A influência dos aspectos emocionais no reganho de peso pós-bariátrica
Tema é apresentado no Congresso da Academia Internacional de Transtornos Alimentares, em Nova Iorque
Em um país com 32 milhões de obesos, a cirurgia bariátrica tornou-se um dos principais métodos para o controle da obesidade. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a procura pela cirurgia aumentou 47% em apenas cinco anos. Atualmente, o Brasil só está atrás dos Estados Unidos no ranking mundial da cirurgia metabólica.
De modo geral, a cirurgia bariátrica consiste na diminuição de uma parte do estômago de forma isolada ou em associação com o “encurtamento” do intestino, com o objetivo de diminuir a quantidade de calorias absorvidas e favorecer a perda de peso. Ela é uma alternativa que implica resultados mais eficientes, mas nem sempre definitivos. “Dados apontam que cerca de 40% dos pacientes que se submeteram a essa intervenção podem apresentar algum grau de reganho de peso, incluindo a recuperação total do que foi perdido”, explica a psiquiatra Maria Francisca Mauro.
Em trabalho apresentado no Congresso da Academia Internacional de Transtornos Alimentares, em Nova Iorque, a especialista relaciona a influência dos aspectos emocionais com o reganho de peso após a cirurgia bariátrica. “Compulsão alimentar, traços de impulsividade e sintomas depressivos são os principais comportamentos associados às chances de recuperação do peso”, esclarece a médica. Essas reações podem influenciar a forma em que a pessoa come, aumentando as chances de um “descontrole” na ingestão de alimentos calóricos.
A pesquisa foi realizada a partir de dados de pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo mostrou que tais comportamentos citados foram identificados em maior proporção no grupo de pacientes que apresentaram o reganho de peso. Evidenciou-se a presença de reganho de peso em 73,2 % dos entrevistados, o que ressalta ser comum a recuperação de peso após a cirurgia metabólica.
O tema serve para reforçar a importância do acompanhamento junto ao médico psiquiatra, que é parte indispensável da equipe multidisciplinar do paciente pós-bariátrica. “Todos os sintomas devem ser avaliados corretamente. A investigação do perfil comportamental ajuda a tratar e prevenir o possível retorno do peso”, pontua Dra. Maria Francisca. Lembrando que o reganho também acarreta a volta de condições vinculadas à obesidade, como hipertensão, diabetes e outros problemas de saúde.
Por: Lorraine Palmier
Fonte:. Psiquiatra Maria Francisca Mauro: Médica especialista em Psiquiatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maria Francisca atua como Psiquiatra especializada na área de Transtornos Alimentares e Obesidade. Faz parte da Associação Brasileira de Psiquiatria.ema é apresentado no Congresso da Academia Internacional de Transtornos Alimentares, em Nova Iorque