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1200 calorias é o número “mágico” para perda de peso?

Essas dietas se baseiam no déficit calórico para promover o emagrecimento.

não é de hoje que as dietas de 1.200 calorias são buscadas por pessoas que querem emagrecer. Isso porque, além de ser um método simples – afinal, basta não consumir mais do que essa quantidade por dia –, ele usa uma das técnicas mais conhecidas para manter o controle de peso: o déficit calórico.

Por mais prática e fácil que pareça, contudo, essa abordagem pode causar uma série de riscos para a saúde, além de levantar algumas bandeiras vermelhas.

“A maioria das pessoas consegue entrar em déficit calórico, ou seja, comer menos calorias do que o seu corpo gasta, com a quantidade de 1200 kcal por dia. Contudo, nem para todas as pessoas essa restrição é adequada”, alerta a nutricionista Larissa Duran, de Amparo, São Paulo.

A seguir, saiba tudo sobre a relação entre as 1.200 calorias e o processo de emagrecimento.

COMECE COM O BÁSICO

Foto: Reprodução/Internet

A maioria das pessoas precisa de mais de 1.200 calorias por dia. Na verdade, é algo entre 1.600 e 3.000 por dia, dependendo da idade, sexo, nível de atividade e estado de saúde.

“Para um homem com 1,80 de altura e 99 quilos, por exemplo, uma dieta de 1200 calorias seria uma restrição muito agressiva, o que pode levar à perda de massa muscular, carência de vitaminas e minerais,entre outros problemas”, aponta Larissa.

Junto a esse exemplo, pessoas ativas, lactantes, mulheres grávidas, pessoas com corpos maiores, com certas condições médicas e tantos outros casos também costumam precisar de mais calorias diárias.

Sendo assim, manter em apenas 1.200 é muito pouco e pode resultar em fraqueza, desnutrição ou desaceleração do metabolismo. Normalmente, um paciente que busca emagrecer será orientado pelos profissionais a diminuir sua ingestão diária em algumas centenas de calorias a princípio, para começar um processo saudável e sem medidas radicais.

“Também podemos pensar que, para algumas pessoas, um plano de 1200 calorias também poderia ser uma dieta de manutenção de peso, pensando em indivíduos sedentários, de baixa estatura e baixo peso, onde o gasto energético diário não é tão elevado. Por isso, o gasto energético deve ser calculado individualmente e não de maneira generalista”, completa ela.

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A DIETA DE DÉFICIT CALÓRICO FUNCIONA?

De acordo com um estudo de 2018, dietas de déficit calórico como a de 1.200 calorias podem levar a uma diminuição da gordura corporal e dos fatores de risco cardiovascular, além de ajudar no controle glicêmico e oferecer melhorias na função hepática e renal.

“Por ter seu benefício relacionado à redução da gordura corporal, todas as melhoras no metabolismo, como a redução de riscos cardiovasculares, a melhora da resistência à insulina e esse auxílio no controle glicêmico, por exemplo, estão associados ao método”, explica Larissa.

“Porém, a qualidade dessa alimentação também influencia, uma vez que só a restrição calórica sem a qualidade alimentar não oferecerá benefícios, mas sim maléficos como uma baixa oferta de nutrientes,queda da imunidade e perda de massa muscular”.

Claramente, há mais neste plano alimentar do que apenas perda de peso. E é importante lembrar disso, porque – diga-se de passagem – o peso por si só não é um indicador de saúde.

A pesquisa também sugere que dietas de baixa caloria podem reduzir os níveis de hemoglobina glicada em adultos com diabetes tipo 2 e melhorar a sensibilidade à insulina e adiposopatia (também conhecida como “gordura doente”, uma condição endócrina nas células adiposas).

Já uma pesquisa de 2019 apontou que combinar a dieta de déficit calórico com treinamento intervalado foi mais eficaz na redução do risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares do que seguir apenas a dieta
sozinha.

Por fim, outro estudo encontrou melhorias nos níveis de hormônio tireoidiano dos participantes avaliados,
juntamente com a redução do IMC, quando esse tipo de dieta foi combinado aos exercícios.

O problema, contudo, está na facilidade em recuperar o peso após uma dieta de baixa caloria.

“Geralmente isso acontece por dois fatores. O primeiro é quando a dieta foi extremamente restritiva – muito mais do que deveria. Já o segundo é por motivos comportamentais e emocionais, quando a pessoa aprende apenas a seguir a dieta temporariamente e não melhora seu comportamento alimentar, ou, então, ela direciona as emoções para a comida, o que deve ser tratado com psicólogo e/ou psiquiatra”, explica a nutricionista.

“Esse ganho de peso após a perda não é interessante para o corpo, pois ele acaba se mantendo sempre nesse ciclo de efeito sanfona, que agride bastante o metabolismo” aponta.

Além disso, muitas das pesquisas disponíveis foram feitas em animais, e a maioria dos estudos em humanos inclui dados de apenas algumas semanas ou meses. Sendo assim, não há dados confiáveis para provar que a perda de peso pode ser sustentável.

CONTRAINDICAÇÕES DA DIETA HIPOCALÓRICA

Foto: iStock

Não é apenas sobre o quanto você come, mas também o que está consumindo, porque quando ingerimos menos calorias, é mais difícil obter os nutrientes essenciais para o organismo.

“Não basta só ‘bater as calorias’, também é necessário atingir os níveis de macro e micronutrientes, sendo eles carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras”, ressalta a profissional.

Se todas as calorias vêm de biscoitos e batatas fritas, por exemplo, você pode ficar desnutrido – e esse é mais um bom motivo para sempre checar os rótulos nutricionais e conversar com um profissional antes de começar qualquer dieta. Não tente isso se:

– Você já está com um peso corporal baixo;

– Seu período foi MIA devido ao baixo peso ou comer muito pouco;

– Você tem ou teve um distúrbio alimentar;

– Você tem deficiências nutricionais ou desequilíbrios;

– Você está grávida ou amamentando;

– Seu médico já disse que isso é uma má ideia;

– Você é uma criança.

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COMO FAZER DIETA DE DÉFICIT CALÓRICO

“A dieta hipocalórica é a fórmula correta para o emagrecimento, mas sempre pensando que essa restrição deve estar adequeada para o gasto energético individual – ou seja, ela deve ser feita de forma única para cada pessoa”, alerta Larissa.

Se você e o profissional que te acompanha concordam que uma dieta de 1.200 calorias é uma opção saudável para o seu caso, um pouco de planejamento pode tornar tudo mais suportável.

Para isso, analise bem a linha do tempo da sua fome, não tente guardar todas as suas calorias para o final do dia, considere os horários do dia em que você geralmente sente mais vontade de comer e planeje as refeições de acordo com eles.

Além disso, se mantenha sempre hidratado, pois é comum que as pessoas busquem por comida quando estão com sede, em vez de fome. Então primeiro beba água, espere alguns minutos e depois coma se ainda estiver com fome.

Também não é indicado passar fome para ficar dentro do consumo diário ou exagerar nos exercícios físicos, uma vez que atitudes extremas podem significar que você corre o risco de ter um distúrbio alimentar. Portanto, se você ficar preocupado com sua relação com a comida, pare e procure seu médico.

Por fim, mantenha sua alimentação emocional sob controle. Não há nada de errado em comer seus e sentimentos às vezes – só não torne isso um hábito!

Por: Ana Paula Ferreira

Fonte: Larissa Duran, nutricionista de Amparo, São Paulo.

Transcrito: https://boaforma.abril.com.br/alimentacao/1200-calorias-perda-de-peso/

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