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Aditivos alimentares: conheça os tipos e riscos do consumo excessivo

A todo momento você escuta e lê que deve consumir alimentos naturais em vez dos processados. Essa orientação ocorre, em partes, devido aos aspectos nutricionais dos produtos industrializados, que muitas vezes são ricos em sódio, açúcares e gorduras, além de conter aditivos que conferem sabor e conservam o alimento, mas ingeridos excessivamente podem impactar nossa saúde.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) considera como aditivo alimentar “todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos sem o propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”. Estas substâncias podem ser de origem natural ou sintética, normalmente sem valor nutricional considerável, ou seja, não contribuem com a oferta de calorias ou nutrientes.

Apesar de o uso de aditivos alimentares ser liberado, é importante que você seja mais consciente sobre eles, conhecendo seus tipos, suas doses máximas e também os seus efeitos no organismo, uma vez que as pesquisas ainda são inclusivas com relação ao seu consumo a longo prazo.

Aditivos são usados para aumentar a validade e até conferir sabor e cor aos alimentos industrializados Foto: Internet

A globalização e desenvolvimento socioeconômico foram fatores que influenciaram diretamente na maior utilização destes aditivos nos alimentos, uma vez que neste cenário mundial, grande parte dos alimentos provenientes de regiões distantes precisavam se manter íntegros nos processos de transporte e armazenamento. Outros fatores como a rotina da vida moderna e maior praticidade, rapidez, durabilidade e boa aceitação impulsionaram o consumo dos alimentos industrializados, que passaram a estar presentes com frequência no cardápio da família, inclusive de crianças.

A principal discussão do dia é: qual é a segurança no consumo destes produtos? Na literatura ainda temos controvérsias entre a necessidade e a segurança de seu uso principalmente quanto aos riscos toxicológicos potenciais decorrentes da ingestão cotidiana.

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Os tipos de aditivos

Vamos conhecer abaixo os principais aditivos que podemos encontrar nos alimentos e os seus principais objetivos de utilização:

ACIDULANTE Adicionado para aumentar a acidez do alimento (inclusive do sabor). Exemplos: Ácido acético, ácido cítrico, ácido tartárico e ácido lático.

ANTIOXIDANTE Evita processos de oxidação dos alimentos, preservando características e mantendo a sua vida útil. Entre os sintéticos temos o ácido ascórbico e o ácido eritórbico.

ANTIUMECTANTE Apresenta grande afinidade com a água, conseguindo, portanto, reter a umidade livre do alimento, o que aumentará a sua vida útil. Ex: dióxido de silício, carbonato de cálcio e alumínio silicato de sódio.

UMECTANTE Substância que evita que o alimento perca umidade. São eles que capturam a umidade do ambiente e impedem que o produto fique ressecado. Ex: glicerol, sorbitol, lactato de sódio.

CONSERVANTES Desempenham a função per si, ou seja, aumentam a vida de prateleira do produto. O uso de nitritos e nitratos com estas finalidades são contraindicados e cada vez menos adotado.

CORANTES Como o próprio nome diz, promovem cor ao alimento e podem ser sintéticos ou naturais. Falaremos mais adiante.

EDULCORANTES Naturais ou sintéticos, são utilizados para conferir sabor doce ao alimento, em substituição ao açúcar. Podem ser naturais ou artificiais, calóricos ou não calóricos e temos: aspartame, ciclamato de sódio, sacarina, estévia, sucralose.

ESPESSANTES Utilizados com a finalidade de modificação da consistência do alimento, promovendo maior viscosidade. São carboidratos naturais como goma xantana e ágar-ágar.

FLAVORIZANTES Adicionam aroma e intensificam o sabor. Alguns exemplos de flavorizantes são o acetato de etila, que confere o aroma e sabor de maçã, o butanoato de butila, que confere o aroma e sabor de morango e o etanoato de isopentila, aroma e sabor de pera.

ESTABILIZANTES Promovem estabilidade estrutural ao alimento, garantindo maior integridade. Frequentemente são gorduras, produzidas a partir de óleos vegetais, como a lecitina de soja. Os estabilizantes mais utilizados são os alginatos, a caseína, a goma guar e a goma xantana.

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Quais os efeitos dos aditivos no organismo

Temos mais estudos clínicos com os edulcorantes e os corantes, sendo esses últimos um grupo presente há muito tempo em nossa alimentação. Existem evidências de seu uso em alimentos na China, Índia e Egito cerca de 1500 a.C. Na atualidade, alguns destes corantes estão sendo substituídos por pigmentos naturais, que são mais seguros, principalmente para crianças, gestantes e nutrizes, grupos considerados de maior vulnerabilidade e risco.

