autônomo, onde desempenha um papel importante na manutenção da homeostase energética através do controle hormonal e neural. O sistema nervoso simpático tem sido descrito como um sistema regulador complexo que envolve efeitos diretos dos nervos simpáticos que inervam a maioria dos tecidos do corpo. Foi demonstrado que a sua ativação suprime a fome, aumenta a saciedade e estimula o nosso metabolismo, em parte aumentando a oxidação da gordura.

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Em um estudo de quatro semanas com 84 adultos saudáveis (46 homens e 38 mulheres), foram investigados os efeitos do consumo de café no peso, composição corporal, ingestão de alimentos, saciedade e integridade do DNA. Os níveis de saciedade foram medidos pelas concentrações plasmáticas de serotonina e grelina, duas moléculas que desempenham papéis importantes na regulação da fome e da saciedade. Isso porque a cafeína aumentaria a secreção de serotonina pelas células neuronais no intestino em resposta a estímulos intestinais, o que supostamente reduz a ingestão de alimentos; e reduziria a secreção de grelina, hormônio que estimula o apetite e a ingestão de alimentos, pelas células gástricas.

De fato, o consumo de três xícaras de café de 250 mL por dia foi associado a:

Foto: Reprodução/Internet

– Diminuição da gordura corporal durante o período do estudo;

– Aumento dos níveis plasmáticos de serotonina redução dos níveis plasmáticos de grelina em relação aos níveis registrados durante o período anterior ao estudo;

– Efeitos protetores do DNA.

Estas descobertas sugerem que o consumo regular de café pode proporcionar benefícios para a saúde, reduzindo a ingestão de energia e a gordura corporal, regulando a saciedade e protegendo a integridade do DNA. Ou seja, indicam que o café pode ajudar no processo de emagrecimento, sendo mais uma ferramenta associada a exercícios físicos e dieta.

Estudos também demonstraram que a cafeína pode melhorar o balanço energético quando consumida em doses baixas a moderadas (2–4 mg/kg) por homens e mulheres fisicamente ativos ou sedentários, bem como por homens e mulheres obesos ou com peso normal. No entanto, alguns estudos não relataram nenhum efeito da cafeína na ingestão de energia.

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Segundo a médica Vanessa Fraife, do Instituto Nutrindo Ideais, “a cafeína está associada ao aumento do gasto energético e, portanto, parece neutralizar a diminuição da taxa metabólica que ocorre comumente durante períodos de redução de peso e tratamentos de emagrecimento. Porém, na prática clínica, isso depende de vários fatores que incluem a sensibilidade genética do paciente e as doses utilizadas”.

Além disso, sabe-se que indivíduos obesos com termogênese reduzida em resposta à cafeína podem ter dificuldades na perda de peso corporal com o tratamento convencional e podem necessitar de uma dieta hipocalórica, possivelmente controlada pelo tratamento com um ativador metabólico. A combinação do tratamento com cafeína com uma dieta de mudança de calorias poderia ser uma abordagem alternativa eficaz para perda de peso e gordura, com pequenas mudanças no metabolismo e maior tolerância dos indivíduos à nova dieta.

Curiosamente, um estudo recente relatou que aqueles que mantêm a perda de peso consomem mais xícaras de café e bebidas com cafeína em comparação com a amostra da população em geral. O consumo maior de café estava associado a um baixo risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2. Cafeína pode ser usada como regulador do controle de peso e na prevenção de comorbidades.

Mas vale ressaltar que o consumo exagerado do café ou da cafeína pode trazer prejuízos para o sono e o ritmo circadiano. O consumo de suplementos e substâncias com adição de cafeína deve ser feitos com a orientação de um nutricionista ou médico.

Por: Guilherme Renke – Rio de Janeiro

Fonte: Guilherme Renke, Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2023/10/19/cafe-ou-cafeina-afetam-perda-de-peso-fome-e-metabolismo.ghtml

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