Azeite de oliva: como escolher e quais fraudes são comuns
O azeite de oliva está cada vez mais presente nas casas brasileiras, mas você sabe como ele é produzido? Saiba mais sobre o produto e como evitar fraudes.
O azeite de oliva vem se tornando um item cada vez mais presente nas casas brasileiras, utilizado tanto no cozimento de refeições quanto como tempero de saladas. O consumo de azeite no Brasil aumentou de 18.500 toneladas para 104.000 toneladas entre 1990/91 e 2019/20.
Nesse cenário de tantas opções, o consumidor deve tomar alguns cuidados na hora de escolher qual produto levar. O azeite de oliva extravirgem não pode apresentar mistura com nenhum outro tipo de óleo vegetal. No entanto, algumas marcas acabam cometendo fraudes e vendendo azeites fora dos padrões legais.
Diversos estudos realizados pela PROTESTE indicam que há lotes de marcas adicionadas com outros óleos sendo comercializadas como azeite de oliva extravirgem. A fraude mais habitual é a adição de outros óleos vegetais, como o óleo de soja, por exemplo.
Será que você está consumindo o melhor azeite em sua casa?
Neste artigo, vamos explicar exatamente o que é um azeite de oliva, quais seus benefícios, como escolher o ideal e, ainda, apresentar a você as principais fraudes que giram em torno da fabricação e venda deste produto.
O que é o azeite de oliva?
O azeite de oliva é obtido por meio do processamento do fruto da oliveira, a azeitona. Para que ele mantenha a qualidade, existem inúmeras exigências para o processo de fabricação e comercialização.
A variedade da oliveira influencia diretamente na composição nutricional do produto, que traz benefícios para a saúde por ser rico em gorduras monoinsaturadas, mais especificamente o ácido oleico, conhecido como ômega-9. Além disso, o azeite de oliva extravirgem contém polifenóis e vitamina E.
Por esse motivo, ele é capaz de combater alguns tipos de câncer, impedir a formação de radicais livres (responsáveis pelo envelhecimento precoce das células) e auxiliar na redução do colesterol ruim (LDL) e dos níveis de triglicerídeos, além de proteger o coração e diminuir a pressão arterial sanguínea.
Tem sido verificado também o aumento de um componente do colesterol bom (HDL) conhecido como apoA-IV (apolipoproteína A – IV), graças ao elevado teor ácido oléico. A apoA-IV evita que as plaquetas se grudem impedindo o bloqueio dos vasos sanguíneos, ou seja, reduz a agregação plaquetária que pode causar ataques cardíacos e derrames isquêmicos.
Além disso, uma pesquisa recente realizada pela Universidade Temple, nos Estados Unidos, conseguiu conectar o consumo do produto à preservação da memória. Isso porque os nutrientes presentes no azeite são capazes de contribuir com a eliminação de toxinas e outras substâncias degenerativas que levam ao Alzheimer, por exemplo. Por isso, o consumo desse óleo vegetal pode ser capaz de prevenir a doença.
Porém, mesmo com todos esses benefícios, o consumidor deve tomar cuidado com o consumo exagerado do produto, que é altamente calórico.
Como é produzido o azeite de oliva?
O azeite de oliva é aquele extraído da azeitona – ou oliva – e que não é misturado a nenhum outro tipo de óleo vegetal. O primeiro passo é a colheita do fruto, que é feita levando em consideração aspectos como as condições climáticas do local, a maturação da oliveira, o método de colheita (manual ou mecanizado, por exemplo) e o modo e tempo como a oliva é conservada.
Normalmente, após a colheita, a azeitona é lavada e prensada para a extração do óleo. A legislação do produto não permite que o azeite de oliva seja misturado a outros óleos vegetais, e nem permite a aplicação de solventes.
Existem três tipos de azeite de oliva virgem classificados pela legislação: extravirgem, virgem e lampante. Desses, o azeite de oliva extravirgem é o melhor de todos.
Para ser considerado azeite de oliva virgem, além de ser extraído do fruto da oliveira unicamente por processos mecânicos ou outros meios físicos, sob controle de temperatura adequada, pode ainda ser lavado, centrifugado, decantado e filtrado para atender aos parâmetros de qualidade legais.
O azeite de oliva extravirgem é obtido por meio do emprego da primeira prensagem a frio das azeitonas, sendo o mais saudável dos azeites. Como não é refinado, mantém seus nutrientes integralmente, principalmente os antioxidantes, e possui alta qualidade gastronômica devido ao sabor acentuado.
Entre os tipos de azeite de oliva virgem, o lampante não é destinado ao consumo humano.
Uma de suas utilizações mais comuns é como combustível em equipamentos de iluminação. Para ser consumido deve ser refinado, quando passa a ser classificado como azeite de oliva refinado.
Qual a origem do azeite?
A oliveira está entre as mais antigas árvores cultivadas no mundo, ligada a muitos aspectos sociais e religiosos tanto no Velho Testamento quanto na Mitologia Grega (se relacionando, inclusive, ao mito da criação do nome da cidade de Atenas, na Grécia). O óleo derivado da azeitona foi descoberto ainda pelos homens primitivos, mas foi durante a expansão do cultivo da oliveira que ele adquiriu diversos usos.
