Alergias cutâneas pioram durante o inverno
Conheça as substâncias que mais provocam reações na pele
Vermelhidão, coceira, pequenas feridas… Se você sofre com algum quadro de irritação cutânea, o problema pode estar mais próximo do que você imagina. A maioria dos alérgenos – substâncias ou agentes que causam alergia – está ao nosso alcance, em nosso armário de limpeza ou na estante de cosméticos.
A oleosidade natural da pele é importante para proteger o corpo do vento frio, da penetração das bactérias, fungos e vírus, além do contato com alguns alérgenos. “No frio, além da pouca sudorese e da menor ativação das células que produzem o manto hidrolipídico, temos o hábito de tomar banhos muito quentes, que ressecam ainda mais a pele e desencadeiam coceiras, aumentando a predisposição a alergias cutâneas, como dermatite de contato alérgica”, explica o dermatologista Victor Bechara.
É também durante o inverno que há maiores chances da manifestação de doenças alérgicas, como a dermatite atópica. “Condição genética e crônica, ela é caracterizada pela produção defeituosa de filagrina, componente essencial para proteção da pele contra desidratação. Apresenta como principal sintoma o eczema, irritação que pode causar prurido e descamação”, salienta o especialista. Segundo estudos, casos de eczema são vistos em cerca de 10% a 30% das consultas dermatológicas. A base do tratamento é feita com o uso de hidratantes emolientes, que ajudam a aliviar o desconforto causado pelos sintomas.
A perda da integridade da pele facilita o aparecimento da dermatite de contato alérgica. Ela pode ser considerada uma manifestação exacerbada do sistema inume ao alérgeno, ou seja, quando o organismo reconhece essa substância como um agressor, mesmo que equivocadamente. “Além da coceira e da vermelhidão, a reação pode se manifestar por meio de descamação e espessamento da pele em diferentes regiões, como pescoço, mãos, pálpebras – sendo importante reconhecer o fator causal”, ressalta. Os sintomas podem aparecer poucos minutos após o contato com o alérgeno, mas também podem demorar várias horas e até dias para se desenvolverem completamente.
Entre as substâncias que mais causam alergias estão bijuteria, produtos de limpeza (detergentes, amaciantes, alvejantes, sabão em pó) e cosméticos (esmaltes e maquiagens). “As bijuterias, normalmente, contém níquel em sua composição, que costuma ser a causa das alergias, assim como o cobalto presente em maquiagens e tintas de cabelo”, pontua o médico. Algumas pessoas também podem apresentar alergia a hidratantes e cremes mais fortes, devido a alguns componentes presentes, como corante, fragrância e conservantes.
Dependendo do quadro, o diagnóstico pode ser feito por meio do exame clínico. “O tratamento consiste, fundamentalmente, em hidratação com cremes dermatológicos apropriados, corticoide em creme ou oral e/ou antialérgicos orais. Também é fundamental que o paciente evite ao máximo o contato com a substância causadora da reação, além de não coçar a região afetada para não gerar infecções secundárias”, conclui Victor.
Por: Erica Haynes
Fonte: Dermatologista Victor Bechara: Formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pela Ludwig Maximilians University, na Alemanha, Victor é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Especialista em Laser pela Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, já trabalhou na Clínica Dr. Alexandre Filippo e no Centro Dermatológico Prof. Azulay. Atualmente, atende em consultório próprio, no Leblon.