Alimentação saudável na infância: como incentivar meu filho a comer melhor?
Estudo aponta que consumo de bebidas açucaradas entre brasileiros de 3 a 19 anos caiu; entenda a importância da alimentação saudável na infância
Apesar do aumento global no consumo de bebidas açucaradas entre jovens, o Brasil apresenta um sinal positivo com a redução desse hábito entre crianças e adolescentes, conforme revela um estudo publicado na revista científica The BMJ. A pesquisa, que analisou o comportamento em 180 países, mostrou que, enquanto o consumo dessas bebidas cresceu 23% mundialmente, no Brasil houve uma queda de 3,29 porções semanais entre jovens de 3 a 19 anos entre 1990 e 2018. Este cenário é particularmente relevante para a promoção de uma alimentação saudável na infância e adolescência.
Afinal, destaca a importância do papel dos pais como modelos no consumo de alimentos e bebidas. A diminuição do consumo de bebidas açucaradas no Brasil é um passo importante, mas o desafio permanece em garantir que as crianças cresçam com hábitos alimentares que protejam sua saúde ao longo da vida.
Pensando em abordar a importância da alimentação saudável na infância, mostrando como isso refletirá na vida adulta do indivíduo, AnaMaria conversou com o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria e pós-graduado em alimentação infantil pela Nestlé Nutrition Internacional. Além disso, demos algumas dicas de como você pode incentivar seu filho a comer melhor. Confira a seguir.
Impactos do consumo excessivo de bebidas açucaradas durante a infância e adolescência
Impactos do consumo excessivo de bebidas açucaradas durante a infância e adolescência
O consumo excessivo de bebidas açucaradas durante a infância pode ter impactos profundos e duradouros no desenvolvimento físico e mental das crianças e adolescentes. De acordo com Nelson, em termos físicos, a ingestão excessiva de açúcar pode levar a um aumento na glicemia, resultando em resistência à insulina, que é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Além disso, o consumo elevado de açúcar está diretamente associado à obesidade infantil, que, por sua vez, pode levar a uma série de problemas de saúde, como hipertensão e doenças cardiovasculares.
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Outro impacto significativo é o aumento dos níveis de triglicérides no sangue, o que também é um fator de risco para doenças cardíacas. No contexto do desenvolvimento mental, o consumo de bebidas açucaradas pode influenciar negativamente a função cognitiva e o desempenho escolar, já que picos de glicose no sangue seguidos por quedas abruptas podem causar flutuações de energia e dificuldade de concentração.
O médico ainda destaca que os efeitos do consumo elevado de açúcar na infância não se restringem apenas ao período infantil, mas podem influenciar a saúde do indivíduo ao longo de toda a vida. Portanto, é essencial que os pais e responsáveis estejam conscientes desses riscos e adotem medidas para limitar a ingestão de bebidas açucaradas desde cedo, incentivando hábitos alimentares saudáveis que irão beneficiar a saúde física e mental das crianças a longo prazo.
Alimentação saudável na infância e adolescência x hábitos alimentares na vida adulta
A não promoção de uma alimentação saudável na infância pode causar maus hábitos alimentares – Foto: (Reprodução/Internet)
Uma alimentação saudável na infância e adolescência tem um impacto profundo nos hábitos alimentares e na saúde do indivíduo na vida adulta. Os hábitos alimentares formados nesses primeiros anos tendem a ser replicados ao longo da vida, estabelecendo padrões de comportamento alimentar que influenciam diretamente na saúde física e mental.
Nelson Ejzenbaum explica que, quando uma criança é incentivada a consumir alimentos nutritivos, como frutas, verduras, proteínas magras e grãos integrais, e a evitar o excesso de açúcares e alimentos ultraprocessados, ela desenvolve um paladar mais saudável e cria uma relação positiva com a comida. “Isso é crucial, pois uma dieta balanceada durante a infância não só apoia o crescimento e o desenvolvimento adequados, mas também previne uma série de problemas de saúde na vida adulta, como obesidade, diabetes tipo 2, e doenças cardiovasculares”, aponta o pediatra e neonatologista.