Hoje, são conhecidas mais de 30 espécies da oliveira, que teve sua origem há cerca de 5.000 anos na região correspondente à antiga Pérsia e Mesopotâmia. Após se espalhar pela Síria e Palestina, os fenícios foram responsáveis por levá-la ao Ocidente. Mais tarde, os romanos descobriram a árvore, que foi disseminada pelo Império Romano.
Nessa época, o azeite de oliva já era extraído pelos romanos, mas não para fins de consumo. Ele era utilizado em banhos e como combustível. Foi durante a ascensão do Império e o crescimento das trocas comerciais por meio da conquista da Grécia, da Ásia Menor e do Egito que o azeite se tornou parte da alimentação, além do uso farmacêutico.
O início do cultivo da oliveira na América só começaria séculos depois, no século 15. Os primeiros sinais do cultivo foram registrados no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, na Argentina e no Chile.
Como escolher o azeite de oliva?
Entre as diversas opções disponíveis no mercado, o consumidor desatento ou que não reconhece as características de um verdadeiro azeite de oliva pode acabar saindo no prejuízo. Por isso, alguns itens devem ser considerados na hora de escolher qual deles levar para casa.
Já é sabido que um dos grandes parâmetros para avaliar se um azeite de oliva extravirgem é ou não de excelente qualidade é a acidez, que deve ser inferior a 0,8%. Porém, a acidez quando analisada de forma isolada, não diz muita coisa sobre o azeite. Diz parte dela.
Isso porque o azeite pode ter uma acidez baixa, mas um índice de peróxido elevado, por exemplo. Ou seja, o azeite pode estar rançoso ainda que a acidez seja baixa. Portanto, ela não deve servir como parâmetro único na escolha do azeite, pois se faz necessária uma avaliação em conjunto.
A classificação do azeite é o primeiro passo: o extravirgem, como dissemos, é o de melhor qualidade. Além disso, quanto mais jovem for o azeite, maiores serão suas propriedades nutricionais. Para identificar, o consumidor deve se atentar à data de envase do produto. O ideal é comprar aquele que ainda não tenha completado seis meses desde que foi envasado.
Um alerta é evitar o azeite que tenha em seu rótulo termos como “óleo composto” ou “tempero misto”. Essas expressões indicam que o produto não se trata de um verdadeiro azeite de oliva, pois foi misturado a outros óleos vegetais, como o de soja ou de girassol, por exemplo.
Além de prejudicar a pureza do azeite de oliva, esses óleos normalmente passam por processos químicos e concentram diversos tipos de gorduras, que não são necessariamente boas (as mono e poliinsaturadas).
Escolha a garrafa mais ao fundo da prateleira do supermercado. Por receberem menos iluminação, a qualidade é mantida. Isso porque a exposição à luz faz com que ele perca algumas características nutricionais. Sendo assim, opte sempre também pelo azeite de oliva envasado em garrafas de vidro e escuras.
E por último, fique atento ao comprar azeites importados de outros países. Dê preferência aos que forem produzidos e envasados na origem. É obrigatório que contenham em seus rótulos as informações do local de produção e de envase.
Quais os tipos de fraudes mais comuns nos azeites?
Em alguns casos, a mistura de outros óleos vegetais ao azeite de oliva pode até não trazer riscos à saúde do consumidor, porém, essa adição, quando não comunicada no rótulo do produto, é considerada uma fraude.
Ela permite que tal fabricante exerça uma concorrência desleal no mercado, além de conseguir preços mais competitivos para seu produto e lesar o consumidor, que compra a mistura como se fosse azeite de oliva, mas acaba sem usufruir os seus benefícios.
Os tipos de fraudes nos azeites em geral incluem adição de outros óleos vegetais e/ou animais, óleos vegetais parcialmente hidrogenados, óleos vegetais submetidos à remoção de esteróis (desterolizados) e óleos reesterificados.
A complexidade que envolve a composição dos diferentes tipos de azeite de oliva, bem como as consequências dos processos de refinação, hidrogenação e reesterificação torna a detecção da adulteração, muitas vezes, um problema de difícil solução. Por isso, vários índices são recomendados para a verificação da pureza do azeite de oliva.
Quais os melhores azeites do mercado?
Desde 2002, a PROTESTE, maior associação de consumidores da América Latina, vem realizando testes de qualidade com lotes de azeite de oliva extravirgem das principais marcas disponíveis no mercado brasileiro. Nossos resultados visam conscientizar o consumidor sobre a composição desses produtos, além de identificar fraudes.
Por meio de nosso teste mais recente, realizado no final de 2019, detectamos fraudes em cinco marcas de azeites extravirgem. Após chegar a essas irregularidades, a PROTESTE ingressou com ações judiciais contra essas empresas, e dois lotes chegaram a ser retirados do mercado.
Por: Redação Proteste
Fontes: Proteste
Universidade Temple, nos Estados Unidos
Transcrito: https://minhasaude.proteste.org.br/azeite-de-oliva-como-escolher/