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Alimentos com sódio: rótulos podem enganar

A melhor maneira de regular o consumo de alimentos com sódio é analisar os rótulos, mas nem todos eles apresentam dados exatos. Confira!

Você com certeza já foi orientado a tomar cuidado com o consumo exagerado de alimentos com sódio, certo? Embora ele esteja presente naturalmente em alimentos como ovos e carnes, por exemplo, são os produtos industrializados as verdadeiras bombas de sódio.

O elevado nível da substância encontrado nesses alimentos tem um motivo. Para aumentar a validade e intensificar o sabor desses produtos, que podem passar muito tempo nas prateleiras dos supermercados, os fabricantes adicionam sal e aditivos – ricos em sódio – à sua composição.

Segundo dados do IBGE equivalentes aos anos de 2017 e 2018, 31% das calorias totais consumidas pelos brasileiros vêm de alimentos processados e ultraprocessados, de pães e salgadinhos a biscoitos e bebidas lácteas. Por isso, não surpreende a informação de que a ingestão média de sódio no Brasil seja maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 2000 mg por dia.

Mas você sabe como regular a quantidade de alimentos com sódio que consome diariamente? Para isso, é essencial ler os rótulos dos produtos e compreender suas informações nutricionais.

Neste artigo, você vai entender as regras que regulam essa rotulagem e saber o que os testes de qualidade da PROTESTE dizem sobre os produtos industrializados disponíveis no mercado atualmente.

Quais são os alimentos com sódio?

“Além do sal de cozinha, dos alimentos industrializados como conservas, embutidos, queijos, bacon, sopa, biscoitos, doces, vegetais enlatados, pão e cereais matinais, existem alimentos não industrializados que são fontes naturais de sódio”, explica Soraya Margem, especialista da PROTESTE. “Eles são principalmente os produtos de origem animal como carnes, peixes, frangos e ovos.”

Confira abaixo o teor de sódio de alguns alimentos industrializados e não industrializados (quantidade em mg por 100g):

– amendoim torrado salgado: 376mg;

– caranguejo cozido: 360mg;

– castanha-de-caju torrada salgada: 125mg;

– cereal matinal de milho: 655mg;

– coração de frango grelhado: 128mg;

filé de salmão fresco com pele grelhado:–  85mg;

– leite de coco: 44mg;

– leite de vaca integral: 64mg;

– leite de vaca integral em pó: 323 mg;

– ovo de galinha cozido (por 10 minutos): 146mg;

– ovo de galinha frito: 166mg;

– palmito pupunha em conserva: 563mg;

– peito de frango grelhado: 50mg;

– sobrecoxa de frango sem pele assada: 106mg;

– suco concentrado de caju: 45mg.

Fonte: Tabela TACO 4ª Edição (2011)

O consumo exagerado de sódio pode causar problemas como doenças cardíacas e renais, além de hipertensão arterial sistêmica e retenção de líquidos.

Rotulagem de alimentos com sódio

É um direito do consumidor saber exatamente o que está ingerindo na hora de consumir um produto industrializado. Não é segredo para ninguém que grande parte desses alimentos passam por processos de fabricação que visam aumentar sua durabilidade, impactando negativamente o valor nutricional do produto.

Em 2020, a Anvisa fez algumas alterações na rotulagem de alimentos embalados. Além de exigir que as tabelas nutricionais apresentem o conteúdo de sódio por porção, elas deverão mostrar também a quantidade da substância em 100g do produto. Outra alteração significativa será a inclusão na parte frontal do rótulo da informação “ALTO EM SÓDIO” quando o produto tiver valor igual ou maior que 600mg de sódio por 100g.

O objetivo dessas novas instruções é ajudar o consumidor a tomar decisões de compra mais conscientes. Fabricantes têm até 2022 para atualizarem suas embalagens de acordo com as novas regras.

Os rótulos desses produtos não só são importantes para o conhecimento do consumidor, como também servem como base para a principal iniciativa em relação à redução dos teores de sódio em produtos industrializados no Brasil.

O Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados foi implementado pelo Ministério da Saúde em articulação com o setor produtivo visando a diminuição voluntária da quantidade de sódio em alimentos processados e ultraprocessados. Participam dele associações como Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) e União Brasileira de Avicultura (UBABEF).

Porém, o acompanhamento e monitoramento do Plano, realizados pelo Ministério, baseiam-se totalmente nas informações dos rótulos desses produtos, sem um estudo em laboratório que examine o teor de sódio deles. Mas será que podemos confiar totalmente nas informações nutricionais que encontramos nas embalagens de alimentos industrializados?

Estudo da PROTESTE encontra divergências na rotulagem

Um dos serviços da PROTESTE, a maior associação de consumidores da América Latina, é a realização de testes de qualidade em produtos disponíveis no mercado. Esses estudos visam levar aos consumidores informações que possam tornar suas escolhas na hora da compra mais confiáveis.

Pensando nisso, realizamos um teste de segurança avaliando o perfil de sódio de produtos industrializados. Isso foi feito analisando o teor de sódio desses alimentos em laboratório e comparando-o ao teor informado nos rótulos. Foram estudadas 8 categorias de produtos:

– biscoito cream cracker;

– biscoito integral salgado;

– biscoito maizena;

– creme de ricota;

– lasanha à bolognesa;

– presunto cozido;

– queijo prato;

– torrada integral.

Ao todo, foram analisados 32 lotes de produtos das principais marcas do mercado e o resultado não foi animador.

Nosso estudo encontrou 14 alimentos que seriam classificados como ALTO EM SÓDIO, de acordo com a nova regra da Anvisa. O Presunto Cozido Fatiado da marca Aurora foi o que apresentou o valor mais elevado (907,17 mg/100g). Nenhum dos produtos das categorias Lasanha à Bolognesa, Biscoito Integral Salgado e Biscoito Maizena mostraram alto teor de sódio.

Já entre os rótulos, 56% dos lotes analisados mostraram divergências entre a real quantidade de sódio no alimento e a que é informada pelas empresas. O produto que apresentou a maior diferença foi o Creme de Ricota da marca Quata, com 345% a mais de sódio que o divulgado em seu rótulo.

Hoje, a legislação de rotulagem permite um desvio de cerca de 20% do valor real (para mais ou para menos). Porém, essa regra também sofrerá ajustes a partir de 2022 e contará com critérios mais rigorosos.

Por: Redação Proteste

Fonte: Soraya Margem, especialista da PROTESTE

organizaçao Mundial da Saúde (OMS)

Ministério da Saúde

Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados

Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) e União Brasileira de Avicultura (UBABEF).

Transcrito: https://minhasaude.proteste.org.br/alimentos-com-sodio-rotulos-podem-enganar/

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