Alergia à proteína do leite ou intolerância à lactose? Veja diferenças
Nutricionista Cris Perroni explica e dá seis dicas para quem precisa abandonar ou restringir o consumo de produtos lácteos, mas quer manter o cálcio em dia
Você sabe qual é a diferença entre alergia à proteína do leite e intolerância ou sensibilidade à lactose? Vamos entender abaixo.
Nas alergias alimentares, o sistema imunológico reage aos alimentos produzindo anticorpos, o que faz com que os mastócitos liberem histamina, responsável pelos sintomas alérgicos. Que podem ser bem graves no caso da alergia à proteína do leite, incluindo crises de asma, diarreias, sangue nas fezes e inchaço de lábios e pálpebras. Essas alergias podem ser causadas por herança genética, hábitos alimentares, doenças infecciosas, idade. Alérgicos a proteína do leite não podem consumir leite e produtos derivados do leite. É tolerância zero!
Na alergia à proteína do leite, a pessoa não pode consumir produtos lácteos nem receitas que levem leite; na intolerância à lactose, cada caso deve ser avaliado individualmente – Foto: Reprodução/Internet
A intolerância alimentar não envolve anticorpos. No caso da intolerância à lactose, ela se manifesta como a incapacidade parcial ou total para digerir a lactose. Na maioria dos mamíferos a atividade da enzima lactase diminui na parede intestinal após o desmame (hipolactasia), provocando sintomas gastrointestinais, como diarreia, constipação, dor abdominal e flatulência. A intolerância pode ser leve, moderada ou severa, e a retirada parcial ou total dos produtos lácteos ou sua substituíção pelos produtos lacfree dependerá do grau de intolerância. A intensidade dos sintomas varia dependendo da quantidade de lactose ingerida e aumenta com o passar da idade.
Já a sensibilidade à lactose é uma “queixa”: o indivíduo relata os sintomas de desconforto acima descritos, mas não tem comprovação através de exames.
Lembrando que em 100 ml de leite de vaca desnatado há cerca de 4,9g de lactose e em 100 ml de leite humano há 7g de lactose.
O que é lactose
Foto: Reprodução/Internet
Lactose é um carboidrato, hidrolisado (quebrado) em glicose e galactose pela enzima lactase. A glicose e a galactose são então absorvidas pela mucosa intestinal. Mas quando a lactose não é parcialmente ou totalmente hidrolisada, como nos casos de pessoas com intolerância a lactose, ela não é absorvida no intestino delgado e passa rapidamente para o cólon. No cólon, a lactose é convertida em ácidos graxos de cadeia curta, gás carbônico e gás hidrogênio pelas bactérias da flora, produzindo acetato, butirato e propionato. Os ácidos graxos são absorvidos pela mucosa colônica, desta forma recuperando a lactose mal absorvida para utilização energética.
Os gases, após absorção intestinal, são expirados pelo pulmão, servindo como ferramenta diagnóstica. Esta fermentação da lactose pela flora bacteriana leva ao aumento do trânsito intestinal e da pressão intracolônica, podendo ocasionar dor abdominal e sensação de inchaço no abdômen. A acidificação do conteúdo colônico e o aumento da carga osmótica no íleo e cólon, resultantes da lactose não absorvida, levam a grande secreção de eletrólitos e fluidos, além do aumento do trânsito intestinal, resultando em fezes amolecidas e diarreia
O tratamento da intolerância e da sensibilidade requer a retirada de alimentos ricos em lactose e avaliar o consumo de alimentos lacfree.
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Dicas
1. Quem tem alergia à proteína do leite precisa prestar muita atenção à leitura dos rótulos dos alimentos, pois alguns produtos ultraprocessados podem conter leite na sua composição (biscoitos, pães, embutidos…). Mesmo traços de leite, destacados em alguns produtos, podem ser perigosos;
2. A indústria adicionou enzima lactase a alguns produtos – os chamados produtos lacfree -, e quando a intolerância à lactose não é severa, seu consumo normalmente não causa desconfortos;
3. Em preparações culinárias, o leite e iogurte podem de ser substituídos por bebidas vegetais a base de soja, arroz, aveia e oleaginosas (castanha, amêndoa);
4. O uso de probióticos, alimentação mais natural e baseada em plantas e com redução ao máximo de alimentos ultraprocessados é fundamental para o sucesso do tratamento;
5. Alimentos lácteos são excelente fonte de cálcio. Por isso, é preciso atenção à retirada ou limite de ingestão para não haver carência nutricional e alteração na saúde, como osteopenia ou osteoporose. Amêndoas, castanha do Pará, avelã, vegetais verde-escuros (brócolis, couve, espinafre…) e peixes (sardinha, corvina, manjuba) também são ricos no mineral;
6. A exposição à luz solar para aumentar níveis de vitamina D é importante, pois a vitamina D auxilia na fixação do cálcio nos ossos.
Referência:
Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular.
Por: Cris Perroni – Rio de Janeiro
Fonte: Cris Perroni, Nutricionista formada pela UFRJ, pós-graduada em obesidade e emagrecimento, com especialização em nutrição clínica e em nutrição esportiva
Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/post/2023/10/30/qual-a-diferenca-entre-alergia-a-proteina-do-leite-e-intolerancia-a-lactose.ghtml