Dentre os corantes artificiais encontramos: azoamarelo tartrazina (amarelo nº 5), amarelo crepúsculo (amarelo nº 6), Bordeaux S (amaranto ou vermelho nº 2) e Ponceau 4R (vermelho nº 4), a eritrosina (vermelho nº 3) e o indigocarmim (azul nº 2). Já entre os naturais destacam-se o urucum, bastante utilizado no Brasil. Fique atento à presença destes aditivos quando for comprar alimentos para os seus filhos, para gestantes, nutrizes e idosos, pois quanto menor for a sua ingestão, mais seguros de possíveis efeitos prejudiciais e acumulativos estarão esses grupos.

Estudos preliminares ainda inconclusivos apontam uma correlação provável em crianças menores de 3 anos sobre uso de corantes e hiperatividade, urticárias e reações imunológicas, trazendo estas prováveis intercorrências a serem investigadas nos demais grupos de risco já mencionados aqui. No caso das crianças, os sistemas digestivo e urinário ainda não estão totalmente preparados para digerir e eliminar essas substâncias, o que pode contribuir para as manifestações já descritas. Sabemos também que alguns destes corantes apresentam uma capacidade de ligar-se às proteínas do corpo podendo contribuir, junto a demais fatores, com o desenvolvimento de reações inflamatórias com maior vulnerabilidade no intestino e na imunidade.

Com relação ao uso de antioxidantes, algumas pesquisas demonstram que o consumo destes parece estar relacionado ao aumento de cálculos renais, ação tóxica sobre o fígado, reações alérgicas, descalcificação óssea e redução da absorção do ferro, porém não sabemos ao certo quem são os vulneráveis e as quantidades consumidas.

Outras substâncias que merecem destaque e atenção são os edulcorantes utilizados nos adoçantes. Destaca-se nesse grupo o aspartame e os produtos produzidos a partir de sua metabolização em nosso organismo (fenilalanina, ácido aspártico e metanol), já que muitas pessoas relatam a ocorrência de dor de cabeça com o seu consumo. Pesquisas estão em andamento para confirmar ou não a associação desta substância com a ocorrência de depressão, reações alérgicas, desenvolvimento de tumores, Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla.

O grande ponto de discussão nestes casos e especificamente destas substâncias vem pelo fato de que a maior parte dos edulcorantes já possuem dose diária admissível, sendo no caso do aspartame = 40 mg/kg peso/dia, segundo a Organização Mundial de Saúde, sendo raro o alcance desta quantidade diária. Porém, não sabemos ao certo os efeitos em médio e longo prazo desses aditivos, levando em consideração que eles estão extensamente presentes na maior parte dos alimentos. Com relação a sacarina, os resultados de estudos anteriores suscitaram controvérsia, principalmente durante a fase da gestação, uma vez que este edulcorante atravessa a placenta e mantém-se na corrente sanguínea devido ao metabolismo mais lento do feto e em contato com ele.

Logo, todo cuidado e moderação no consumo destes agentes são necessários. Portanto, crie o hábito de ler o rótulo e conhecer profundamente o que está comendo, tornando-se mais crítico e cauteloso, de forma a minimizar impactos negativos em sua saúde a médio e longo prazo.

Colaboração da nutricionista comportamental e clínica na clínica 12 semanas Dra. Samantha Rhein (UNIFESP)

Referências

– ROCHA GARCIA, C.E, et al., CARACTERÍSTICAS E SEGURANÇA DO GLUTAMATO MONOSSÓDICO COMO ADITIVO ALIMENTAR: ARTIGO DE REVISÃO. Visão Acadêmica, Curitiba, v.12, n.1, Jan. – Jun./2011 – ISSN 1518-5192.

– RUCKL, S et al., Uso abusivo de aditivos alimentares e transtornos de comportamento: há uma relação? International Journal of Nutrology, v.9, n.2, p. 209-215, Mai / Ago 2016. – ROMEIRO, S; DELGADO, M. Aditivos Alimentares: Conceitos Básicos, Legislação e Controvérsias. REVISTA NUTRÍCIAS 18: 22-26, APN, 2013.

– ANVISA. Lei no. 9782, de 26 de janeiro de 1999 – Portal.anvisa.org.br.

Por: Paola Machado

Fonte: Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias – Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

Organização Mundial de Saúde ( OMS )

Transcrito: https://paolamachado.blogosfera.uol.com.br/2020/05/29/aditivos-alimentares-conheca-os-tipos-e-riscos-do-consumo-excessivo/

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