A obesidade infantil, por exemplo, está diretamente ligada ao aumento do risco de problemas hepáticos, intestinais, articulares, e visuais, além de predispor ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos, no futuro. Esses efeitos não se limitam ao físico, pois uma dieta rica em nutrientes também contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional, reduzindo o risco de problemas como ansiedade e depressão.
Portanto, o papel dos pais e cuidadores é essencial. Ao oferecerem uma alimentação equilibrada e serem exemplos de escolhas alimentares saudáveis, eles ajudam a construir uma base sólida para que a criança se torne um adulto com hábitos alimentares conscientes e saudáveis, minimizando os riscos de doenças crônicas e garantindo uma melhor qualidade de vida.
Como incentivar meu filho a comer melhor?
Cortar alimentos em formas divertidas ajuda a promover uma alimentação saudável na infância – Foto: (Reprodução/Internet)
Que a alimentação saudável na infância é primordial você já sabe, mas, afinal, como introduzir alimentos mais nutritivos no cardápio dos pequenos na prática? Incentivar seu filho a consumir comidas mais saudáveis pode ser um desafio, mas existem estratégias eficazes que podem facilitar esse processo. Confira algumas dicas:
– Dê o exemplo: crianças aprendem pelo exemplo. Se os pais e outros membros da família consomem alimentos saudáveis, as crianças são mais propensas a imitá-los. Faça das refeições um momento agradável e mostre entusiasmo ao comer frutas, verduras e outros alimentos nutritivos;
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– Envolva as crianças no processo: leve seu filho ao mercado ou à feira e permita que ele ajude a escolher frutas e vegetais. Em casa, convide-o para participar da preparação das refeições. Isso pode despertar o interesse pelos alimentos saudáveis e fazê-lo sentir-se parte do processo;
– Torne o alimento atraente: apresente os alimentos de forma criativa, como cortá-los em formas divertidas ou combinar cores vibrantes no prato. Além disso, introduza novos alimentos aos poucos, sem pressionar, e incentive a criança a experimentar;
– Estabeleça uma rotina: crie horários regulares para as refeições e lanches, evitando petiscos fora de hora. Isso ajuda a criança a desenvolver uma relação saudável com a comida e a entender que os alimentos nutritivos são uma parte importante do dia a dia;
– Ofereça recompensas saudáveis: em vez de usar doces como recompensa, ofereça alternativas saudáveis, como frutas ou iogurte, ou recompense com atividades divertidas, como brincar ao ar livre. Isso ajuda a criança a associar alimentos saudáveis a experiências positivas;
– Eduque sobre alimentação: ensine seu filho sobre os benefícios dos alimentos saudáveis de maneira simples e adequada à idade dele. Explique como certos alimentos ajudam a crescer forte, ter energia para brincar, e manter o corpo saudável;
– Seja paciente e consistente: mudanças nos hábitos alimentares não acontecem da noite para o dia. Seja paciente e continue oferecendo alimentos saudáveis, mesmo que a criança os recuse inicialmente. A consistência é fundamental para criar hábitos duradouros.
Implementando essas práticas, você ajuda seu filho a desenvolver uma relação positiva com a comida, promovendo hábitos que influenciarão diretamente em uma alimentação saudável na infância e na adolescência, os quais terão papel fundamental em como ele irá se alimentar pelo resto da vida.
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Por: Marina Borges (@_marinaborges) é formada em Jornalismo pela Unesp e atua como repórter no site de AnaMaria nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento.
Fontes: Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista membro da Academia Americana de Pediatria e pós-graduado em alimentação infantil pela Nestlé Nutrition Internacional
Transcrito: https://boaforma.abril.com.br/alimentacao/especial-endorfina-alimentos/
