Atividades físicas podem proteger e aprimorar o sistema neurológico
Da prevenção do Alzheimer à elevação do raciocínio lógico, se exercitar traz uma gama de benefícios ao corpo
Recentemente, o jogador de futebol Fred pedalou de Belo Horizonte até o Centro de Treinamento do Fluminense, no Rio de Janeiro para sua apresentação no clube. O feito cativou torcedores por causa dos 600km de distância entre as cidades. Segundo especialistas, a atividade física pode promover benefícios para o corpo e a saúde mental e se encaixa bem para o atleta, que abriu o jogo sobre seu quadro depressivo no ano passado. E assim se corrobora o ditado: “Corpo são, mente sã.”.
De acordo com Ana Carolina Andorinho, neurologista do Hospital São Lucas Copacabana, já existem diversas evidências de que a prática de atividades físicas reduz consideravelmente os riscos de desenvolver condições neurológicas, como o Alzheimer. “No entanto, os benefícios do exercício físico vão além da prevenção de doenças. Sabe-se também que o hábito estimula o aprimoramento de pessoas totalmente saudáveis e pode ser prescrito até mesmo como aliado contra doenças crônicas como epilepsia, esclerose múltipla e depressão”, comenta.
“A explicação é simples: da mesma maneira que os músculos se tornam mais potentes ao serem estimulados por atividades físicas, as células nervosas não ficam de fora, sendo possível também o aprimoramento do desempenho neurológico. Esse fenômeno se chama neurogênese – a formação de novos neurônios. Durante o exercício físico, elevamos os níveis de substâncias como o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (conhecido como BDNF). O BDNF é um exemplo de neurotrofina, importante para a maturação, a conservação, o funcionamento das células nervosas e, consequentemente, o processo de neuroplasticidade”.
“Além dessa substância, outra, conhecida como VEGF – fator de crescimento endotelial vascular –, também tem sua produção aumentada quando estamos num pico de atividade física. Esse elemento contribui para a angiogênese – o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. Dessa forma, garante melhor abastecimento das células nervosas.”
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“Exercitar-se também estimula a produção de hormônios, como a endorfina, a dopamina e a serotonina. Tais substâncias estão associadas à sensação de euforia, alegria, prazer e bem-estar. Além disso, a atividade física atenua os efeitos deletérios gerados pelo estresse crônico. Em condições prolongadas de estresse, há maior circulação de cortisol, que fomenta um ambiente de maior inflamação e, gradualmente, danifica neurônios e gera a atrofia de regiões cerebrais como o hipocampo. Por isso, suar a camisa é um ótimo aliado no tratamento da depressão e da ansiedade e na prevenção de possíveis complicações por tais condições”, ressalta a médica.
Estudos também observaram uma relação entre a prática de exercícios físicos e o aumento da capacidade cognitiva ainda na infância. Uma pesquisa conduzida pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) apontou que crianças que se exercitavam regularmente no ambiente escolar obtinham melhor rendimento.
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Segundo a especialista, mesmo a rotina de trabalhar em movimento, por exemplo, pode trazer vantagens concretas à saúde em comparação com pessoas que tendem a trabalhar sentadas. Por isso, agregar à rotina pequenos hábitos, como utilizar as escadas e levantar-se a cada 30 minutos, é bastante recomendado.
Embora o organismo se beneficie de qualquer forma de atividade física, práticas que envolvem reflexos rápidos e interações com o ambiente estimulam melhor o aprimoramento dos neurônios. “Essas características são bastante comuns em esportes coletivos como futebol, vôlei ou até mesmo dança. Cabe a cada um escolher a prática com a qual se identifique mais”.
Por: Rachel Lopes
Fonte: Ana Carolina Andorinho, neurologista do Hospital São Lucas Copacabana