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Arritmias: depois de Renato Gaúcho, médico alerta para possíveis causas e melhores tratamentos

Cardiologista explica que esporte de alta intensidade por anos, favorece surgimento de adaptações erradas do coração, principalmente se associado ao álcool ou energéticos

Recentemente Renato Gaúcho assustou o mundo do esporte após ser submetido a um procedimento cardíaco para corrigir uma arritmia, uma alteração no ritmo das batidas do coração. A preocupação recente foi mais um problema cardiológico em ex-atletas de futebol e, por coincidência, são ou foram técnicos de futebol. Cuca, por exemplo, teve problemas de obstruções nas coronárias e outros três com o mesmo tipo de arritmia cardíaca. Além de Renato, a fibrilação atrial também foi diagnosticada em Guto Ferreira e Muricy Ramalho.

Seria o esporte a causa?

Pela faixa etária e perfil de hábitos de vida deles e de outros esportistas, os hábitos de vida podem precipitar as arritmias cardíacas. Mas vamos a alguns esclarecimentos úteis à todos. Nos últimos anos, pesquisas validadas de alta qualidade nos EUA, na Escandinávia e no Brasil, demonstraram que exercícios físicos de alta intensidade por anos, favorecem o surgimento de adaptações erradas do coração, especialmente em pessoas que não são ainda possíveis de se identificar, mas devem ser geneticamente mais
sensíveis a esses estímulos físicos elevadíssimos.

O que ocorre é um remodelamento cardíaco, ou seja, aumento exagerado, mas com pequenas fibroses (cicatrizes) no coração, detectadas no exame de ressonância magnética de pesquisas de rotina do coração de atleta de alto nível de performance. Essas fibroses podem ser a causa de arritmias cardíacas nesses ex-atletas. Porém, o problema pode ser mais frequente e sério quando existe consumo elevado de bebidas alcoólicas de todos os tipos e alta ingestão de energéticos misturados às bebidas alcoólicas destiladas. Outros fatos que colaboram são a ingestão dos terríveis termogênicos (proibidos pela ANVISA no Brasil), ser portador de diabete, doença da tireoide (hipertireoidismo), miocardiopatias graves como doença de Chagas, miocardiopatia hipertrófica e outras.

Devemos sempre lembrar que o estresse pode desencadear acelerações ou falhas dos batimentos cardíacos e isto em qualquer ser humano, mesmo os que não são esportistas. Imaginem as emoções de uma prova esportiva ou campeonato mesmo escolar ou interno de um clube.

Os casos dos ex futebolistas foram tratados curiosamente cada um de forma diferente, tratamento clínico medicamentoso, tratamento por cardioversão elétrica, que é o choque elétrico no peito, geralmente num pronto socorro, e por fim, usando não cirurgia, mas um procedimento invasivo com anestesia geral chamado Ablação por radiofrequência, seguida de medicação por semanas evitando atividades físicas intensas.

Nenhuma ação ou demora no tratamento pode ser um desastre clínico e de qualidade de vida. Por isso, cada caso deve ser avaliado pelo cardiologista em acordo com o paciente, onde o principal risco é a de que a fibrilação atrial provoque um derrame cerebral com alto risco de sequelas motoras e cognitivas definitivas.

Para concluir, os idosos ativos ou sedentários tem no envelhecimento natural (chamado de presbiocardia) maior chance de desenvolver a fibrilação atrial, mesmo sem ter doença crônica, mas só pelo fato de envelhecer. Não caiam nas FAKES dos tratamentos especiais e milagrosos da turma do antienvelhecimento, não reconhecidos como tratamentos éticos pelo Conselho Federal de Medicina.

Por: Nabil Ghorayeb — São Paulo


Fonte: Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUC-SP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715, Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. (Foto: EuAtleta)

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/01/09/arritmias-depois-de-renato-gaucho-medico-alerta-para-possiveis-causas-e-melhores-tratamentos.ghtml

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