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54% dos casos de demência na América Latina são evitáveis, revela estudo da USP

Inatividade física é um dos principais fatores de risco, segundo a pesquisa

Mais da metade dos casos de demência na América Latina são evitáveis, revelou estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado na revista The Lancet Global Health. A partir de dados de pacientes em Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Honduras, México e Peru, o estudo identificou que 54% dos casos de demência são atribuíveis a fatores de risco modificáveis. O índice está acima da média mundial, de 40%.

Fatores de risco modificáveis são condições que podem ser alteradas no estilo de vida ou com acesso a tratamentos médicos. Ou seja, podem ser prevenidas.

Os principais fatores de risco para demência evitável, identificados no estudo, são a obesidade, a inatividade física e a depressão.

Outros fatores de risco estudados foram baixa educação, perda auditiva, hipertensão, tabagismo, isolamento social, diabetes, consumo excessivo de álcool, poluição do ar e lesão cerebral traumática.

Demência tem fatores de risco evitáveis – Foto: (Reprodução/Internet)

Especificamente no Brasil, os principais fatores de risco são baixa educação, hipertensão, perda auditiva e obesidade.

A prevalência de baixa escolaridade atingiu 63,5% na Bolívia e 46,7% no Brasil. A hipertensão foi menos comum na Bolívia (3%) e mais prevalente no Brasil (46,4%).

O consumo excessivo de álcool foi menor no Brasil (4,3%) e maior na Argentina (32,8%). O Brasil também apresentou o índice mais baixo no fator isolamento social (1,6%) e a Bolívia o mais alto (64,2%). Honduras teve a maior taxa de tabagismo (86,9%) e Peru a menor (58,3%). Já a poluição do ar foi menos prevalente no Peru (47,6%) e mais comum no Chile (86,2%).

Obesidade, depressão e inatividade física foram mais consistentes, exceto no Peru e México, onde a depressão (4,4%) e a inatividade física (17,7%) foram mais baixas.

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— Esses são fatores relacionados ao estilo de vida, e a ideia da análise é isolar cada um para identificar o potencial de prevenção de demência. Por exemplo, quando a atividade física é realizada de forma regular, melhora a saúde vascular, que promove uma melhor nutrição e oxigenação cerebral. A obesidade pode estar relacionada às demências por meio da promoção de neuroinflamação — detalhou a líder da pesquisa, Claudia Kimie Suemoto, professora de Geriatria na FMUSP.

— Demências possuem potencial alto de prevenção. Se a gente pensar em termos de porcentagem e de saúde pública, temos exemplos positivos de políticas públicas relacionadas à diminuição da prevalência dos fatores de risco. Na Argentina, a baixa educação não é prevalente, por políticas públicas que diminuíram esse índice no passado. Outro ponto importante está relacionado ao tabagismo. Praticamente nenhum país da América Latina apresenta relação atribuível muito alta, porque existem políticas há muito tempo inibindo o uso de cigarro, proibindo consumo em ambientes fechados ou com a taxação sobre o produto — contextualizou a pesquisadora.

Coletadas entre 2015 e 2021, as amostras do estudo variaram de 5.995 a 107.907 participantes, com idades a partir dos 18 anos.

— Essa é a primeira vez que uma região inteira tem um estudo tão robusto. Não existe nada parecido na Europa nem na Ásia, que também são conjunções de países, como é a América Latina.

A demência resulta de uma variedade de doenças e lesões que afetam o cérebro. O Alzheimer é a forma mais comum de demência e pode contribuir para 60% a 70% dos casos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 55 milhões de pessoas têm demência ao redor do mundo e mais de 60% dos casos se concentram em países em desenvolvimento. A OMS espera que, em 2025, o número de casos aumente para mais de 150 milhões.

No Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas têm demência, com grande parte dos casos ainda não diagnosticados, e que a maioria depende do cuidado oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A demência não afeta exclusivamente pessoas mais velhas. A OMS calcula que até 9% dos casos tiveram início precoce (antes dos 65 anos).

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Por: Redação do EU Atleta — São Paulo

Fonte: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

Claudia Kimie Suemoto, professora de Geriatria na FMUSP.

Organização Mundial da Saúde (OMS)

Sistema Único de Saúde (SUS)

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2024/10/23/54percent-dos-casos-de-demencia-na-america-latina-sao-evitaveis-revela-estudo-da-usp.ghtml

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